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DISCURSO DE POSSE
Acadêmico: Myriam Ellis
"Aos senhores Acadêmicos que generosamente me conduzem ao seu convívio nesta Casa, a Vossas Excelências, os meus mais profundos agradecimentos pelo apreço e confiança de que me fazem merecedora, pela oportunidade de colaborar e bem servir e pelo honroso título que me conferem."

Excelentíssimo Senhor Acadêmico
Professor Dr. Antônio Soares Amora,
digníssimo Presidente da
Academia Paulista de Letras
Excelentíssimos Senhores Acadêmicos
Senhores e Senhoras
Meus Amigos
Senhor Presidente

Desejo expressar o quanto significativo e grato é, para mim, este momento, em que a Academia Paulista deLetras me acolhe em seu recinto, na presidência de V.Exa., meu inesquecível professor de Literatura Portuguesa, nos saudosos tempos da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, quando no 3º pavimento da Escola Normal Caetano de Campos, na nossa velha e poética Praça da República...

Aos senhores Acadêmicos que generosamente me conduzem ao seu convívio nesta Casa, a Vossas Excelências, os meus mais profundos agradecimentos pelo apreço e confiança de que me fazem merecedora, pela oportunidade de colaborar e bem servir e pelo honroso título que me conferem.

A propósito, cumpre-me revelar e não poderia deixar de fazê-lo, que estreitos laços, que ora se confirmam, vinculam-me, de longa data, a esta instituição. Laços de respeito, de admiração, de afeto. E de infinita saudade... Fortalecidos no tempo. Oriundos de minha primeira infância, quando, em 1929, aos 33 anos, meu pai, pelo voto de inolvidáveis amigos, sucedeu a Benedito Otávio de Oliveira nesta Academia, que considerava um baluarte de São Paulo, símbolo da nossa tradição, da nossa terra, da nossa gente. E seu reduto intelectual e cívico. O último... Como usava expressar-se Alfredo Ellis Júnior, meu pai que, se agora aqui presente, haveria de sentir justo orgulho, que também é o meu, nesta hora de tão expressivo acolhimento e de incontida evocação.

Todavia, não sou oradora, nem poeta, ou romancista; jornalista ou crítica literária...

Frente a um patrono - Alexandre de Gusmão - homem de leis e de letras, estadista, escritor e poeta; e face aos acadêmicos: o fundador Erasmo Braga, teólogo, ministro evangélico, pregador e jornalista; um sacerdote católico, Monsenhor Castro Nery, Arcediago do Cabido Metropolitano, Consultor jurídico junto à Santa Fé, filósofo, poeta, célebre orador sacro; um político, humanista e ensaísta, Luís Arrobas Martins, também renomado orador; e o notável jornalista e crítico literário, José Geraldo Nogueira Moutinho, eu, historiadora de formação e de profissão, devotada à pesquisa, aos alfarrábios, aos papéis velhos, livros antigos e mais coisas do passado, sinto-me uma estranha no ninho. Estranha e apreensiva, a par de ilustres personalidades do reinado das Letras.

Suaviza-me a inquietação alguma afinidade com o pastor Erasmo Braga e com Monsenhor Castro Nery, outrora professores como eu...
Se missão de extrema responsabilidade é o exercício da Cadeira anteriormente ocupada por insignes e inexcedíveis personalidades, de não fácil desempenho é a projeção das suas imagens, já magistralmenteretratadas em precedentes e inegualáveis orações.

O elogio dos meus antecessores que, de acordo com a tradição da casa, cabe-me agora pronunciar, simples nas palavras, será, antes, de homenagem, de culto e devoção à sua memória. Na perspectiva do tempo e da História. Na visão da Historiadora. A principiar pelo patrono...

ALEXANDRE DE GUSMÃO - (Patrono)

Estatura acima do normal. Cabeça não tão volumosa quanto a sua genialidade. Semblante redondo e respeitável. Olhos pequenos, de cor pálida, mas reluzentes. Polido e sem afetação no trajar. No trato, estimável gravidade a unir o brilhante ao decoroso.

Era assim Alexandre de Gusmão, homem de incomparável merecimento. Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro professona Ordem de Cristo e Acadêmico "de número" da Academia Real, segundo o Elogio escrito por seucontemporâneo, Miguel Martins de Araújo, advogado pela Universidade de Coimbra, impresso em Lisboa em 1754, ano seguinte ao da morte do grande estadista, aos 58 anos...

Na Capitania de São Vicente, vanguarda da arrancada sertanista e conseqüente conquista territorial de Portugalna América, de família modesta, pai português e mãe santista, nasceu Alexandre de Gusmão na Vila de Santos, em um dia de 1695, ao raiar, no Brasil e para Portugal a Idade do Ouro, com as descobertas dos paulistas nos sertões dos Cataguáses.

Ainda criança, educou-se na Bahia com os jesuítas e recebeu o nome do padrinho, o ilustre padre Alexandre de Gusmão, Provincial, educador, fundador do Seminário de Belém da Cachoeira e, na época, um dos mais notáveis sacerdotes da Companhia de Jesus.

