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MÚSICA ATIVISTA
Acadêmico: José Renato Nalini
Ouçamos os artistas. Os nossos e os estrangeiros. Eles foram providos de um arsenal de motivações que podem nos tornar seres humanos ainda melhores.

Música ativista

Nossos tempos costumam atribuir ao verbete “ativista” uma conotação pejorativa. Como se manter-se ativo, característica de quem está vivo e deve harmonizar sua vida com o dinamismo natural da existência, fosse um pecado. Não. O ativismo é o que faz com que as coisas se transformem. Se possível, para melhor.

O artista é um ser humano que enxerga o mundo com outros olhos. Mais potentes. Mais capazes de vislumbrar aquilo que a mediocridade não consegue, preza às mesquinhas miudezas que a movem.

Por isso é que os realmente talentosos, os que se destacam, fazem suas escolhas e opções. São seres privilegiados com um estoque de atributos que os distinguem da planície. Daí o alcance de seu discurso, que pode estar na música, no teatro, no cinema, na fotografia, na poesia, na literatura. Ou seja: nesse mundo lindo, em cotejo com o mundo feio das fake News, da maledicência, da podridão. Infelizmente, muito à nossa vista nestes dias.

Para não falar nos brasileiros, menciono como um desses magos na disseminação de um pensamento transformador, o Bono Vox. O irlandês Paul Hewlson, nascido em Dublin em 10 de maio de 1960, escreveu “Surrender – 40 Songs, One Story”, publicado no Brasil pela Intrínseca. É um pacifista sensível à fome na África, às guerras santas no Oriente Médio, à Teologia da Libertação e ao terrorismo político na América Latina.

Ele se condói com todos os infelizes. Lamenta o surrealismo de haver fome no mundo da abundância: “Como as pessoas podem carecer de comida em um mundo em que há montanhas de açúcar e lagos de laticínio? E o que pode ser feito?”.

Perguntas que o Brasil pode responder, se houver espaço para a agricultura familiar. Além de dar condições de subsistência digna a milhões de brasileiros, poderá alimentar o Brasil e o mundo.

Ouçamos os artistas. Os nossos e os estrangeiros. Eles foram providos de um arsenal de motivações que podem nos tornar seres humanos ainda melhores. É por intermédio da obra deles que nos conscientizamos de nossa obrigação, quanta vez descumprida, de tornar o mundo um espaço menos impiedoso, egoísta e triste. É isso o que justifica nossa existência e nossa permanência nele.

Publicado no jornal Diário do Litoral
Em 28 11 2022



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