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A CHINA E A PARTILHA DE UM SÓ DESTINO
Acadêmico: José Renato Nalini
A China adotou a cooperação, a solidariedade e o compartilhamento como política estatal, uma auspiciosa e promissora esperança para a Terra.

A China e a partilha de um só destino

O calendário chinês com que me obsequiou a dinâmica Dra. Chen Peijie, cônsul-geral da República Popular da China em São Paulo, mais do que as belas paisagens de praxe, oferece edificante mensagem para todos os povos. A tônica é o destino compartilhado por todas as nações, todas elas rumo a um único destino. Reconhecimento de que este habitat ainda é o único e as bilhões de pessoas neste planeta frágil e exaurido nos propõe inafastável compartilhamento.

Percebeu-se que a interdependência já não permite a invocação da soberania como foi ensinada na escola. Aquele poder incontrastável, absoluto e onipotente hoje tem de conviver com a conectividade e nenhum país pode pretender se comportar como ilha, isolada e de forma desvinculada no trato de questões que afetam e interessam a todos.

Problemas comuns têm de ser tratados mediante a participação de todos. A visão utópica da harmonia universal que a China alimentou durante séculos não é hoje uma opção: é a legítima defesa da humanidade. Ou ela se une, ou perecerá.

Os grandes temas ocupam as consciências lúcidas e sensíveis. Terrorismo, aquecimento global, mudanças climáticas, miséria e exclusão, merecem o envolvimento de todas as nações. Quando as lideranças mundiais se compenetrarem disso, o mundo pertencerá igualmente a todos. A China se propõe a construir uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade. É valioso contributo para o aprimoramento da civilização mundial.

Para isso, envida todos os esforços na luta contra a hegemonia e contra a guerra, presente o pesadelo dos dois conflitos mundiais do século XX. A paz mundial é a premissa do desenvolvimento de cada país. Dentro de cada um deles, o desejo pessoal pela paz duradoura é aquilo que deve ser considerado o núcleo comum, talvez o consenso único a produzir a desejável unificação de todos os povos. A despeito de diferenças mínimas quanto às crenças, concepções de vida, filosofias e até idiossincrasias. Afinal, o ser humano é singular, heterogêneo e irrepetível. Mas isso não impede se detecte um vínculo identitário comum a todos. Esse vínculo é o sonho da paz entre os povos.

A segurança universal no quadro da comunhão de destino para a humanidade, reclama a integração da segurança exterior com a segurança interna. A segurança de si mesmo e a segurança coletiva. A segurança clássica e aquela atípica. A China cuida disso em seu território, mas não deixa de contribuir com a ONU, na pavimentação de vias que conduzam a sociedade humana a se unir e esquecer fissuras ou fraturas. A China está rigorosamente em dia com o custeio de sua participação nos organismos mantidos pela ONU e também colabora com os diversos Fundos Especiais, para evidenciar que sua política não é mera retórica.


Não é necessário enfatizar que o planeta passa por grandes e desafiadoras mudanças. Três contradições importantes hão de ser enfrentadas: o insuficiente impulso de crescimento global, a anacrônica governança econômica e o desenvolvimento desequilibrado, são um obstáculo na consecução do ambiente favorável à consecução das metas consideradas ideais para todos os povos.

A China elaborou um projeto amplo e ambicioso, para que o mundo inteiro vença os desafios globais. No processo de busca da prosperidade geral, a China dá uma lição a muitos países: ela promove o estabelecimento de uma plataforma de cooperação para promover o conceito de desenvolvimento de construção conjunta e desfrute compartilhado, com a finalidade de fazer com que todos os países ganhem, não haja perdedores e todos possam oferecer as melhores condições para os seus nacionais.

Abertura e inclusão, com aprendizagem mútua entre as civilizações, também estão na mira da China. A comunicação e o intercâmbio entre as diversas concepções de mundo e estágios civilizatórios constituem uma riqueza de que se valem todos, em mútua aprendizagem. A tradição chinesa sabe que a difusão do budismo, o aprofundamento entre o confucionismo e o islamismo, inclusive na era moderna, conviveram com a difusão dos conhecimentos ocidentais no Oriente.

A civilização chinesa preserva a sabedoria milenar e consegue se atualizar, tanto que uma educação de qualidade produziu elite em todas as áreas. É recente o reconhecimento de que a China ultrapassou os Estados Unidos em pesquisa, legando ao mundo enormidade de artigos científicos de elevada qualidade. A China se propõe reunir e refletir sobre as múltiplas sabedorias, dentre as antigas e as contemporâneas, a fim de fomentar consensos entre todos os povos. A construção de plataformas de diálogo promove saudável comunicação entre civilizações, incrementando a amizade entre todos os povos da Terra.

Confortador verificar que essa grande Nação se comoveu diante da lamentável situação ecológica imposta ao mundo pela cupidez e pela ignorância, quase sempre caminhando juntas e sob beneplácito de alguns governos ecocidas. Diante da fragilidade do equilíbrio ecológico, ela adotou uma política sensata, que – sem dúvida – influenciará todos os demais países. Mas isso é tema para outra reflexão. Por ora é suficiente evidenciar que a China adotou a cooperação, a solidariedade e o compartilhamento como política estatal, uma auspiciosa e promissora esperança para a Terra.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão
Em 27 01 2022



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