Posteriormente, estrangeirado na França e na Itália, sob a influência do cartesianismo e do empirismo daSorbonne e bacharel em Leis em Coimbra, viria a combater, com veemência, o espírito e a filosofia ensinada no Colégio da Bahia...

Em 1730, em plena euforia a mineração de ouro e diamantes no Brasil, possuidor de sólida cultura, habilidoso no jogo diplomático, inteligente e ativo, cresceu o valimento de Alexandre de Gusmão junto a El-Rei D. João V, queo fez seu secretário.

Pessoa de insuperável talento no reinado do Rei-Sol português e um dos mais lúcidos e ousados espíritos do seutempo, sua maior importância estará sempre na obra que levou ao Tratado de Madri (1750). Obra que não seria exclusivamente sua, mas, o termo de um longo processo histórico em que intervieram, por forma diversa, os intrépidos bandeirantes de São Paulo, modestos vaqueiros do sertão, missionários e militares, reis e diplomatas. À visão geral e equânime do Secretário de D. João V é que se deve o melhor aproveitamento possível daquele esforço secular, com a fixação da fronteira do Brasil no texto de um Tratado... A simples ocupação de fato, resultante da expansão geográfica, passava a ter uma base jurídica de capital importância para a nossa História...

ERASMO BRAGA - (Fundador)

São Paulo ainda era Província do Império, quando, em 1877, veio ao mundo Erasmo Braga, em Rio Claro, de família presbiteriana, pai português, de Braga, e missionário.

Ministro evangélico aos 22 anos, foi pregador, professor e teólogo. Cultor do Vernáculo e da Filologia; poliglota e conhecedor do Sânscrito, do Grego, do Hebraico, do Latim, das Sagradas Escrituras e das antigas Literaturas orientais. Entre seus primeiros trabalhos destacam-se o "Glossário Hebreu Português", que lhe valeu o título de membro da Societé Académique dHistoire Internationelle, de Paris; e o ensaio histórico-social "OsJudeus no Brasil" traduzido nos Estados Unidos para a "The America Israelite", pelo rabino Sigmund Frey.

Militou, também, no jornalismo.

Todavia, nasceu para o magistério. Lecionou Português e Literatura, Literatura dos Livros bíblicos, Hebraico, Exegése, Crítica Histórica e Língua Inglesa; em São Paulo e em Campinas. E no magistério permaneceu, junto àFaculdade de Teologia das Igrejas Evangélicas do Rio de Janeiro, até o fim dos seus dias, em 1932, com apenas 55 anos...
Variada a sua obra pedagógica, de que cumpre destacar as Antologias para a escola primária, da coleção "Leitura", a famosa "série Braga" que iniciou gerações no gosto pela Literatura.

Figura proeminente do Protestantismo no Brasil, foi Erasmo Braga equilibrado intérprete da polêmica religiosa entre católicos e protestantes e sereno pacificador das dissensões nas diversas confissões do Protestantismo. E o Apóstolo precursor do Ecumenismo entre nós, muito antes do congraçamento de todos os cristãos, idealizado por João XXIII,no Concílio Vaticano II.

Foi o Ecumenismo o ideal da sua vida, ideal que, com felicidade defendeu nas obras "Religião e Cultura" (póstuma), "Pan-Americanismo Aspecto Religioso" (1916); e na editada em inglês, em 1932, "The Republic of Brazil, a Survey of the Religious Situation", modelo de objetividade sociológica.

MONSENHOR CASTRO NERY

Na Cadeira nº13, a um pastor presbiteriano sucede um sacerdote católico, Monsenhor José Bueno de Castro Nery, um tribuno do nosso movimento constitucionalista de 1932...

Descendente dos primeiros troncos paulistas, de Amador Bueno, o Aclamado e, de sangue ituano, nasceu Castro Nery em Campinas, em 1901. Com poucas semanas de vida perdia o pai. Afilhado do ilustre prelado campineiro, bispo de Vitória e Pouso Alegre, D. João Batista Correia Nery que o educou e cujo sobrenome adotou, Mons. Castro Nery, sacerdote do hábito de São Pedro, Doutor em Direito Canônico e Bacharel em Filosofia pela Universidade Gregoriana (em 1927) devotou-se à disciplina da Igreja de Cristo e ao apostolado intelectual e sacerdotal.

Pensador vigoroso e independente, humanista de sólida cultura filosófica e ampla erudição clássica, filiado à corrente Néo-Tomista, as teses sobre a Teoria do Conhecimento com que se habilitou à Cátedra de Psicologia e Lógica do Ginásio do Estado "Culto à Ciência" de Campinas, representaram, na época, a mais importante repercussão do Neo-Tomismo no Brasil.

"Filosofia - Sumário e Dicionário" (1931) "O Problema do Conhecimento" (1934), extrato da sua primeira tese, "Evolução do Pensamento Antigo" (1936) são os seus trabalhos no campo da Filosofia.

