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MAIS ARTE, MENOS SANGUE
Acadêmico: José Renato Nalini
Cultura e arte são ocupações rentáveis e satisfazem os mais genuínos anseios da alma humana.

Mais arte, menos sangue

Depois da carnificina em Suzano, o assassinato da Professora Elisabeth na EE Thomazia Montoro, os quatro inocentes liquidados a machadinha em Blumenau e quase trezentas ameaças feitas por psicopatas a Escolas Paulistas, é mais do que urgente repensar o que se oferece à infância e juventude contemporânea.

A política não oferece bons exemplos. A cada momento uma denúncia de corrupção, a busca de vantagens e a "aura sacra fame", a volúpia pelo dinheiro. As drogas, embora com esse nome genérico, persistem a conquistar grande parcela da juventude. Que nelas permanece até que os viciados adquiram a forma de farrapo humano.

Uma educação que não prepara o educando para o trabalho, até porque os empregos minguam. E ninguém se preocupa em mostrar à mocidade que há inúmeros caminhos abertos à espera de que eles despertem para as transformações do mundo.

A natureza precisa de braços amoráveis, que recuperem as perdas patrocinadas pela ignorância e pela cupidez. Mas há também o mundo da cultura e das artes. Quem se detém a analisar o balanço de gestão 2019/2022 da Amigos da Arte, fica impressionado com as chances que se oferecem a quem quiser navegar nessa onda.

A diretora geral Danielle Nigromonte e o Presidente do Conselho Administrativo, o insuperável José Gregori, o Ministro dos Direitos Humanos, comprovam a fidelidade à vocação de difundir a arte: "Nossa bússola é divulgar, promover, valorizar, fazer com que todos vejam a arte e que tenham acesso à cultura".

Fiel a esse compromisso, a Amigos da Arte não arrefeceu durante a pandemia. Promoveu o #CulturaEmCasa, já considerada a maior plataforma cultural gratuita de streaming da América Latina. Nesse triênio de difusão digital, divulgou mais de cinco mil conteúdos, visualizados oito milhões de vezes em cento e trinta e cinco países.
Como é importante verificar que uma Organização Social de Cultura - OSC, irmanada com o Governo do Estado, que tem a Secretaria da Cultura e Economia Criativa, hoje comandada pela incansável Marília Marton, consegue resultados tão auspiciosos. E não foi apenas no eixo paulistano, senão o impacto pulverizado em todas as regiões do Estado.

Os números são expressivos: 200 milhões investidos, mais de 12,3 mil atividades realizadas, mais de 5,9 milhões de público presencial, mais de oito milhões de visualizações na plataforma #CulturaEmCasa e mais de quatrocentos municípios partícipes.

Na capital, o Teatro Sérgio Cardoso converteu-se num dos palcos mais bem equipados do Brasil. Implementou-se o Sérgio Cardoso Digital, que já dispõe de mais de quarenta espetáculos e minidocs disponíveis. Isso viabilizou a realização de quase duas mil atividades, com publico presencial superior a 274 mil pessoas e um público virtual que se aproxima a 700 mil pessoas.

O Teatro de Araras é um equipamento cultural da Secretaria da Cultura e é uma referência na região. Foi projetado por Oscar Niemeyer, com obras de Athos Bulcão e Marianne Peretti. É um espaço administrado pela Amigos da Arte desde 2004 e tudo o que oferece é um sucesso de público e crítica.

Um dos paradoxais efeitos benéficos da Covid19 foi a criação da plataforma CulturaEmCasa, a maior plataforma de streaming cultural gratuita da América Latina. Sua preocupação foi oferecer conteúdos inéditos e exclusivos, com produção própria, como o Festival CulturaEmCasa, lives de artistas renomados, o IntensivãoCulturaEmCasa, com aulas e palestras de profissionais de arte e cultura e a série Diálogos Necessários, com debates de pensadores e intelectuais de diversas áreas.

Tudo isso faz com que a juventude tenha opções e se interesse por produzir conteúdo. Pense-se na recuperação do universo circense. Pois o Mundo do Circo SP é um amplo complexo cultural multiuso, especialmente dedicado à difusão de atividades circenses. É sediado no Parque da Juventude - Carandiru e tem notáveis espaços de apresentação: Grande Lona, Lona Multiuso e Picadeiro a Céu Aberto.

Para o interior se produziu o Juntos pela Cultura, que congrega Estado e Prefeituras, além de segmentos artísticos espalhados por todo o território paulista. Garante o protagonismo das cidades - São Paulo tem 645 municípios! - e é um chamado à juventude, para que encontre no desenvolvimento de suas aptidões e talentos, um caminho saudável para a plena realização pessoal.

Cultura e arte são ocupações rentáveis e satisfazem os mais genuínos anseios da alma humana. Quanto mais se investir nelas, menos razões o Brasil terá para lamentar episódios trágicos, nefastos e abomináveis como os que lembrei, aleatoriamente, no início desta reflexão.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão, 20 de abril de 2023.



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