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Acadêmico: Gabriel Chalita Caminhava fora e pensava dentro. Caminhava nos caminhos da areia, da areia da praia, da praia do mar. Caminhava e deixava ventar. Ventar em mim. Nos pensamentos que já poderiam desocupar.
Os passos da consciência Caminhava fora e pensava dentro. Caminhava nos caminhos da areia, da areia da praia, da praia do mar. Caminhava e deixava ventar. Ventar em mim. Nos pensamentos que já poderiam desocupar. Foi o que pensei, quando voltei do caminhar e vi os meus próprios passos na areia. Alguns ainda fortes, outros já aliviados pelas águas do mar. Alguns passos ficam, outros passos vão. O sol é do amanhecer. As montanhas, ao longe, me lembram que há o longe. E o céu no alto que há o alto. O alto onde voam os que sabem voar. Mesmo com os passos. Os passos da consciência. Não tenho o poder sobre os passos por onde passei. O mar é quem decide como e quando apagar. Posso deixar ventar. Em mim. E deixar o vento levar os passos em que não vale a pena pensar. O pensar é um aprendizado. Como o caminhar. Como o ver e o sentir o mar. Nas quedas das caminhadas, há o tempo do levantar. Quem tem para onde ir levanta mais rápido. Quem tem o pensar pensando o sol ainda amanhecendo tem o pensar continuando a pensar o belo até o sol se despedir. Caminhava nos caminhos da areia e via o belo. O belo sempre há. O belo é o que nos leva ao alto. É do alto que chove o belo. Chove chuva sem parar. Mesmo quando chuva não há. O alto é generoso como o mar. O mar não banha a si mesmo. Enquanto caminho, vejo as árvores. As árvores não se alimentam dos próprios frutos. Os passos da consciência oferecem anoiteceres também belos. No desligar do dia, a consciência de poder dizer dos passos que dei e que foram generosos como o mar que não banha a si mesmo ou as árvores que não se alimentam dos próprios frutos ou as nuvens que chovem para os outros é um aliviar. Os passos mais fortes do caminhar são sempre os passos da generosidade. São os que ficam. Nas vidas que se alimentaram das nossas vidas. Nas mãos que apertaram as nossas para o levantar. Há perigos no caminhar. Há o que fere. Há o que sangra. Há o que causa dor. A dor é, também, um ensinador da consciência. As mãos que apertam as mãos para o levantar aliviam a dor. As mãos levantadas pelas generosidades compreendem o belo do junto com alguém estar. Caminhava fora e pensava dentro. Fora, não havia ninguém. Dentro, um universo de vidas que já caminharam comigo. Dentro, o alto. A oração que me faz sentir Deus no vento, nas águas, nas árvores e seus frutos e nos frutos de tantos encontros que encontrei no caminhar. Era apenas o amanhecer de mais um dia e meu dia sorria felicidades para mim. A felicidade é um verbo que precisa do caminhar. Nas areias ou nas nuvens onde moram alguns pensamentos. Pés nos chãos e olhos na eternidade. E o caminhar. E os passos da consciência conscientizando os dias que o melhor é amar. Publicado no portal O Dia, em 28 07 2024 voltar |
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