Afirmação do apostolado sacerdotal e intelectual de Mons. Castro Nery é o seu primoroso livro "Programa de Ação Católica" (editado em 1933), em acatamento da palavra de ordem da Santa Sé, dos Papas Pio X e Pio XI, contra os extremismos anticristãos da época e no sentido da conceituação da Ação Católica.

Professor de Psicologia e Lógica e de História da Filosofia, nos Ginásios do Estado de Campinas (a partir de 1928) e de São Paulo (desde 1933) e no Curso Pré-Jurídico da Faculdade de Direito e em outros estabelecimentos, Mons. Castro Nery foi mestre inexcedível que iluminou as cátedras que ocupou.

Orador nato, a notoriedade da sua oratória precedeu e ultrapassou a de professor, pela erudição, garbosa presença marcante e envolvente; pela eloqüência oportuna e objetiva.

Parte das prédicas quaresmais na Catedral metropolitana de São Paulo foi reunida nos livros "Paixão e Morte de Jesus" (1936), "Infância e Adolescência de Jesus" (1937) e no "A Rua da Amargura”" (obra póstuma) (1975), 10 sermões da Paixão, selecionados por Mons. Castro Nery, dentre os que pronunciou na nossa Catedral durante 30 anos; selecionados para a comemoração dos seus 50 anos de sacerdócio, em fevereiro de 1974, que não chegou a acontecer. Deus o chamou antes... a 11 de novembro de 1972...

A "Revista da Academia Paulista de Letras", volume 92 (janeiro, 1978), índice da coleção, relaciona 46 trabalhos do admirável estilista que foi Mons. Castro Nery. Estilista de profunda sensibilidade que, não só na mocidade, mas, em toda a vida e, antes de tudo, foi poeta. Poeta, cujo raro talento e nobre caráter refletem na grandiosidade dasua poesia, escreveu o grande mestre Francisco Silveira Bueno, quando seu contemporâneo no Seminário de Campinas, em crônica, "Um Poeta Oculto", publicada no "Recreio Literário" de junho de 1923.

Dessa ocasião (1923) são as duas coleções de poemas "Oblivion"- "País do Esquecimento" e "Ismael", tema bíblico, editadas cinqüenta anos mais tarde, em 1974, pela Academia Paulista de Letras, dois anos após o desaparecimento do autor, cuja modéstia retardara a divulgação.

Seriam esses poemas alusões ao voluntário desprendimento do homem de si mesmo, à sua anulação pessoal e aceitação do sofrimento, no agreste caminho da vida, na busca do refúgio eterno junto a Deus.
Esse homem seria o próprio poeta...

Da juventude de Castro Nery são, ainda, os poemas reunidos em livro intitulado "Cadeira Vazia", dedicado Á minha Mãesinha", em Montenero, 1926 e publicados em Roma, em 1931. Poemas que, no lar, do distante País natal, a cadeira vazia do filho ausente recita para a triste e saudosa mãe, a inspiradora da sua vida...

Estes e os anteriores são poemas da adolescência, da extrema solidão de quem abraçara o sacerdócio, compenetrado do caminho da verdade...

ARROBAS MARTINS

Íntegro e idealista. Digno sucessor de Monsenhor Castro Nery, de quem foi aluno. Paulista de Jaboticabal, onde nasceu em 1920, devotado às letras e às artes, Luís Gonzaga Bandeira de Mello Arrobas Martins foi um democrata e um humanista.

Na Faculdade de Direito, onde assumiu a grande liderança liberal universitária, destacou-se na época do Estado Novo, que combateu, e do agitado período da Segunda Guerra Mundial, como orador, redator de folhas acadêmicas e dirigente de movimentos e manifestações contra a ditadura Vargas e contra os países totalitários.

Ao redigir o célebre Manifesto à Nação, de 1 de Novembro de 1943, que definiu a posição dos universitários sobre a Democracia, foi Arrobas Martins a voz da resistência que se ergueu das Arcadas e agitou a política e o Governo.

Durante o período da redemocratização do país, já em plena atividade profissional, participou da política partidária da União Democrática Nacional, de que foi vice-presidente.

E logo se destacou na vida cultural de São Paulo, especialmente junto ao Museu de Arte Moderna e ao Centro D. Vital, que dirigiu e cuja programação desenvolveu, enquanto se preocupava com a Educação e a democratização do Ensino.

Político e intelectual, nas Secretarias do Planejamento e da Fazenda, do Governo Abreu Sodré, em quatro anos de intenso trabalho, Arrobas Martins demonstrou excepcionais qualidades de administrador.

Foram da sua iniciativa a Junta de Administração Financeira, o Conselho de Política econômico-financeira, o Banco do Desenvolvimento do Estado de São Paulo.

Ao mesmo tempo, não menor o seu empenho no estímulo às Artes e aos artistas.

Criou o Museu de Arte Sacra, condignamente a loja do e mala restaurada do secular Recolhimento da Luz. Promoveu a transformação cultural e artística do Palácio da Boa Vista, em Campos do Jordão e instituiu naquela cidade serrana o Festival de Inverno, que tem o seu nome. E instalou, no elegante Solar Fábio Prado, o Museu daCasa Brasileira.

