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Acadêmico: José Renato Nalini Quem tiver juízo não poderá permanecer inerte. Precisará agir. Plantando uma árvore, economizando água, deixando de abusar no transporte egoísta do carro que transporta um só passageiro, preferindo o etanol à gasolina, dando destinação correta aos seus resíduos sólidos
Haverá amanhã? Celebrar o meio ambiente em 2024 é muito mais do que mera comemoração convencional e passageira. Os acontecimentos no Rio Grande do Sul e, em menor extensão em outros Estados, se acrescentam a eventos no mundo inteiro. A comprovar que as mudanças climáticas não são invenção de fundamentalistas ecológicos, mas a resposta do planeta aos contínuos e inclementes maus tratos que lhe inflige o bicho-homem. Somos fabricantes de desertos, de leitos mortos que conduzem toda espécie de imundície que descartamos, sem conferir o destino adequado, que pode ser meio de subsistência para muitos carentes. Derrubamos árvores, impermeabilizamos o solo, impedindo que a água se escoe. Construímos em beira de córrego, abusamos no uso do líquido sem o qual não há qualquer espécie de vida. Nas cidades, usamos a mangueira como substituto hidráulico àquela simples e útil invenção, a vassoura! O desperdício é a regra e isso apressa o fim da aventura humana sobre este sofrido planeta. Na cidade de São Paulo, se cada habitante economizasse ao menos um litro de água por dia, seriam doze milhões diários de economia. Insistimos na utilização de combustíveis fósseis, mesmo sabendo que eles expelem venenos que nos matam cada vez com maior eficiência. Relutamos em dispensar o uso do automóvel, ao menos uma vez por semana, assim como abominamos a “segunda-feira sem carne”, embora tendo ciência de que a pecuária é a atividade que mais emite os gases venenosos causadores do efeito-estufa. Deixamos que os nossos legisladores aprovem pacotes de maldade, em evidente e cruel retrocesso a uma política verde que foi considerada promissora e que garantiu ao Brasil um respeito até então inexistente: a potência verde, que garantiria o sequestro de carbono para compensar o passado comprometedor do Primeiro Mundo. Celebrar o meio ambiente é agir, em lugar da inércia estéril e nefasta. Plantar árvores, pois o mundo precisa de um trilhão de novas árvores, o Brasil pelo menos um bilhão e a cidade de São Paulo tem carência de um milhão de árvores. E o que se vê a cada ano? O plantio de “uma” árvore no dia reservado a ela. Quando as motosserras atuam de forma incessante e destroem, em alguns minutos, o que a natureza levou centenas ou milhares de anos para nos oferecer. É hora de despertar. De pensar se essa é realmente a nossa escolha: apressar o fim dos tempos. Lembrar que não é a Terra que corre perigo. Ela continuará a existir, como parte pouco significativa de uma galáxia de terceira categoria, perdida num cosmos cuja dimensão nossa vã pretensão sequer consegue imaginar. A Terra continuará a existir, mas prescindirá da espécie humana para tanto. E quem tiver juízo não poderá permanecer inerte. Precisará agir. Plantando uma árvore, economizando água, deixando de abusar no transporte egoísta do carro que transporta um só passageiro, preferindo o etanol à gasolina, dando destinação correta aos seus resíduos sólidos. Mas, principalmente, cobrando do Parlamento Federal maior compostura em relação ao trato ecológico deste Brasil sofrido. Sem mais pacotes de maldade, sem flexibilização no licenciamento ambiental, sem a permissão de que no Brasil tenham livre ingresso os herbicidas proibidos em sua origem, pois letais e assassinos. Bradando contra a invasão das áreas reservadas aos mananciais, pois a crise hídrica, se vier a se abater sobre São Paulo, será muito mais grave do que aquela de 2014. E existem áreas em que a ocupação deve ser vedada, sob pena de não existir condições de existência digna para milhões de pessoas. A moradia é um direito fundamental, mas não pode se sobrepor ao direito à vida. Sem água não há vida e esta corre perigo se a destruição das nascentes prosseguir nesse ritmo criminoso que hoje se verifica. Faça alguma coisa pela natureza. Proteja o meio ambiente. Você estará protegendo você mesmo, sua família, a vida de seus descendentes. E acredite na ciência. Se for difícil, percorra as fotos e vídeos da tragédia gaúcha e pense se é isso o que você quer para a sua família. Celebração do meio ambiente com muito juízo, muita vontade de mudar e muita coragem. Pois a ignorância, de braços dados com a ganância, ainda está ganhando de lavada. Publicado no jornal O Estado de S. Paulo/Blog do Fausto Macedo, em 15 06 2024 voltar |
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