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Acadêmico: José Renato Nalini Já passou da hora de fazer a escola brasileira ensinar coisas úteis às crianças. Não fazê-las decorar inutilidades, mas prepará-las para os desafios que enfrentarão
Ensinar o que é útil Já passou da hora de fazer a escola brasileira ensinar coisas úteis às crianças. Não fazê-las decorar inutilidades, mas prepará-las para os desafios que enfrentarão. Como se abrigar quando de fenômenos extremos? Como evitar que suas casas sejam alagadas? Como socorrer os indefesos? Como se acautelar para que as respostas da natureza gravemente ferida não nos atinjam? Algo que é urgente e imprescindível, é treinar as novas gerações a fugirem do fantasma da excessiva produção de resíduos sólidos. Países atrasados são os que mais desperdiçam. O volume de lixo e de descarte é um precioso indicador do subdesenvolvimento dos emergentes. Há iniciativas benfazejas, mas em escala muito reduzida para a tragédia do descarte tupiniquim. Uma delas é a coleção “Mudanças Climáticas”, que tem um volume destinado à coleta seletiva. A obra é de Celi Pereira e Elton Soares de Oliveira, com ilustrações de Tony Oliveira. Parte do programa de Coleta Seletiva que pode servir para todo e qualquer município. De acordo com a Lei Federal 12.305/2010, a coleta seletiva consiste em recolher resíduos sólidos previamente segregados, de acordo com sua composição. O sistema de coleta seletiva é instrumento essencial para se atingir a meta de disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Inúmeras as vantagens desse processo: diminui a quantidade final de resíduos destinados a aterro, aumentando sua vida útil; diminui os gastos com varrição e coleta; reduz o desperdício de energia e de recursos extraídos da natureza; diminui a poluição do solo, da água, do ar e evita o desmatamento; gera trabalho para a comunidade e melhora a qualidade de vida da população. Isso só funciona quando a população é ambientalmente sensibilizada. Mas todos são chamados a contribuir com algo que vai atingir e beneficiar toda a comunidade. É importante estimular a criação de cooperativas de reciclagem, ao lado dos catadores de recicláveis que dão conta de limpar a imundície causada pela mais escancarada falta de educação, algo generalizado em todas as cidades. Em lugar de preencher a memória infantil de dados inúteis, desnecessários e que, se acaso for preciso encontra-los, bastará um clique numa bugiganga eletrônica qualquer, é preciso oferecer uma educação para a cidade sem lixo. O descarte é responsável pelo menos por 10 das emissões de dióxido de carbono e de outros gases venenosos causadores do efeito estufa. Enquanto a questão dos transportes e da energia compete prioritariamente ao governo federal, nesta República defeituosa, que torna o município entidade federada, mas não oferece recursos para que ela exerça tal condição, o tema resíduos sólidos é de estrita competência da cidade. É urgente conscientizar a criança de que lixo também produz a situação terrível em que a Terra se encontra: aquecimento global, tempestades, secas, fome, desmatamento, queimadas, ilhas de calor. Todos os dias somos surpreendidos por tragédia, destruição e morte. Cada vez mais perto, cada vez mais provável aconteça conosco. Não é civilizado converter nossos córregos e rios em condutores de lixo. Terrenos baldios, se existirem, deveriam servir para a formação de pequenas florestas, as “pocket forests” ou “florestas de bolso” dos povos civilizados, em lugar de se transformarem em depósito de lixo. Tudo o que consumimos deveria merecer de quem produz o que compramos, um olhar mais consciente. Logística reversa é a estratégia de fazer com que tudo aquilo que tem uma vida útil seja reaproveitado ou tenha destino saudável por conta de quem lucrou com sua fabricação e venda. Tudo pode ter um destino mais nobre do que sujar o solo, a água, poluir a atmosfera. Lixo só passa a existir, a partir do momento em que as pessoas misturam os resíduos recicláveis com os orgânicos e os rejeitos. O resíduo sólido tem valor comercial. Pode sustentar famílias, o que já acontece, mas em escala mínima. É urgente que, em cada escola, surjam as lideranças sensíveis e éticas, preocupadas em não transformar o mundo, o único que ainda temos para viver, seja uma grande esfera suja, malcheirosa e causadora de enfermidades. Sim, a Terra é uma esfera! O terraplanismo é uma doença que tende a desaparecer, com a frequência com que o clima está a demonstrar seu descontentamento com a ignorância e inclemência do bicho-homem. Publicado no Estadão/Blog do Fausto Macedo, em 31 05 2024 voltar |
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