Na advocacia, na política e na administração pública do Estado, Arrobas Martins não abandonou o interesse pelo Jornalismo, exercido no tempo das Arcadas e, posteriormente, juntos aos "Diários Associados".
Sua maior atividade jornalística pertence, contudo, ao período em que, Conselheiro do Tribunal de Contas, publicou no "O Estado de São Paulo", 26 de agosto de 1971 a 3 de fevereiro de 1974, importante série de artigos semanais, ao todo 81, de ampla repercussão.

No cenário político novamente, como Chefe da Casa Civil do Governo Paulo Egydio Martins, o discurso de Arrobas Martins, na ocasião da posse, o comentado "Discurso da Casa Civil" celebrizou-se como uma das mais belas peças de oratória política e literária até então ouvidas em São Paulo. E um dos mais expressivos momentos de sua eloqüência de grande orador.

Ainda não havia chegado ao fim a transformação do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, em requintado museu de arte brasileira, conforme programara, quando, desgostoso com a política, Arrobas Martins retomou à sua advocacia, à sua biblioteca de estudioso e de bibliófilo, às letras e às artes...

Pretendia retomar a atividade jornalística, pendor e paixão da juventude... o que infelizmente não chegou a realizar. Veio a falecer a 3 de julho de 1977. Aos 57 anos...

Dois anos depois, a Academia Paulista de Letras reunia em livro intitulado "Diálogo com as Sombras", os seus 81 ensaios publicados entre 1971e 1974 com prefácio do hoje também saudoso Acadêmico Fernando Góes, seuamigo.

O título, previamente definido pelo próprio Autor, sugere o diálogo entre ele, o articulista e os desconhecidos e anônimos leitores- "as sombras” dos seus comentários, idéias e reflexões; da sua visão crítica, consciente e lúcida de homens e problemas do Brasil, de São Paulo, da nossa Atualidade e sobre economia, finanças, hábitos políticos, modernismo, regionalismo, o Brasil arcaico e o moderno, contradições, o nosso idioma, fracasso dos técnicos na administração e na política, reforma agrária e dezenas de outros temas. Todos "dentro da equilibrada medida do tempo”, escreve Fernando Góes. Medida que supera o quotidiano e o transitório e preserva, como preservou, a Atualidade... E a presença do Autor...

NOGUEIRA MOUTINHO

Em maio de 1978, no dia 10, José Geraldo Nogueira Moutinho assumia a Cadeira de número 13 desta nobre Academia. Quando florescia a “loura flor das cassias...", no poético dizer do Acadêmico Péricles Eugênio da Silva Ramos, em magnífica e tocante saudação ao sucessor inesquecível Luís Arrobas Martins...

Em maio, no dia 6, decorridos treze anos e precisamente em maio, ao florescer das cassias, partia da vida o titularda Cadeira 13. Com 57 anos. Em pleno vigor da inteligência...

Como Alexandre de Gusmão, Erasmo Braga e Luís Arrobas Martins...
Estranha, misteriosa fatalidade, a coincidir com a sensação da brevidade das coisas e da vida, que transcende de seus versos:

"um ano, umbroso, te distancia menos da morte..."
"... Que porto busco se no hôrto
cultivado interiormente
tombo morto?" (1)

Jornalista profissional (a partir de 1957), Crítico literário (de 1961 a 1986), premiado na Itália (1966); na França com o título de "Chevalier de IOrdre des Arts et des Lettres" (1971); Acadêmico desta Casa (1978); Secretário Geral do Conselho Estadual de Cultura e do CONDEPHAAT, Vice-Diretor do Museu de Arte Sacra, mais importante do que a biografia, propriamente, é o seu pensamento que, do admirável universo espiritual que construiu, flui para a obraque deixou. Obra de precoce e arrebatado devorador de livros, do erudito autodidata, do poeta e ensaísta devotado a Virgilio e a Dante, do Crítico-literário que reveste a figura do analista do pensamento, de grande poder intelectual e filosófico que, infelizmente, não pôde desenvolver uma vida acadêmica no campo da Filosofia. E teve de limitar-se à crítica jornalística que restringiu as suas possibilidades, segundo lúcido e esclarecido parecer de seu mestre de Filosofia, D. Estevam, da Ordem de São Bento, o professor Francisco Benjamin de Souza Neto, no século, mestre e amigo, guia espiritual e confessor, a partir de 1979 e cujas aulas e ofíciosreligiosos freqüentava (2).

Uma abordagem mais circunstanciada do Crítico-literário, a partir de três momentos essenciais da sua vida, permitiria ao observador maior aproximação do analista do pensamento, de grande poder intelectual e filosóficoque foi Nogueira Moutinho:

1º - José Geraldo - Raízes, Da Formação à Iniciação profissional.
Influências.
2º - Nogueira Moutinho - O Crítico e a Obra.
3º - Na Poesia, o Homem.

