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ALVÍSSARAS: UM PACOTE VERDE
Acadêmico: José Renato Nalini
O chamado "Plano de Transição Ecológica" tem seis eixos. Incentivos econômicos aptos a consolidar o mercado de carbono e o lançamento de títulos verdes.

Alvíssaras: um pacote verde

Os brasileiros aflitos com o aquecimento global e com a continuidade da política antiambiental disseminada em setores múltiplos, se animam com a promessa do Ministro Fernando Haddad de produzir um "pacote verde". Cumprimento do compromisso do novo governo, para recuperar a reputação tupiniquim, depois de ser transformada em "Pária Ambiental".

O chamado "Plano de Transição Ecológica" tem seis eixos. Incentivos econômicos aptos a consolidar o mercado de carbono e o lançamento de títulos verdes. Adensamento tecnológico do setor produtivo, com incentivos destinados à intensificação da participação da indústria no processo de transição para a economia de baixo carbono. Produção de painéis solares, integração entre Universidade e empresas, pesquisas para o aumento da produção do hidrogênio verde e outras boas notícias.

Um terceiro bloco está a contemplar a bioeconomia. Tudo o que a floresta brasileira sempre produziu de forma espontânea e gratuita, poderá ter valor agregado e competir no mercado externo. Os míseros e ridículos 0,17 de nossos produtos florestais nas exportações domésticas precisam ser alavancados. Mais importante ainda, o incentivo à captura e à estocagem de carbono e planos para a exportação do excedente de hidrogênio verde, o chamado combustível do futuro e que pode e deve ser aqui produzido.

Uma preocupação com os resíduos sólidos e a economia circular também é bem vinda e urgente. Países adiantados têm logística reversa, que no Brasil é assunto pouco explorado. O nosso país produz um lixo riquíssimo, que deveria ser vendido e não onerar as municipalidades com o pagamento para a sua recolha. Ao mesmo tempo, um projeto de educação ambiental para que o brasileiro produza menos resíduo sólido virá bem nesse pacote. Desperdiçamos muito, como é próprio dos pobres.

Levar a sério o saneamento básico é outra proposta que interfere com a saúde e a economia. Não é moderno um país que não tem água tratada e coleta de esgotamento doméstico em todo o seu território e para toda a sua população.

Um sexto bloco de preocupações e de ações leva em consideração os demais aspectos da mudança climática. O Brasil precisa de grandes obras que previnam as catástrofes, deslizamentos de terra, a sucessão de mortes e de perdas materiais que têm se sucedido e cada vez com frequência maior. É preciso pensar na absorção da água da chuva, no papel gratuito da terra, que absorve a água da chuva e a filtra, deixando que ela ocupe os nossos aquíferos, milionária reserva de subsistência vital para o nosso povo.

Recuperação de áreas degradadas, remoção das habitações em áreas de risco, há muito a ser feito para recuperar o tempo perdido e mostrar que a ignorância já não prospera nesta terra de Santa Cruz.

A promessa de transformar o Brasil numa vitrine sustentável é de fácil cumprimento, se houver vontade política. Nosso país ainda possui condições de voltar a ser a promissora potência verde, status desperdiçado com uma visão anacrônica e consumista de progresso exclusivamente financeiro.

O verde é o tema de maior importância no momento em que toda a Terra percebeu que depende de sustentabilidade para garantir a sobrevivência das futuras gerações. Alguns grandes empresários já se convenceram da oportunidade de aderirem à cultura ESG e, simultaneamente à adaptação de suas indústrias à transição energética, vão colaborar na compra de títulos verdes. O dinheiro que o governo obtiver com sua venda, será aplicado em conservação e restauração de florestas públicas e privadas.

Importante que todo o governo participe dessa empreitada. A elaboração de uma taxonomia verde, em conjunto com o Banco Central, vai propiciar a identificação de atividades que impactem positivamente o meio ambiente e aquelas que continuam a molestá-lo.

É urgente oferecer condições aos jovens brasileiros para que se interessem e se encaminhem para as novas ocupações, voltadas ao adensamento das tecnologias em todas as áreas, para que possamos desenvolver nossa indústria e criar inovações que possam concorrer no mercado internacional. Um projeto bem pensado e melhor elaborado é aquilo de que a nação precisa para recuperar esperança e autoestima.

A "marca Brasil" será um modelo de sustentabilidade para todo o planeta e o diálogo público-privado entre inúmeras áreas suscitará inovação, empreendedorismo e criatividade. Tudo a servir de alavanca para o país deslanchar. Os brasileiros estavam precisando de boas notícias. O "pacote verde" anunciado pelo Ministro Fernando Haddad reacende as esperanças que estavam desaquecidas. Que ele se converta em realidade!

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão
Em 10 05 2023



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