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REINVENÇÃO DA MORAL
Acadêmico: José Renato Nalini
"Ninguém acredita em ninguém. Os discursos se repetem numa identidade insossa e sem imaginação. Não se capta honestidade, franqueza e verdade nos pronunciamentos."

Todos parecem querer “O Brasil passado a limpo”. A devassa na Administração Pública, a incestuosa relação entre Governo e empresariado, a sensação de que os desmandos atingiram estágio de evidente insuportabilidade pela parte saudável da Nação reclamam algo diferente do que até aqui se fez. O Brasil já passou por muitas crises. Nenhuma com tantos ingredientes nefastos como a do presente momento.

Coincidem o escancarado atraso em inovação, criatividade e empreendedorismo, a insuficiência dos recursos estatais para atender à crescente demanda de direitos, interesses, utopias e delírios, a falência da Democracia Representativa e o desalento geral. Este é o pior componente da policrise.

Ninguém acredita em ninguém. Os discursos se repetem numa identidade insossa e sem imaginação. Não se capta honestidade, franqueza e verdade nos pronunciamentos. O instrumento mais utilizado para quem ainda assiste a TV é o “zap” para mudar de canal. As redes sociais pululam de comentários irônicos, debochados, sarcásticos e cruéis.

Não é com esse clima que o Brasil encontrará forças para reagir a tal nefasto estado de coisas.

Quem é que teria condições de reacender no coração brasileiro a fagulha da confiança em alguém que se propusesse a transmitir a mensagem de esperança?

Existem pessoas ainda não contaminadas? Difícil distingui-las, pois se mesclam a ligações mais do que suspeitas. Não conseguem se desvencilhar de más influências. O ambiente político é confuso, pois a generalização leva todos a desconfiarem de todos. Quem sobraria, neste cenário, para a recuperação da moral nacional?

Nada faz tanta falta ao Brasil como a ética. A ciência do comportamento moral do homem em sociedade. A contínua busca do bem. A reta intenção. O respeito ao semelhante. A observância estrita e na prática, ao princípio da dignidade do ser humano.

Tudo isso foi se perdendo em meio ao desvario do egoísmo, do consumismo, do artificialismo e da cultura do descarte. Tudo é descartável nesta era. A começar da humanidade.

A alternativa ao caos é reagir a este clima turvo. Atuar com as crianças, que nascem puras e assimilam as lições do exemplo, mais do que as aulas ministradas por educadores em grande parte desanimados.

A boa notícia no oceano de anomalias é o projeto que Maurício de Sousa desenvolverá com as crianças brasileiras, aquelas que aprendem a ler com suas revistas, no sentido de ressuscitar o conceito de ética e de cidadania. Começar com aqueles que ainda têm salvação. Quanto aos demais, aguardar se comovam com a redescoberta daquilo de que se esqueceram no enfrentamento das vicissitudes cotidianas.




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