JOSÉ GERALDO

RAÍZES

DA FORMAÇÃO À INICIAÇÃO PROFISSIONAL

INFLUÊNCIAS

Único filho varão de Antonio Alves Moutinho, de Vila Real de Traz-os-Montes, Portugal e de Dona Maria da Gloria Cesar Nogueira Moutinho, um casal já no outono da vida, nasceu José Geraldo em Pindamonhangaba, a 7 de dezembro de 1933.

Sobre os Moutinho de Portugal, as mais antigas notícias datam do século XV, 1429, fins do reinado de D. João I, o Mestre de Aviz, quando Vasco Afonso Moutinho recebeu de El-Rei licença para erigir o mosteiro de São Domingos de Vila Real.

Família ilustre, com brasão de armas: escudo de campo azul- cor do firmamento - e uma flor de liz de ouro ao centro cantonada de quatro cabeças de serpes, também de ouro e cortadas de vermelho. Por timbre, a figura quimérica da serpe, símbolo de fortaleza ou grandeza de ânimo, a encimar o elmo de perfil dos Cavaleiros e Fidalgos de velha estirpe, de aço polido, recortado com cinco grades e bordadura de prata, cordão de pescoço e medalha pendente. E, a partir do elmo, paquifes ou lambrequins esvoaçantes, de ambos os lados do escudo, sob o qual, numa faixa ondulante,a divisa" SPES IN DEO", regra ou guia de aspirações de família.

Via materna, José Geraldo era trineto de Francisco de Assis de Oliveira Borges, de origem portuguesa e humilde, entroncado aos Leme de São Paulo pela mãe, negociante, fazendeiro e depois Visconde de Guaratinguetá (1867), com Grandeza (1871), um dos titulares do café do Vale do Paraíba, Comandante Superior da Guarda Nacional, prestigioso chefe do Partido Conservador, dignitário da Imperial Ordem da Rosa (1877) e pai de 24 filhos...

Descendente do antigo patriciado rural do café, com a decadência da lavoura no Vale do Paraíba, fragmentação dos velhos patrimônios e tudo o que disso resultou, conseqüentemente, o menino José Geraldo, nascido bem mais tarde, não teria vindo ao mundo em berço de ouro. E, no futuro, não haveria de acreditar em valores nobiliárquicos, mas em virtudes espirituais e intelectuais.

Cresceu em ambiente de tradicional e estimulante religiosidade, memória da família...

Com a perda do pai, na adolescência, limitou-se o seu lar à mãe, professora, e à irmã que abraçou a vida religiosa.

Nos estudos, cedo evidenciou-se a inclinação do jovem para as letras e a língua francesa. É o que revelam os boletins dos colégios que freqüentou, em Pindamonhangaba, Taubaté e na Capital, onde concluiu o Curso clássico no Instituto de Ciências e Letras Alfredo Pucca.

Em São Paulo, em 1954, aos vinte anos, bem apessoado e com os últimos vestígios da adolescência, daquele ano éo seu "Soneto da Aprendisagem", soneto da puerícia, da extrema juventude, de um espírito independente e ávido de liberdade:

"Meu amor o construo sobre o vento
mais puro que a manhã me propicia,
e se tudo me ajuda nesse intento
recuo, pois é força construí-lo
desajudado e só. Nem os olhares
humanos me acompanham nesse rito:
amor não é emulação, é busca,
é dealbar, pistilo, fuste, grito.
Nem luta, nem descanso, nem espera
sem cisão, sem desgaste: ouvir os galos
unindo num só fio manhã e noite,
Ascender inconsútil, tal o vôo
dos pássaros que fogem para a morte,
ardendo como o inferno, eternamente". (3)

Na velha Faculdade do Largo de São Francisco, após duas tentativas de ingresso (1955 e 1956), somente em 1957 logrou José Geraldo ultrapassar a barreira dos vestibulares e matricular-se nas Arcadas. No mesmo ano, como jornalista profissional, estreava na "Folha de São Paulo".

Na Faculdade prosseguiu até o 4º ano, não obstante os tropeços das segundas épocas e das dependências de Direito Romano e, depois, da Cadeira de Legislação Social, de que resultou, em 1965, renunciar à carreira das leis.

Na mesma ocasião, desistia do Curso universitário de Letras Clássicas, em que se matriculara no ano anterior.

Abdicava dos diplomas e enveredava pela liberdade do autodidatismo, mais coincidente com a própria personalidade e, talvez, com a sua visão de mundo. Na "Folha de São Paulo", em 1961, assumia a Secção de Crítica Literária do jornal em que militou durante vinte e cinco anos, com a maior competência, raro e consagrado brilhantismo.

Em 1967, o Conselho Estadual editava o seu primeiro livro, a coletânea de ensaios jornalísticos intitu1ada A Procura do Número", dedicada à esposa e, onde, à página 100 escreve: "Somente abafam as nossas virtualidades os encontros com os medíocres; a convivência com os seres excepcionais desperta em nós o nosso eu melhor...", norma de vida que explica a estreita aproximação de Nogueira Moutinho do crítico literário e poeta, Sérgio Milliet e do pensador católico que foi Carlos Pinto Alves, seus modelos e mestres.
Sobre eles escreveria anos depois (1982):

"Em ambos frutificou o que de melhor foi pressentido nos últimos cinqüenta anos no mundo dos valores espirituais e ambos, como vasos comunicantes, transmitiram aos seus contemporâneos algumas preciosas lições de Humanidade sobremodo raras e difíceis...”

