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Acadêmico: José Renato Nalini "Não há quem não esteja a manusear avidamente o seu celular. E não se servir desse instrumento para a educação é desconhecer que o ensino precisa de uma urgente reinvenção."
O Programa Nacional do Livro Didático - PNLD, que entrega livros didáticos para toda a educação básica do Brasil, comprou 57,4 milhões de livros no último edital, para estudantes do 1º ao 5º ano. R$ 504,6 milhões foram despendidos com a estratégia da compra e distribuição para beneficiar 12,7 milhões de crianças. Louvável o empenho governamental em propiciar à criança e jovem o contato com o conteúdo mediante livro físico. Mas é também preciso pensar que a circuitaria neuronal da infância e juventude contemporânea é digital. Não há quem não esteja a manusear avidamente o seu celular. E não se servir desse instrumento para a educação é desconhecer que o ensino precisa de uma urgente reinvenção. Não é gratificante o espetáculo não rara vez exibido ao final de um período letivo, em que os alunos lançam aos ares os seus livros utilizados durante aquela fase. Dinheiro do povo, que nem sempre merece a nobre destinação para a qual é exigido do contribuinte. É urgente pensar no conteúdo digital, por sinal bem prodigalizado pelas empresas, institutos e entidades que têm a convicção correta: sem educação de qualidade, o Brasil continuará a patinar num estágio sofrível de desenvolvimento. O conteúdo digital é facilmente alterado. Pode ser atualizado sem dificuldades. Admite interação, o que é inviável no livro convencional. Evita o consumo de papel, preservando o que resta da natureza. Aquilo que ainda não sucumbiu à nossa insanidade. Abriga soluções que o livro físico não comporta. Filmes, visitas monitoradas, percursos culturais. Tudo isso de maneira a converter o aprendizado em algo lúdico e sedutor. Muito distante da realidade atual da escola brasileira. Seja ela pública, seja particular. Com raríssimas exceções. Acrescente-se um dado cultural que se reputa de relevância. O que é gratuito não tem valor. Ou não reveste a mesma valia de algo que se adquiriu com sacrifício, com dinheiro e esforço próprio. Daí certa desafeição de muitos alunos em relação ao livro gratuito. Ele não é tão bem tratado quanto deveria. A crítica à alteração do conteúdo dos livros didáticos sem que a BNCC - Base Nacional Comum Curricular tenha sido sacramentada é providencial. É o momento propício para se adotar conteúdo digital, com redução de custos no momento de crise cuja superação ainda não se avizinha. Os próprios alunos podem auxiliar na seleção de material que serviria para alavancar o aprendizado, pois eles têm curiosidade, criatividade, engenho e arte e são empreendedores, conforme se verifica de sua participação em inúmeros concursos abertos e nos quais eles se mostram competitivos e talentosos. Não é o momento de se inserir o conteúdo digital na escola pública, de maneira consequente, mas para valer? José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo voltar |
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