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MAIS UNICÓRNIOS! COM URGÊNCIA
Acadêmico: José Renato Nalini
As competências socioemocionais tão negligenciadas no Brasil.

Mais unicórnios! Com urgência.

Se há efeitos benéficos para a desgraça, eles residem na capacidade que os humanos tiveram de se adaptar aos novos severos tempos da pandemia. Acelerou-se a utilização das tecnologias disponíveis e tudo se mostrou mais alcançável, mais factível, mais eficiente e mais econômico do que antes.

Louvo o trabalho desenvolvido pela Justiça, notadamente a Justiça estadual paulista. Mercê de muito investimento em inteligência e coragem para inovar, a produtividade aumentou. Magistrados e funcionários puderam comprovar que o tempo utilizado para deslocamento, evitar o trânsito caótico, as conversas desnecessárias, pode reverter na elaboração de decisões. Quase 50 milhões delas foram proferidas nesses meses. Espera-se que o obscurantismo não force o retorno à fase anterior, com a obrigatoriedade de uma presença física que se mostrou prescindível.

O mesmo aconteceu com a educação. A resistência à utilização das modernas infovias mostrou-se insuficiente a que muitos pudessem usufruir de conteúdos coloridos, musicais, atualizadíssimos, numa superlativa superioridade ante algumas aulas insossas, na repetição de textos antigos e ultrapassados.

Por sinal que os jovens já haviam detectado o descompasso da educação com os avanços da Quarta Revolução Industrial. É uma parte da explicação para as salas ociosas do Ensino Médio, enquanto os barzinhos das imediações encontram-se lotados.

Verdade que houve exclusão de pessoas desprovidas de acesso à internet. Culpa do governo. Não exigiu que as concessionárias cumprissem sua responsabilidade de dotar todas as escolas do Brasil de conectividade de última geração. Mas isso pode ser revertido, se houver vontade política. Só que essa vontade está muito mal direcionada nos últimos tempos.

De qualquer forma, é preciso investir nessa educação híbrida e, mais do que isso, fazer com que ela produza pessoas capazes de sobreviver a uma era em que os empregos desaparecerão, mas a necessidade de subsistir aos desafios da modernidade prossegue e com novos ímpetos.

Por isso é que deve ser recebida com júbilo a notícia de que potenciais novidades no setor estão prestes a sacudir a mentalidade tupiniquim. Todos sabem que o futuro necessita de competências que a educação convencional ainda não soube desenvolver. É desde a infância que essas habilidades precisam ser treinadas.

Experiência na área tem a BYJU'S Future School, startup indiana de educação que é hoje considerada a maior e mais valiosa edtech do mundo. As edtechs são as startups voltadas à educação. E ela chega ao Brasil para implementar a cultura do ensino de programação para crianças.

Fundada em 2011, a partir do método de ensino criado pelo educador Byju Raveendran, então professor de matemática muito respeitado na Índia. Seu propósito era criar uma plataforma de ensino on-line capaz de preparar crianças para o futuro, do ponto de vista social e profissional, com as competências mais importantes para o novo contexto do mercado de trabalho. As competências socioemocionais tão negligenciadas no Brasil, pese embora o mantra de Viviane Senna, no Instituto destinado a eternizar a memória de seu irmão.

O projeto deu certo na Índia, o segundo país com a maior população do planeta. E ali a mocidade explodiu em capacidade nas áreas mais necessárias ao mundo contemporâneo: informática, eletrônica, telemática, cibernética e que tais.

Em poucos anos, a empresa se tornou um unicórnio, cujo valor de mercado é igual ou superior a um bilhão de dólares e a segunda maior startup da Índia, com mais de cem milhões de alunos. Depois de experiências bem-sucedidas nos Estados Unidos, Austrália e Reino Unido, chega ao Brasil e ao México.

Ela foca o ensino de programação e matemática, em quatro diferentes currículos, separados por idade. O público-alvo são crianças e adolescentes de 6 a 15 anos. O treinamento será on-line, com aulas individuais e personalizadas. Além de programação e matemática, desenvolver-se-á o pensamento crítico e lógica, algo que a educação brasileira ainda não obteve. As aulas contam com projetos práticos para que o aluno não desanime com o excesso teórico, mas consiga aplicar o que aprendeu, desenvolva aplicativos, crie sites ou games.

Nem é preciso dizer que ainda existe um bom número de funções a serem preenchidas, mas faltam pessoas qualificadas para exercê-las. Não é a "decoreba" que dará perspectivas ao desalentado jovem brasileiro.

Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 12/08/2021




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