"... como todo o criador, Sérgio era um poeta. E essa visão poética do acontecimento literário e artístico, quepermeia toda a sua obra é que o transforma em grande e original crítico... Espírito europeu... porque cosmopolita, liberto de provincianismos mentais, civilizado com nobreza, Sérgio Milliet soube ensinar-nos o bom gosto. Com que clareza cristalina... corajosa elegância... finura nos transmitiu o seu sentido da poesia limpa, do verso profundamente poético... "

"Foi um mestre, mestre de poesia, mestre de Humanismo... Espíritos dessa desenvoltura vão sendo cada vez mais raros, porque a cultura vai deixando cada vez mais raros, porque a cultura vai deixando cada vez mais de ser uma conquista desinteressada..." (4)

E sobre o intelectual paulista, Carlos Pinto Alves:

"... um dos espíritos mais originais, aristocráticos e livres...”, dotado dos "... mais difíceis dons intelectuais e de sensibilidade... ...sua qualidade mestra consistia na capacidade para o diálogo... transfigurava-se... com a finura de um psicólogo nato... homem de eleição que foi em todos os momentos de sua existência... "(5)

Mundano, esteta e intelectual cético, a volta à Igreja, em 1944, despertou em Carlos Pinto Alves a inquietação do Cristianismo existencial teológico impregnado de uma visão poética da existência.

A leitura diária da Bíblia, dos Evangelhos, de Pascal, de Santa Catarina de Siena e Charles de Foucauld abriram-lhe o caminho da oração, dos Sacramentos e da vida litúrgica da Igreja.

Recíproca afinidade que envolveu para profunda comunhão intelectual e mística aproximou - a partir de 1957 - José Geraldo do pensador Carlos Pinto Alves, em quem o jovem jornalista encontrou o pai espiritual, o seu nume tutelar que, enquanto viveu - até 1966- soube proporcionar-lhe leal e desinteressado afeto e livre acesso ao convívio familiar à Alameda Barão de Piracicaba, meio a livros, tapetes raros, quadros, antigüidades e música...

Mil e novecentos e sessenta e seis... Coincidentemente, naquele ano, faleceram Carlos Pinto Alves e Sérgio Milliet, a 9 de setembro e 9 de novembro, respectivamente. Ambos, aos 68 anos...

Teriam sido as figuras mais marcantes na iniciação literária e filosófica de José Geraldo. E sua influência haveria de permanecer na trajetória intelectual e espiritual do então jovem crítico, ensaísta e poeta, que, quinze anos depois registrou em crônica jornalística:

"(...) Mais velhos que êste século e, todavia, mais novos e verdes que muitos dos seus
filhos (...)", "(...) A morte de Sérgio Milliet, dois meses após a morte de Carlos Pinto Alves... faz mais adensar-se em torno um anoitecer que assusta (...)" (6)

NOGUEIRA MOUTINHO

O CRÍTICO E A OBRA

A Crítica através da imprensa - anterior à Crítica universitária ainda desempenhava, entre nós, importante papelna formação do autodidatismo cultural, na vida literária e na própria metodologia da cultura, quando Nogueira Moutinho assumiu, na "Folha de São Paulo", em julho de 1961, a secção de comentários sobre livros e autores daLiteratura nacional contemporânea, da Literatura estrangeira e sobre temas da problemática cultural daAtualidade.

Dos dez primeiros anos de atividade (1961-1971) resultaram dois livros: "À Procura do Número" e A Fonte e a Forma" que recolhem a sua melhor produção crítica sobre poesia, ficção e ensaio, regularmente impressa no jornal durante aquele período. Livros, em que a erudição e a palavra do Autor ultrapassam o dever de ofício da Crítica-literária e buscam uma visão ética do mundo.

O À Procura do Número” (editado em 1967) compreende 27 ensaios aparentemente desligados, sem preocupação de unidade, tal a variedade de assuntos abordados (julho de 1961 e início de janeiro de 1965).
O título, singular, ter-se-ia inspirado em texto de Santo Agostinho, que diz:

"... tudo é belo porque encerra um número...”
"... para a alma e para o artista tudo encobre um número..."
"... suprimido o cálculo tudo se envolve em cega ignorância...”,

texto que indicaria a finalidade perseguida por toda a Crítica: a apreensão intuitiva e a comunicação da beleza oculta.

Nessa linha de pensamento, o primeiro livro de Nogueira Moutinho incorpora tentativas de exegese literária, de busca da função ideal da Crítica e da revelação dos elementos espirituais - a essência - inerentes aos textos criteriosamente selecionados.

