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MAUÁ COMO PESSOA
Acadêmico: José Renato Nalini
O Visconde e a Viscondessa de Mauá tiveram dezoito filhos. Não são conhecidos os nomes de todos, pois alguns morreram muito cedo. Sabe-se um pouco mediante consulta de anotações em diários e cadernos que serviam para o registro de despesas domésticas

Mauá como pessoa

Embora esquecido, Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá foi um brasileiro dos mais ilustres e representativos de uma época. O segundo Império concentra sua atenção no magnânimo e bonachão Pedro II e nem sempre enaltece figuras atuantes e capazes de transformar a modorrenta vida tupiniquim, com ideias hauridas em solo estrangeiro.

Fala-se do empreendedorismo de Mauá, que se dedicou a inúmeras obras, como várias estradas de ferro, inclusive a São Paulo Railway, que lhe custou a fortuna e lhe causou a ruína. Falido, fez uma detalhada e minuciosa exposição de motivos aos credores, que é conhecida como sua autobiografia. Antes disso, já escrevera um texto sobre o Meio Circulante no Brasil.

Mas pouco se fala a respeito de sua vida pessoal. Nasceu em 28 de dezembro de 1813, em Arroio Grande, que pertencia ao município de Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Faleceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 21 de outubro de 1889, poucos dias antes da proclamação da República. Foi sepultado no dia seguinte no Cemitério da Ordem de São Francisco de Paula, no Rio de Janeiro.

Era filho de Mariana Baptista de Carvalho, natural de Arroio Grande, filha de José Baptista de Carvalho, estancieiro, também de Arroio Grande, onde era muito considerado e de D. Isabel, de família holandesa. Sobre D. Isabel, avó materna de Irineu, consta que seu corpo, depois de meio século sepultado, foi encontrado em perfeito estado.

Mariana se casou em 1810, em Arroio Grande, com João Evangelista de Ávila e Sousa, natural de Jaguarão. Ele morreu assassinado no Uruguai e era filho de Manuel Jerônimo de Sousa e Maria de Ávila e Sousa, pertencente à família dos Ávila e Sousa, valentes farroupilhas, cujos antepassados constam do Nobiliário Sul Rio Grandense.

Contraiu Mariana segundas núpcias em 1822, enviuvando novamente alguns anos depois. Faleceu no Rio de Janeiro em 1877.

Seu filho Irineu, nascido no primeiro casamento, casou-se em 11 de abril de 1841 com Maria Joaquina de Sousa Machado, sua sobrinha, nascida no Rio Grande do Sul em 6 de julho de 1825 e falecida em Petrópolis em 15 de março de 1904. Era filha da irmã de Irineu, Guilhermina de Sousa, que nasceu em Arroio Grande em 21 de abril de 1811 e faleceu no Rio de Janeiro em 1890, e era casada desde 1822, com José Machado de Lima, natural do Rio Grande do Sul e primo do Senador Pinheiro Machado.

O Visconde e a Viscondessa de Mauá tiveram dezoito filhos. Não são conhecidos os nomes de todos, pois alguns morreram muito cedo. Sabe-se um pouco mediante consulta de anotações em diários e cadernos que serviam para o registro de despesas domésticas. Assim, uma das filhas, Lysia, morreu aos treze anos. Irineu também morreu cedo. Gêmeos do sexo masculino morreram na primeira idade.

Quem cuidou de manter a genealogia da família do Visconde de Mauá foi seu filho Irineu Evangelista de Sousa, comendador, que nasceu no Rio de Janeiro em 24 de fevereiro de 1871 e faleceu em Petrópolis, no dia 23 de fevereiro de 1915. Casou-se na capital do Império em 16 de fevereiro de 1871, com Jesuína de Azevedo Salles, nascida em Porto Alegre, no dia 27 de maio de 1854 e falecida no Distrito Federal em 28 de setembro de 1940. Jesuína era filha dos Barões de Irapuã.

Sobre os netos do Visconde de Mauá conhece-se Alice Salles de Sousa, nascida no Rio em 6 de outubro de 1872, em casa de seus avós paternos, em São Cristóvão, no Palácio que pertenceu à Marquesa de Santos e que foi adquirido por Mauá. Faleceu em São Paulo, no dia 12 de fevereiro de 1900, em consequência do parto de seu quarto filho. Casara-se no Rio em 6 de outubro de 1888, com seu parente, pelo lado do Barão de Irapuã, Evaristo Ferreira da Veiga, natural de Campanha, Minas Gerais, médico que se estabeleceu primeiramente em Bagé, RS, depois em São Paulo, onde faleceu em 1935, com 72 anos, deixando viúva sua segunda esposa, Francisca de Barros e três filhos do primeiro matrimônio.

Ainda há muitos descendentes do Visconde de Mauá, cujos casamentos conduziram a patronímicos como Sodré, Munhós, Fialho, Mattos, Ganns, Quartim, Sampaio e outros. Quantos deles ainda reverenciam o pai do empreendedorismo tupiniquim?

Publicado no jornal O Estado de S. Paulo/Blog do Fausto Macedo, em 12 07 2024



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