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CRISE CLIMÁTICA E PROCRIAÇÃO
Acadêmico: José Renato Nalini
O maior perigo hoje interposto à continuidade da vida é a mudança climática. Se a questão ainda não é de domínio público, por ignorância, inércia ou comodismo, ela está em vias de sê-lo.

Crise climática e procriação

Há dias um amigo indagou: - “Por que uma Secretaria de Mudanças Climáticas na Prefeitura de São Paulo?”.

Respondi a ele que o maior perigo hoje interposto à continuidade da vida é a mudança climática. Se a questão ainda não é de domínio público, por ignorância, inércia ou comodismo, ela está em vias de sê-lo. Pois ninguém conseguirá fugir ao enfrentamento.

Mudança climática interfere com tudo. Não é apenas com a morte da natureza. Antes disso, ela causa prejuízos econômicos, afeta a produção de alimentos, acaba com o turismo, ceifa vidas.

Até contribui para a convicção de muitos adultos de que não vale a pena ter filhos neste planeta cada vez mais inóspito e que em breve se tornará inabitável.

Michael Kepp, jornalista americano radicado no Brasil, escreveu na FSP em 11.2.24: “Pergunto-me como é que os casais que desejam ter filhos lidam com o fato de que seus descendentes herdarão um planeta cada vez mais quente e cheio de catástrofes climáticas”.

As estatísticas contradizem os céticos. O mundo não tem condições de “se curar” sozinho. Ele foi ferido de morte por esta raça que se considera racional. E, apesar de tantos avisos, de tantas advertências e da conclamação da ciência a que nos convertamos e mudemos nossos hábitos de consumo, continuamos na insana emissão de gases causadores do efeito-estufa.

As crianças continuam a nascer e seus pais, aparentemente, não se preocupam com as mudanças climáticas. Deveriam refletir sobre o que diz Michael Kepp: “Devo trazer para o mundo uma criança que, quando envelhecer, terá que enfrentar um clima tão caótico que fará com que ela e todos os outros seres vivos sofram muito, talvez insuportavelmente?”.

Ou será que os pais terão de ouvir de sua prole o dolorido desabafo: “Pai, já que não pedi para nascer e você sabia que este mundo iria se tornar cada vez mais inabitável, por que me colocou neste planeta infernal?”.

Não faltam avisos. O Secretário-Geral da ONU afirmou que já começou a era da ebulição e que estamos no cursinho para o Inferno...

Publicado no jornal Diário do Litoral, em 31 05 2024



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