Mais 50 admiráveis ensaios, correspondentes ao período de 1963 a 1971, compõem o livro "A Fonte e a Forma" (Rio, 1977, Ed. Imago) que oferece ampla e profunda visão do que se produziu em prosa e verso na Literaturabrasileira daquela década.

Lúcido, sereno e honesto observador, de extrema sensibilidade e domínio do conhecimento literário, finura e requintado bom gosto, Nogueira Moutinho, através da razão e da intuição, preocupa-se, de preferência, não com os autores, mas com a análise dos respectivos textos para esclarecimento dos leitores e, muitas vezes, dos próprios autores. Análise realçada pela erudição, elegante e envolvente discurso, claro, lógico e clássico.

Na área da poesia, que compreende metade dos ensaios de "A Fonte e a Forma", como crítico e poeta e como poeta e crítico, Nogueira Moutinho apresenta páginas indispensáveis à exegese das poesias de Carlos Drummond de Andrade, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes e Henriqueta Lisboa.

O título “A Fonte e a Forma" sugere a equivalência de Fonte e Forma, uma vez que a Forma pode permitir a visão transparente e simultânea da Fonte e tornar-se Fonte também: fonte de significação, de conscientização, de percepção, no entender de Ernst Jünger, filósofo do interesse de Nogueira Moutinho nos anos 70.

Á obra em prosa que legou Nogueira Moutinho ao mundo da Crítica literária incorporam-se outras duas, inéditas, ainda: "Diário Literário", à espera da necessária revisão. E, no prelo, "O Fabricante de Anzóis", curioso título alusivo à cidade de Pindamonhangaba, "lugar onde se fabricam anzóis", ou fábrica de anzóis", em língua indígena. Terra natal do Autor, pindamonhangabense e, portanto, o fabricante de anzóis".

São 45 ensaios sobre Literatura brasileira e estrangeira, escolhidos da notável produção jornalística de Nogueira Moutinho na "Folha de São Paulo", nos anos de 1972 a 1985.

Seqüência de dois primeiros pequenos-grandes volumes, insere-se nesta terceira coletânea na mesma linha do bom gosto e do discernimento de valores das anteriores, de autêntica expressão civilizadora e pedagógica de um dos mais completos analistas de textos da imprensa brasileira.

Além desses mais brilhantes ensaios - ao todo 122 - que o próprio Nogueira Moutinho selecionou e perpetuou em livros, ainda permanece dispersa volumosa produção de sua crítica literária, impressa, não somente na "Folha de São Paulo", mas no "O Estado..." e em outros jornais(7); em publicações avulsas e como comentários e prefácios de obras de poesia e prosa de renomados autores: Péricles Eugênio da Silva Ramos(8), Paulo Bomfim, Henriqueta Lisboa, Milton Vargas, João Batista Prado Rossi e outros.

A propósito dos conceitos de Nogueira Moutinho sobre o interesse da obra literária e o objetivo da crítica, nada melhor do que transcrever as suas próprias palavras:

"...as obras literárias somente valem, e tanto mais valem, na medida em que se revelarem como forma de conhecimento, como documentos reveladores do humano..."
e
"...o exercício da crítica, a aproximação das obras literárias, é unicamente pretexto para aprofundamento nadescoberta do homem, revelado em todas as dimensões de grandeza e de miséria através das obras nascidas dasua própria imaginação..." (9)

Caberia observar, ainda, como se ajusta ao próprio Nogueira Moutinho, sem qualquer reparo, o que ele escreveu a propósito de Charles Du-Bos, por ocasião do centenário do grande crítico francês (1882-1939) (10).

"... nele o espírito crítico não é feito de julgamento, mas de simpatia, de verdadeiras aproximações, degrau a degrau do valor de uma obra...”

"... Essa capacidade de reflexão... suscitou nele a admirável intuição que o faz localizar e exprimir como nenhum outro intérprete os "movimentos subterrâneos espirituais" de que nasce a obra de arte...”

No meio em que vivemos, em que prevalece o desinteresse pelas letras, artes e idéias - como já se observou nesta Casa - e quando os livros perdem espaço para certos meios de comunicação e cada vez menos se lê, Nogueira Moutinho vai muito além do trabalho resenhístico que fenece com o noticiário da véspera. Ele dá um tom maior ao ensaio que aspira perpetuar-se em livro. Ensina a ler. Orienta. Analisa. Interpreta. Divulga, propaga erudição. Desenvolve trabalho pedagógico de informação, de educação, de enriquecimento cultural. Acende luzes... Muitas luzes...

NA POESIA, O HOMEM

Rigoroso o itinerário intelectual pedagógico da crítica literária de Nogueira Moutinho, através das suas reflexões e interpretações de exímio e transparente analista de textos.

Na poesia, contudo, modernista e independente de correntes e grupos literários, o poeta José Geraldo engenha requintado idioma pessoal e busca as palavras arcaicas,vetustas, as raridades, as técnicas, as latinas, galicismos, adaptações, jogos de imagens e paradoxos, como a manter certo distanciamento aristocrático protetor do sentido e dos conceitos.

