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COMEÇAR E TERMINAR
Acadêmico: Gabriel Chalita
Em artigo publicado no jornal Diário de S. Paulo, dia 17 de abril, Gabriel Chalita fala sobre o imediatismo e o tempo necessário para todas as coisas.




Os tempos rápidos em que vivemos ampliam uma angústia que é comum nos jovens. Cobranças de resultados. Na família. Na escola. Nas primeiras atividades profissionais. As razões são muitas.
Medo de não dar certo. De fracassar. De ter feito a escolha errada. Isso faz com que muitos pulem de galho em galho sem antes experimentar o fruto que há naquela ocupação. Assim, também, nos namoros e nas relações afetivas. Tudo muito descartável. Tudo aligeirado pelo tempo do agora. Do online. Do imediato. Do instantâneo
Começa-se um trabalho, em um escritório, e já se está pronto para novas empreitadas. Não há mais o tempo da permanência. Não há mais o tempo da aderência. Começa-se um curso de inglês e, depois, muda-se para o espanhol ou mandarim sem concluir nenhum deles. Alguém disse que o mercado está buscando profissionais que tenham o domínio do mandarim? Então, o melhor a fazer é abandonar o inglês ou o alemão ou o francês. E se outra informação, em sentido contrário, vem muda-se novamente. Uma nova língua precisa de um tempo para ser assimilada. Um emprego, também. E, assim, com os cursos. É preciso terminar o que se começa. Cumprir um ciclo. Realizar um trajeto cognitivo, social e afetivo nas aprendizagens que nos propomos a absorver.
Quantos se matriculam em academias de ginástica, pagam o ano inteiro e desistem no início? Quantos iniciam um curso universitário e, depois, pedem transferência para outro ou abandonam? Quantos desistem de um amor porque não dão chance ao tempo de desvelamento do outro? Sentem-se frustrados, apressadamente, porque não era exatamente o que imaginavam! Calma. É preciso de tempo para se saber. Em todas as áreas, haverá prazeres e desgostos. É preciso estar preparado para o penoso e prosseguir. Depois das inclinações, há tempos para contemplação. O cenário que se vê, de cima do topo das nossas vocações, há de compensar o esforço. E surpreender.

Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 17/04/2016.




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