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CORREDOR CAIPIRA
Acadêmico: José Renato Nalini
Todas as cidades deveriam fazer algo semelhante. A obrigação de adaptar o ambiente para que os fenômenos extremos não sacrifiquem vidas nem causem excessivos prejuízos é dos municípios. Lembrar do lema do início da ecologia: pensar globalmente, agir localmente

Corredor Caipira

A USP, além de ser a maior e melhor Universidade Brasileira, tem uma gestão voltada a se comunicar mais com a sociedade civil e a atender às demandas do mercado. Aliás, como fazem as maiores Universidades do planeta, que não podem se converter em nichos de iniciados, com estudos esotéricos e distanciados da realidade.

Na comunicação com a cidadania, há projetos como “Corredor Caipira”, coordenado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Uma das atrações é o podcast “Histórias da Floresta”, que já apresentou vários episódios. Um deles, o quinto da série, se chamou “As capivaras estão com tudo! Mas isso é bom para a floresta?

Sabe-se que a invasão de capivaras às margens dos rios causa polêmicas. Muita gente as acusa de serem transmissoras de enfermidades. Mas o intuito do programa é ajudar a conscientização ambiental e, com isso, alavancar a preservação da natureza.

As capivaras são os maiores roedores viventes. A espécie era ignorada pela população e só estudada por biólogos e veterinários. Mas sua presença nos rios Pinheiros e Tietê, e em vários outros cursos d’água do interior paulista, passaram a ser conhecidas por todos. Já serviram como mascotes e estão sendo mais respeitadas do que já foram há tempos. Lembram um porquinho da índia gigante, pois pertencem à mesma família. São herbívoros, têm hábitos subaquáticos e é na água que se abrigam para se protegerem dos predadores.

Por serem simpáticos, têm tudo para se tornar animal símbolo de conscientização e preservação ambiental.

O quarto episódio contemplou o tema “Combatendo as mudanças climáticas no município”, com foco nas políticas destinadas a adaptar os municípios para o enfrentamento dos impactos causados pelos fenômenos extremos. O terceiro tratou da importância na realização de mutirões de plantio, com a implantação de SAFs – Sistemas Agroflorestais, um processo que congrega diversidade de espécies, aumenta a produção de alimentos e conecta pessoas, algo que deveria ser replicado em todas as cidades.

No segundo episódio, o assunto foram as queimadas que tanto prejudicam a natureza, a lavoura, a economia e as pessoas. O impacto do fogo é drástico. E pensar que mais de noventa por cento dos incêndios em São Paulo há dois anos foram provocados? Ou seja, foram criminosos!

O primeiro episódio da série abordou os eventos climáticos extremos, como temporais e enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul, causando prejuízos e mortes, deixando pessoas desabrigadas e um golpe fatal na economia gaúcha. Também houve tragédias em São Sebastião, no interior de São Paulo e em outros espaços brasileiros, assim como ocorreram em todo o planeta. E vão se intensificar cada vez mais. Por isso é que urge a consciência cidadã de que o maior perigo que ronda a humanidade é o cataclismo ambiental.

Todos deveriam tomar conhecimento desse projeto “Corredor Caipira: Conectando Paisagens e Pessoas”, realização da Fundação de Estudos Agrários “Luiz de Queiroz” e do Núcleo de Cultura e Extensão em Educação e Conservação Ambiental da ESALQ. Foi um programa aprovado pela Petrobrás Socioambiental e entre os parceiros estão comunidades locais, pesquisadores, educadores, empresas, instituições de pesquisa e órgãos ambientais da sociedade civil e da esfera pública.

É bem ambiciosa a pretensão do projeto: formar ao menos cento e quinze hectares de florestas e agroflorestas, formando corredores ecológicos para conectar fragmentos florestais de Piracicaba, São Pedro, Águas de São Pedro, Santa maria da Serra e Anhembi. Já foi também criado o Banco Ativo de Germoplasma para a conservação genética de vinte espécies florestais nativas com relevância econômica e ecológica.

A criação de corredores ecológicos é algo de enorme relevância. Une fragmentos florestais isolados que, formando um todo, representarão contínuos ambientais importantes. Favorecer-se-á a intensificação de processos ecológicos quais a polinização e dispersão de frutos e sementes. Mas também conectará pessoas às paisagens mediante iniciativas educadoras e articulação de políticas públicas. Valoriza-se a cultura local e integra a comunidade com o corredor que passa a ser um patrimônio regional.

Todas as cidades deveriam fazer algo semelhante. A obrigação de adaptar o ambiente para que os fenômenos extremos não sacrifiquem vidas nem causem excessivos prejuízos é dos municípios. Cada qual tem de cuidar do seu próprio espaço e de sua gente. Lembrar do lema do início da ecologia: pensar globalmente, agir localmente. Essa a receita! Ajamos, pois!

Publicado no Estadão/Blog do Fausto Macedo, em 02 09 2025



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