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Acadêmico: José Renato Nalini "Participar do Programa Nascentes é mostrar à criança e ao jovem a importância de não se destruir a mata ciliar. As consequências são trágicas: poluição difusa que chega inevitavelmente aos mananciais. A vida aquática é prejudicada e se transforma em morte."
O Programa Nascentes, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo merece atenção de todos. Uma das causas evidentes da crise hídrica sofrida por nosso Estado há dois anos foi o desmatamento ciliar. As matas junto aos cursos fluviais são os “cílios” de proteção dos olhos d’água. Por isso o interesse em replantio urgente, para que a água volte. Como sempre foi, antes que o ser humano evidenciasse a sua sanha dendroclasta, o que prossegue de forma insana e criminosa até hoje. Para que a água não venha a faltar e não tenhamos surpresas desagradáveis com o microclima de qualquer lugar, precisamos levar a sério esse programa de incentivos à recuperação de matas ciliares e à recomposição de vegetação nas bacias formadoras de mananciais. Foi formalizado pelo Decreto 60.521/2014. É uma iniciativa saudável e a maior já assumida pelo governo para manter e recuperar a vegetação màs margens de nascentes, rios, córregos, lagos e represas que protegem e mantêm limpas nossas águas. A proposta é recuperar 4.464 hectares de matas ciliares, ou 5.400 campos de futebol, mediante utilização de 6,3 milhões de mudas de espécies nativas. Três bacias hidrográficas foram as escolhidas para início, pois as mais necessitadas: Alto Tietê, Paraíba do Sul e Piracicaba-Capivari-Jundiaí. Juntas, elas hospedam dois terços da população bandeirante. Na primeira fase, serão plantadas quase sete milhões de mudas, com a recuperação de 784 quilômetros lineares de corpos d’água. Serão 4.464 hectares de mata ciliar restaurados. As mudas nativas serão produzidas não apenas por viveiros particulares e públicos, como os da CESP, DAEE e da SABESP. Mas colaborarão os reeducandos que participam do Programa Regional de Plantio de Mudas Nativas e Recuperação de Mananciais, desenvolvido pela Secretaria de Administração Penitenciária. Promove-se a ressocialização de sentenciados que produzem as mudas, plantam e restauram áreas degradadas nas regiões que sediam estabelecimentos prisionais. Mas nada obsta que as escolas também participem. Escolas Públicas têm a educação ambiental como área nevrálgica e de urgente intensificação. A criança e o jovem são seres sensíveis, que podem ser despertados para a consciência ambiental, coisa que nem todo adulto assimilou adequadamente. Assim fora e não produziríamos a tonelagem de resíduos sólidos que emporcalham todos os espaços, acabam com os nossos rios, envenenam nosso solo e nossa atmosfera. Nada obsta que os professores de biologia, mas também de outras disciplinas, desenvolvam programas paralelos ao da formação das hortas escolares, tão importantes para o conhecimento do que a natureza produz em retribuição ao nosso trabalho. Programas paralelos de formação de viveiros de mudas, de coleta de sementes das árvores que não vêm recolhida essa importante produção de novas vidas vegetais, e que poderiam recompor o ambiente seriamente vulnerado pela nossa crueldade. Participar do Programa Nascentes é mostrar à criança e ao jovem a importância de não se destruir a mata ciliar. As consequências são trágicas: poluição difusa que chega inevitavelmente aos mananciais. A vida aquática é prejudicada e se transforma em morte. A ocupação desordenada, facilitada pela inexistência da mata protetora, chega às margens de rios e reservatórios, que se convertem numa grande latrina. Todos ganham com a participação no Programa Nascentes. O maior medo das populações inteligentes é o da mudança climática. Maior ainda do que o medo do terrorismo. É porque a inteligência já descobriu que o risco recai sobre a vida humana, não sobre o Planeta. A Terra não precisa de nós para continuar a ocupar seu modesto espaço no Cosmos. Nós é que precisamos dela para e voltar |
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