Compartilhe
Tamanho da fonte


OS CAMPOS BONITOS DA VIDA
Acadêmico: Gabriel Chalita
Amar ou armar? É de dentro para fora que as decisões decidem paz. É de dentro para fora que se conhecem, que se preservam os campos bonitos da vida.

Os campos bonitos da vida


Amar ou armar?

Palavras tão próximas.
Uma letra apenas.
As duas são verbo.
Verbo é ação.
Uma palavra é jardinagem nos campos bonitos da vida.
A outra é sabotagem da própria vida.

Armar uma criança é impedir a pureza do seu brincar.
É sujar a água próxima à fonte.
Armar uma criança é roubar dela a criança. A criança que, se não fossem armas, amariam.
Uma criança que ouve ódios repete ódios. Uma criança criada para o matar poderá matar.
Mar de insanidades esses tempos.
Crianças ressurgindo de escombros e pedindo mãe. Mãe já morrida por adulto armado. Adulto armado por líder que não é líder. Se líder fosse, amaria. A sua gente. As gentes todas. Líderes têm responsabilidade e respeito. Têm autoridade intelectual, moral e humana.
Líderes convencem os desejos menores, como os de armar, a compreender que os sentimentos maiores, como o de amar, é que perpetuam humanidades. Líderes amam crianças, porque crianças são florescimentos que perfumam amanhãs. Líderes protegem crianças.

Crianças estão morrendo por armas espalhadas. Morrendo antes de experimentar os campos bonitos da vida.
Sem crianças, não há campos. Há campos mortos pelas ausências.
Uma criança não amada não é uma criança. É uma vida desperdiçada.

Os barulhos dos adultos escondem os adultos. E, com eles, as verdades. Os barulhos dos adultos criam verdades que não são verdades. São armas. Armas que matam. Dos dois lados. “Matam” é palavra que pode ser lida da direita para a esquerda e da esquerda para direita. Será sempre “matam”.

Os sangues jorrados das crianças que vivem à direita ou à esquerda são os mesmos.
As lágrimas que choram as crianças de um lado ou de outro são as mesmas lágrimas.
O amor, também.
A cena de uma mãe amamentando o seu filho é linda em qualquer dos lados. Ou dos pais brincando de felicidades e contando as histórias que contam o amar e não o armar. O que nos traz paz são cotidianos de paz. Por que então a guerra? A guerra é sempre um fracasso. Um fracasso do amar.

O amar é verbo que une, que explica o que somos, ajudantes uns dos outros no caminhar. Não há caminhar solitário. Nascemos de encontros e nos encontramos, quando ajudamos uns aos outros.

A chuva ajuda a terra que ajuda a árvore que ajuda os pássaros a cantar. Cada canto sabe o seu canto.
E o canto dos homens?
O canto dos homens é o canto da liberdade.
É o canto que escolhe amar ou que, desencantado, cai no armar.

Amar ou armar?
Palavras tão distantes.
Um deslize, apenas.
Na não compreensão da humanidade.
Da humanidade que ganhou de presente os campos bonitos da vida.

Bonito é ver as crianças amarem. É ver os sorrisos que brotam desse amor. É ver as mãozinhas miúdas de diferentes povos povoando de felicidade a vida.

Amar ou armar?
É de dentro para fora que as decisões decidem paz.
É de dentro para fora que se conhecem, que se preservam os campos bonitos da vida.

Publicado no site do jornal O Dia, em 22 10 2023



voltar




 
Largo do Arouche, 312 / 324 • CEP: 01219-000 • São Paulo • SP • Brasil • Telefone: 11 3331-7222 / 3331-7401 / 3331-1562.
Imagem de um cadeado  Política de privacidade.