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JOÃO MENDES, JUIZ EM JUNDIAÍ
Acadêmico: José Renato Nalini
João Mendes - desconheço se Jundiaí tem alguma rua, logradouro ou qualquer bem público que leve o seu honrado nome.

João Mendes, juiz em Jundiaí

Pouca gente sabe que João Mendes de Almeida, maranhense nascido aos 22 de maio de 1831, na antiga Vila de Caxias, no Maranhão, foi Juiz em Jundiaí. Nossa cidade é muito antiga. Data do século XVII a sua formação. Muita coisa se perdeu, principalmente porque a existência de Juízes que aqui judicaram, seus nomes e períodos de exercício, não coincidem com a criação de comarca, que foi bem posterior.

Esse antigo Magistrado tem uma vida interessante. Quando da "Balaiada", os rebeldes entraram em Caxias e João Mendes, então com 8 anos, teve de acompanhar o pai, preso junto com outros chefes conservadores. Assim que a rebelião foi debelada, a família voltou a Caxias.

Depois de estudar humanidades em São Luís, ingressou na Academia de Direito de Olinda em 1847. Mas houve um motim e ele foi envolvido e suspenso por seis anos. O próprio diretor da Faculdade, o Visconde de Goiana, por conhecê-lo bem, recorreu de ofício ao Conselho de Estado, que absolveu João Mendes. Magoado com o episódio, transferiu-se para São Paulo. Matriculou-se no 5º ano e colou grau em 5.11.1853.

Exerceu o jornalismo, a política e a advocacia. Era conservador e um fervoroso católico. Deputado em três legislaturas, chefe do Partido Conservador, era um exímio polemista. Na política e no jornalismo, teve de enfrentar batalhas verbais com José Bonifácio de Andrada e Silva, seu irmão Martim Francisco e com o Conselheiro Crispiniano.

Casou-se em 1855 com Ana Rita Fortes Leite Lobo, de tradicional família paulistana. Morava num sobradão no Largo de São Gonçalo e ele era tão prestigiado e recebia tantas visitas, que o espirituoso Luiz Gama apelidou a residência de "Vaticano". Esse Largo, onde ainda existe a Igreja dedicada a São Gonçalo, hoje se chama "Praça João Mendes" e é muito frequentada pelo mundo jurídico. No Forum "João Mendes", funcionam as Varas Centrais Cíveis da capital e por ele circulam, diariamente, milhares de pessoas. Já se fez uma pesquisa que apurou, há alguns anos, que essa frequência equivalia a uma cidade da dimensão de Valinhos.

Pois João Mendes de Almeida, esse prestigiado maranhense de tantos talentos, era irmão do Senador Cândido Mendes de Almeida e pai do Dr. João Mendes de Almeida Júnior, Professor da Faculdade de Direito da USP, considerado um dos maiores jurisconsultos brasileiros. O nome da praça é em homenagem ao pai, não ao filho. Aliás, o nome "João Mendes" vai se repetindo na família. Um excelente magistrado, que judicou em Campinas e lecionou na PUCC, também se chamava João Mendes e, na imaturidade dos calouros, houve quem pensasse que ele era o próprio jurista que já fora entronizado na Praça da Capital.

João Mendes de Almeida publicava artigos nos jornais do Rio de Janeiro, então a capital do Império, como o "Jornal do Comércio", e, em São Paulo, colaborava frequentemente com "A Ordem", "A Sentinela", "A Lei" e "Opinião Conservadora". Abordava todos os assuntos, mas não deixava de explicitar sua catolicidade. Sua orientação era ortodoxa, inflexível, absolutamente católica.

João Mendes de Almeida faleceu em São Paulo, aos 16 de outubro de 1898 e legou à posteridade um respeitadíssimo nome, fama ética inquebrantável e muitos escritos de grande valor, como "Algumas Notas Genealógicas" e o "Dicionário Geográfico da Província de São Paulo".

Desconheço se Jundiaí tem alguma rua, logradouro ou qualquer bem público que leve o seu honrado nome.

Publicado no Jornal de Jundiaí, em 06 07 2023



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