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![]() Acadêmico: Gabriel Chalita Teresinha nasceu na França, em 1873. Francisco nasceu em Assis, em 1226. Então, não se encontraram por aqui. Por aqui, onde nos encontramos.
No Sagrado e na memória, moram Teresinha e Francisco Teresinha nasceu na França, em 1873. Francisco nasceu em Assis, em 1226. Então, não se encontraram por aqui. Por aqui, onde nos encontramos. Por aqui, onde nos encontramos, celebramos no dia primeiro de outubro a festa de Santa Teresinha. E no dia 4 de outubro a festa de São Francisco de Assis. E por que celebramos quem já não está aqui? Quem disse que não está? O que sabemos nós do que vai além do físico? Tão apequenados por realidades tão transitórias, deixamos de contemplar o Sagrado. E, ao deixarmos de contemplar o sagrado, nos deixamos. Nós somos, também, o Sagrado. Em nós, há uma memória do Sagrado e, todas as vezes que nos lembramos, nos elevamos. O que é matéria não permanece. O que é matéria nos foi dado e nós conquistamos para vivermos os prazeres que são bons, mas que passam. Os desejos humanos nos adoçam a existência. A existência é, entretanto, superior a eles. Nós somos o que não nos podem tirar de nós. Os bens materiais nos tiram de nós. O poder que hoje temos não sabemos se teremos amanhã. O que amealhamos com o suor do trabalho é direito nosso utilizar. O que nos diminui é vivermos em função deles. Dos bens. Das coisas. O que há de mais bonito é o que mora dentro. E o que mora dentro faz nascer em nós uma compreensão do quanto podemos ser felizes, quando cuidamos do que mora fora. Quando abraçamos o outro. A sua dor. A sua alegria. Teresinha descobriu esse reservatório interno muito menina. Entregou-se à oração e à compreensão de que, na delicadeza das coisas, Deus se manifesta. Ou na delicadeza de quem vê as coisas. Ou na alma de dentro alimentada de amor, alimentando os olhos para ver amor no que há de mais simples no universo. Queria Teresinha que, ao morrer, pudesse prosseguir espalhando amor pela terra. Uma chuva de acordar o mundo para o que é essencial ao mundo. Francisco compreendeu o amor pelo que permanece. Deixou de lado tudo o que o deixava de lado. Estava distraído na loja de seu pai, quando não foi ao encontro de um irmão que precisava. Precisou encontrar, em contato consigo mesmo, para ir revivendo os dias vividos sem amor. Amou plenamente os que davam trabalho, os que ninguém tinha tempo ou disposição para amar. Abraçou a natureza como sua casa. E viveu vivendo o bonito da existência. Por que nos lembramos deles tantos anos depois? Por que eles, que não se encontram onde nos encontramos e, mesmo assim, nos encontramos com eles? Porque o mundo não começou quando nascemos. Há os que vieram antes e que amaram e há outros, também. O olhar para trás é ensinador. O passado nos molda e nos muda quando olhamos para dentro. E há o futuro. Um futuro que nasce das compreensões do presente. E do passado. Tudo hoje. Hoje, quando nos lembramos Teresinha e Francisco. Quando nos lembramos o que fizemos ontem e que não nos trouxe paz e o que fizemos ontem e que nos revelou a razão do existir. É porque há o Sagrado em nós, também. Há uma centelha divina que chamamos consciência e que nos acorda para deixarmos os sonambulismos de lado e vivermos o que nos eleva. Os sonambulismos nos põem em desacordo com o que somos. A competição desenfreada, o descarte do outro em nome de alguma coisa que eu queira para mim. Coisas não podem ser superiores ao humano. Humanos que somos deveríamos saber. Teresinha e Francisco moram no Sagrado que ainda nos é mistério. Mas moram aqui, também. Nos exemplos que ficaram. Fui à missa de Santa Teresinha e vi uma multidão oferecendo e recebendo rosas. E fui à missa de São Francisco e vi mulheres, homens, animais, a natureza pedindo benção. Fui orar e fui aprender. Gestos de delicadeza e de cuidado melhoram o mundo. Aos que desacreditam por acreditarem que o mundo está tão perdido que não tem solução, um modesto oferecimento, duas histórias que não terminaram porque compreenderam o amor. Quem sabe nos inspire. Quem sabe de inspiração em inspiração vamos jardinando um mundo com mais amor. Educador que sou não posso desacreditar que o amanhã existe. Nem que, mesmo em terras áridas, uma flor consiga brotar. Publicado em O Dia, em 05 10 2025 ![]() ![]() |
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