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![]() Acadêmico: José Renato Nalini Para não perder o horizonte da esperança, é preciso recorrer a mentes privilegiadas. Muitas delas estão na profissão docente. O professor é aquele que tem por ofício mostrar soluções para os seus educandos. Convencê-los de que a atuação individual é importante e que muita gente, fazendo muita coisa boa, consegue milagres
O horizonte da esperança O que está faltando ao mundo? Amor! Isso não é novidade e já foi cantado em prosa, verso e música. Mas a falta de afeto em relação à natureza causou a tragédia dos desastres climáticos, que não são naturais, mas provocados pela insensatez humana. Infelizmente, são poucas as pessoas lúcidas que conseguem discernir o quanto poderiam fazer para mudar as cores do quadro que se avizinha. Temperaturas cada vez mais elevadas. Matando pessoas, tornando outras inválidas. Impedindo a realização de atividades normais, como aulas, trabalho, locomoção e diversão. Mais séria ainda, a escassez hídrica. O mundo vai ficando sem água. Nós também, por mais que se acredite estarmos num território que foi abençoado com tanta água. É que poluímos muito aquela que sobrou. E sobrou muito pouco. Porque não plantamos árvores, ao contrário: nós as cortamos. A resposta vem como castigo da natureza sobre os humanos. Para não perder o horizonte da esperança, é preciso recorrer a mentes privilegiadas. Muitas delas estão na profissão docente. O professor é aquele profissional que tem por ofício mostrar soluções para os seus educandos. Convencê-los de que a atuação individual é importante e que muita gente, fazendo muita coisa boa, consegue milagres. Os educadores são os trabalhadores que merecem todo o respeito por parte dos alunos, de seus pais, de toda a sociedade. Não é só lembrar deles no dia 15 de outubro, a data que celebra seu dia. É agradecer todos os dias e com muita ênfase. Deles depende o futuro da humanidade. Se desistirem, não haverá amanhã para esta aventura multimilenar. Outro ser provido de condições singulares para ajudar a humanidade a não perder o horizonte da esperança é o artista. O Papa Francisco, um Papa ecológico, não por coincidência escolheu o nome do “Poverello di Assisi”, que chamava todas as criaturas de “irmãs”, escreveu para os artistas e pessoas da cultura que “em tempos de crise da alma e de significado, o artista tem a missão de ajudar a humanidade a não perder a direção, a não perder o horizonte da esperança”. A inspiração para a reflexão do Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, que falou em nome do Pontífice hospitalizado, foi o Evangelho das bem-aventuranças. Os artistas e profissionais da cultura têm o dever especial de participar da construção de um mundo melhor por meio do olhar e do espírito aberto às mazelas do planeta e de levar esperança aonde for possível. “Educar para a beleza é educar para a esperança”, disse o Papa Francisco. Para o Sumo Pontífice, “a verdadeira esperança está entrelaçada com o drama da existência humana. Não é um refúgio confortável, mas um fogo que queima e ilumina, como a Palavra de Deus. É por isso que a arte autêntica é sempre um encontro com o mistério, com a beleza que nos ultrapassa, com a dor que nos questiona, com a verdade que nos chama”. Essa a missão dos artistas, dos profissionais da cultura e dos educadores. Eles são providos de singular sensibilidade sobre a realidade contemporânea e são chamados a “iluminar a estrada” para os outros. Na mensagem papal, o apelo final foi muito eloquente: “Queridos artistas: vejo em vocês guardiões da beleza que sabe como se inclinar sobre as feridas do mundo, que sabe como ouvir o clamor dos pobres, dos sofredores, dos feridos, dos presos, dos perseguidos, dos refugiados. Vejo em vocês os guardiões das bem-aventuranças! Vivemos em uma época em que novos muros estão sendo erguidos, quando as diferenças se tornam um pretexto para a divisão, em vez de uma oportunidade para o enriquecimento mútuo. Mas vocês, homens e mulheres de cultura, são chamados a construir pontes, a criar espaços para o encontro e o diálogo, a iluminar mentes e aquecer corações”. Independentemente da confissão religiosa, os humanos angustiados com a violência, com a corrida armamentista, com os desvarios dos eleitos democraticamente, com a inércia dos covardes, com a agonia da natureza, podem se inebriar desta mensagem e aceitarem a missão delegada pelo Bispo de Roma: ser faróis para que, na obscuridade moral, brilhe a esperança e sirva para a correção de rota de uma humanidade impregnada de egoísmo e desprovida de bússola. Publicado no Estadão/Blog do Fausto Macedo, em 24 02 2025 ![]() ![]() |
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