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COMO VAI NOSSA TRANSIÇÃO?
Acadêmico: José Renato Nalini
A emissão dos gases venenosos causadores do efeito-estufa põe em risco a sobrevivência da humanidade.

Como vai nossa transição?

O grande vilão no século 21 é o carbono. A emissão dos gases venenosos causadores do efeito-estufa põe em risco a sobrevivência da humanidade no único planeta até agora disponível para ela. Por isso é que a transição energética passou a ser o assunto do momento.

Os Estados Unidos estão atentos a isso. A Lei de Redução da Inflação – IRA, do Presidente Joe Biden é considerada a mais significativa norma inserida no conceito de legislação climática. São cerca de 369 bilhões de dólares em isenções fiscais e subsídios para a tecnologia de energia limpa nesta década.

Isso fez com que indústrias europeias tenham desistido de instalar na União formada por países do Velho Continente para virem cuidar de implementação nos Estados Unidos. Os países mais adiantados são os que mais evidenciam a exata compreensão do momento histórico e das oportunidades que ele abre. As baterias essenciais para as redes de energia verde e carros elétricos são fabricadas pela China, que detém oitenta por cento da capacidade mundial de produção. Os Estados Unidos ameaçam boicote à China, que registrou acelerado crescimento nas consideradas “três novas indústrias” do presente: a produção de baterias, de veículos eletrificados e a capacidade de geração de energia solar e eólica.

A Europa só produz menos de três por cento dos painéis solares necessários para chegar à meta de 42,5 da energia gerada por fontes renováveis até 2030. Por isso a dependência da China. Esta subsidiou suas indústrias de tecnologia limpa, que aumentaram sua capacidade muito além da demanda interna. Precisam exportar.

O Brasil já provocou incidentes com a China há alguns anos. Hoje, não pode continuar a hostilizar esse país que pode nos mostrar como é que se reduz drasticamente a pobreza, depois de ter eliminado a miséria. Ao contrário, precisa estar ao lado da China, que ao perceber o boicote americano, está levando suas indústrias para a Ásia, mais diretamente o Vietnã e a Malásia. Sabe-se que a China investe maciçamente na África. E precisa investir também no Brasil.

O Brasil é considerado promissor na descarbonização, porque já tem percentual considerável de energia produzida de forma limpa. Temos o etanol, que poderia ser exportado em quantidade maior para a China. Temos a energia eólica e solar. Tateamos na busca do hidrogênio verde, mas também podemos ter energia da biomassa, do biometano, do biogás enfim.

Os chineses têm habilidade para trabalhar com os outros países. E o Brasil precisa se aproveitar disso. Recursos parecem não faltar. O BNDES vai investir quinhentos milhões de reais em um fundo de infraestrutura gerido pelo Pátria Investimentos, uma gestora especializada em investimentos alternativos na América Latina. Há mais quinhentos milhões trazidos pelo IFC – International Finance Corporation, que faz parte do Grupo Banco Mundial, Banco de Desenvolvimento da América Latina e do qual também participam outros investidores institucionais.

O dinheiro é para projetos ligados à transição energética, além de saneamento, logística e transporte, mobilidade urbana e telecomunicações. Há ideia de captação de até cinco bilhões a um prazo mais longo. E esse Fundo se destina a financiar pequenos e médios projetos de infraestrutura. Oportunidade ímpar para jovens que são engenhosos e criativos e podem idealizar projetos factíveis, sobretudo nos quatro eixos que também inspiram o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento: transição e segurança energética, cidades sustentáveis e resilientes, água para todos e transporte eficiente e sustentável.

Quando se fala em cidade sustentável e resiliente, pensa-se logo em cidade coberta de verde. O planeta precisa de um trilhão de árvores novas, para que elas possam continuar a exercer o fundamental papel de absorverem os gases formadores do efeito estufa, devolvendo oxigênio puro à atmosfera. Pensar em projetos que tenham escala na arborização das cidades brasileiras é o repto que se lança à juventude, seja universitária, seja do Ensino Médio, ou até fundamental. É urgente demonstrar a todas as pessoas que, se não fizermos rapidamente a transição energética, seremos envenenados pelo gás carbônico e demais substâncias expelidas pelos veículos movidos a combustível fóssil. Não é isso o que queremos deixar para as futuras gerações. Cuidemos todos de nossa transição energética.

Publicado no Estadão/Blog do Fausto Macedo, em 18 03 2024



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