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CRITICAR É FÁCIL
Acadêmico: José Renato Nalini
"A crítica gratuita, criticar por criticar, nada constrói."

Indiscutível o direito à liberdade de expressão, aí contida a crítica. Esta é saudável para fazer com que o criticado reflita, assuma suas responsabilidades, reconheça erros ou equívocos de percurso. Auxilia a lapidação da humildade, algo tão difícil para os egos convictos de sua superioridade.

Mas a crítica não pode ser leviana. Ela deve provir de quem, além de conhecer o assunto, está fazendo algo para melhorar as coisas. Depois de se envolver para o encaminhamento da solução, ao encontrar óbices, legítimo criticar e expor a impossibilidade de melhorar o panorama. A crítica gratuita, criticar por criticar, nada constrói.

Melhor seria que o crítico adotasse estratégias para melhor conhecer e poder intervir. Mobilizar recursos, gerar conhecimento, engajar pessoas para promover políticas públicas que estimulem ações em escala. Processos de intervenção e apoio são sempre bem recebidos. O importante é haver interação construtiva. Produzir conhecimento, promover relacionamentos, influenciar e monitorar políticas públicas, planejar, oferecer-se a gerir setores, tudo isso é saudável.

É preciso reconhecer que há prioridades e estas precisam ser discutidas. Discussão significa diálogo. Falar mas também ouvir. Argumentar e contra-argumentar. Nunca partir para a ignorância. Isso significa se servir da violência, que a nada leva e a tudo destrói. Leis físicas existem desde que o mundo é mundo e mesmo antes dele.

Toda ação provoca uma reação igual e contrária. Pode haver excesso de ambos os lados. Mas é urgente que a voz daquilo que teimamos em chamar "razão" seja ouvida nesta hora de exacerbação do dissenso. Em boa hora surge uma reflexão em torno ao mito do "homem cordial", noção atribuída a Sérgio Buarque de Holanda e que nunca foi aquilo que passou a habitar a utopia ingênua dos tupiniquins.

Nunca fomos cordiais. Que o digam os acontecimentos lamentáveis e reiterados neste "País dividido por uma intolerância política e intelectual que não sabe senão transformar o interlocutor em cúmplice ou em inimigo", como observou João Cezar de Castro Rocha, autor de "O Exílio do Homem Cordial".



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