Em seus 60 poemas de influência eliotiana (l1), indiscutível beleza e profundidade, reunidos em livro sob o título Exercitia (Livraria Duas Cidades, S.Paulo, 1970), Nogueira Moutinho, introspectivo e, ao mesmo tempo analista de si próprio, permite, num relance, rápida visão do, seu recôndito e imperscrutável mundo interior que somente a poesia poderia revelar.

Aliás já dissera em livro:

“A poesia é manifestação silenciosa do ser...”
“A função da poesia é revelar o real..." (12)

Enquanto dos versos e poemas emana o espírito da Grécia e das correntes filosóficas que vararam os séculos e se movem as sombras de Platão, Virgilio e Dante e demais vultos do seu universo interior presentes em seus escritos, Nogueira Moutinho procura interpretar a constante inquietação que persegue o homem: a consciênciada própria fragilidade, da brevidade da vida, da fugacidade do tempo e das coisas, do destino inexorável, inelutável, do "devenir", do "devir", do "vir a ser"... ou seja, da transformação incessante, contínua e incontrolável pela qual as coisas se constroem e se dissolvem em outras coisas...

"Belo e amargo livro", disse Péricles Eugênio da Silva Ramos.

Belos e amargos os versos do poeta recolhido em si mesmo, distante, tímido, solitário; cultor da intimidade, do universo próprio acima do vulgar, arduamente curtido na interioridade em que, recessivo, assoma o pressentimento da morte, que faz pensar numa premonição poética da partida precoce, prematura e definitiva.

Poeta que soube exercer a vida do intelecto e o ofício do intelectual, com a "imagem perfeita..." da “...mocidade...” do fervor juvenil", escreveu Antonio Carlos Villaça ("O Lutador". Belo Horizonte, 3, Agosto, 1991).

Todavia, enquanto "... amava a vida" e “... sabia contemplá-la e exprimi-la...”, sob a inspiração da grande mística católica revelou-se o místico de extrema sensibilidade para a Liturgia e teve um pouco de São Bernardo, de Santa Tereza e de São João da Cruz, na observação de seu mestre de Filosofia, amigo e confessor.

Sua pessoa, seu íntimo, suas lucubrações filosóficas e poéticas, aprofundados no passado do homem e ao mesmo tempo na interrogação do futuro do ser humano, evocam Jano, a entidade mítica, o deus das portas da antigaRoma, de duas faces contrapostas -como as portas para o duplo descortino do ontem e do amanhã.

Nogueira Moutinho, os olhos na Antigüidade, procura, ao mesmo tempo, uma visão poética do além da vida e damorte: por admitir que o mistério subjacente é, em última análise, a única matéria digna de ser transformada em obra de arte e a essência da poesia é transmitir uma experiência de ordem metafísica e religiosa(13).Uma visão poética do além da vida e da morte, por acreditar que o estar aqui seria um "exercício de ser para ainda ser"(14).

Enquanto isso, no "belo e amargo livro" inscreve:

“A sós na madrugada
vejo o espelho do eterno... "(15)

"Ao longe esvai-se tudo quanto fomos
ou imaginamos ser; mas a imagem
perdida aguarda-nos no futuro,
igual a si mesma". (16)

Mais importante do que a biografia é o pensamento de Nogueira Moutinho que do admirável universo espiritualque construiu flue para a obra que deixou. É quando se perpetuam a sua imagem e a sua presença, porque, segundo ele próprio escreveu:

“O que a memória filtra está
isento da tesoura de Átropos...” (17),

aquela das três Parcas que cortava o fio da vida...

"O que a memória filtra está
isento da tesoura de Átropos..."

Como na História...

Notas:

(1) N. Moutinho, “Exercitia”, pgs. 69 e 7.
(2) Cf. Entrevista de 23 de agosto de 1991.
(3) “Exercitia” pg. 19.
(4) "Folha de São Paulo", Dezembro de 1982, entre os dias 5 e 26. "Sérgio Milliet".
(5) "A Fonte e a Forma". pgs. 50 e 52. "Carlos Pinto Alves".
(6) Folha de São Paulo - Dezembro de 1982, entre os dias 15 e 26. "Sérgio Milliet".
(7) A Academia Paulista de Letras arquiva expressiva coleção de mais de 200 títulos, de 15 de setembro de 1972 a 22 de dezembro de 1985.
(8) Péric1es Eugênio da Silva Ramos - "Noite da Memória", poesias. São Paulo. Ed. Arte, 1989.
(9) - "A Fonte e a Forma" pg. 27
(10) "Folha de São Paulo", 16 de novembro de 1982
(11) Thomaz Stearns Eliot (1988-1965), Prêmio Nobe1 1948.
(12) "A Fonte e a Forma", pgs. 128, 135.
(13) "À Procura do Número", pg. 146. "A Fonte e a Forma", pg. 8
(14) "A Fonte e a Forma", pg. 133
(15) “Exercitia”, pg. 115
(16) “Exercitia”, pg. 63
(17) “Exercitia”, pg. 115



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