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Acadêmico: José Renato Nalini Faleceram o educador Paulo Nathanael Pereira de Souza e o Embaixador de Portugal em Cabo Verde, Paulo Lourenço, que serviu como Cônsul Geral em nosso Estado durante vários anos.
São Paulo perdeu dois Paulos O final de maio reservou tristezas para São Paulo. Faleceram o educador Paulo Nathanael Pereira de Souza e o Embaixador de Portugal em Cabo Verde, Paulo Lourenço, que serviu como Cônsul Geral em nosso Estado durante vários anos. Mais exatamente, entre 2012 e 2018. Paulo Jorge Lopes Lourenço nasceu a 10 de maço de 1972 em Angola. Diplomata de carreira desde 1995 e desempenhou funções nas embaixadas de Portugal em Luanda, Londres, Saravejo e Belgrado. Aqui em São Paulo, Paulo Lourenço foi um vigoroso batalhador pela implementação de uma Escola de Portugal, um organismo que daria dupla titulação aos educandos, reforçando a aliança entre dois países que têm tudo em comum: idioma, cultura, tradições e consistente cimento afetivo. Erudito, sem ser arrogante, profundo conhecedor da diplomacia, era provido de uma simpatia cativante. Seu período paulista foi repleto de atividades no Consulado Geral, onde fazia constantes reuniões culturais, para confraternização e para estreitamento relacional luso-brasileiro. Paulo Nathanael Pereira de Souza nasceu em José Paulino, hoje Paulínia, em 25 de março de 1929. Vocacionado à educação, formou-se no tradicional curso normal, hoje lamentavelmente extinto. Era o curso que ensinava os alfabetizadores, dos quais o Brasil hoje sente insuprível falta. Em concurso público foi aprovado na disciplina História e foi ser professor em Tupã. Antes disso, exerceu a vereança em São Carlos. Sua carreira na educação paulista e brasileira foi consistente. Inspetor regional em Itapetininga e Tupã, na capital exerceu a chefia do Ensino Secundário e Normal, a Coordenadoria Geral do Ensino e a Secretaria Municipal de Educação. Nunca abandonou a trincheira da educação, que considerava o maior desafio para o Brasil se converter na nação de nossos sonhos. Ensinou na Universidade e foi Reitor de diversas delas, tanto acadêmicas como corporativas. Integrou o Conselho Estadual de Educação e o Conselho Federal de Educação, do qual também foi Presidente. Presidiu o Cenafor, o CIEE e a Academia Paulista de Educação e História. Foi eleito imortal da Academia Paulista de Letras, no ano de 2009, sucedendo ao escritor e jornalista Benedicto Ferri de Barros. Exerceu a tesouraria da Instituição do Largo do Arouche, que Ives Gandra da Silva Martins considera “a casa de cultura por excelência” da gente paulista. Ali, foi um assíduo frequentador das reuniões semanais. Embora debilitado, nunca faltou às sessões, às quais comparecia de cadeira de rodas e auxiliado por um cuidador. Ainda recentemente, fez um pronunciamento lamentando que o sistema educacional estatal registrasse retrocessos, em lugar de avanços. E destinou à Biblioteca da Academia Paulista de Letras, exemplares raros de sua preciosa coleção particular. Acima de tudo, era um cavalheiro. Polido, elegante, provido de um talento oratório preciso e discreto. Sabia conduzir um auditório. Tom de voz de timbre agradável e profissional. Manifestava-se com autoridade sobre a vasta extensão dos assuntos que dominava. Nunca se recusava a participar de eventos destinados a fazer com que a infância e a juventude se interessassem pela literatura, pela cultura, pelas artes e pela ética. Conhecedor e colecionador de artes plásticas, era amigo de respeitados artistas. Foi assim que serviu, mais de uma vez, como jurado para a outorga de prêmios aos participantes dos inesquecíveis Encontros Jundiaienses de Arte – EJAs, promovidos em Jundiaí sob o patrocínio dos mecenas Dulce Ribeiro Simonsen e Victor Geraldo Simonsen. Na publicação do livro institucional em celebração aos 110 anos da Academia Paulista de Letras, ao lado da bela foto de Márcio Scavone, ele escolheu a frase para destacar o seu perfil de educador: “Se à escolarização universal dos ensinos fundamental e médio não se justapuser a permanência dos alunos até o final dos cursos, a escola não estará sendo nem democrática, nem justa, nem eficiente”. Deixou ainda uma lição coerente com sua missão educacional. O texto que hoje ornamenta sua página-testemunho na edição comemorativa: “Vivemos na educação a idade do conhecimento, ou, como querem outros, da informação. Sua característica principal é a velocidade, que torna obsoleto em curto prazo, aquilo que, no passado, levava anos – e até séculos – para reclamar mudanças”. Os Paulos que São Paulo, o Brasil e Portugal perderam, farão falta, mas continuarão presentes no coração de quem com eles conviveu, e aprendeu. Ambos peritos na arte de se fazerem respeitados e muito amados. Publicado no Estadão/Blog do Fausto Macedo, em 27 05 2024 voltar |
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