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Acadêmico: Gabriel Chalita Mãe é colo, é caminhada. É correção e é alívio. É, desde sempre, um fazimento de alma.
Mãe, uma palavra, um poema, uma oração Dizer mãe faz bem à alma. Mãe é palavra que pronunciada nos mais diversos idiomas oferece um sorrir. Expressa um dizer às origens: o ventre, o cordão umbilical, o cuidar, o engatinhar, o chorar, o sentir. Mãe é colo, é caminhada. É correção e é alívio. É, desde sempre, um fazimento de alma. No ventre, antes do nascer. No ventre, depois dos nascimentos tantos vida afora. Nascer dói. A dor é parte do que somos. Mãe é, também, descansos. Um abraço de mãe, depois de uma queda, é cicatrizante. Há outras quedas que não doem o corpo. Há quedas que pedem silêncio e espera. Mãe é autorização para os vazios e é preenchimentos de amor. Mãe é palavra e é poema. Três letras e um poema inteiro. Porque o poema é uma inclinação para o alto, para dizer o indizível, para pintar de cores, de emoções, as paisagens comuns. Uma mãe e um filho são uma paisagem comum. Uma mãe e um filho são um poema explicador da vida, nunca deixando de ser gerada. Um poema é um punhado de infinitos nos dizeres. Por isso, escrevi tantos poemas para minha mãe. Por isso, sorri nas suas leituras, chorei nas suas emoções, nos seus contentamentos com a minha gratidão. Hoje, escrevo orações. Mãe é também oração. Se a oração é o que nos eleva, mãe é oração. Se a oração é o que nos aproxima do Sagrado, é no sagrado encontro de amor, que dura toda uma vida, que compreendemos a árvore diante dos frutos. Sou fruto de minha mãe. Suas sombras me acalmaram e suas seivas me alimentaram. Suas canções cantam esperanças, ainda hoje, em mim. Sua partida partiu parte de mim. Parte que se reconstrói nos encantos da memória. É de saudade que me alimento para trazer o passado no meu pensar e deitar novamente no colo que mais me alimentou de amor. No colo que me oferecia mãos que enterneciam o tempo em que éramos nós. Mãos que brincavam com a minha cabeça tão cheia de necessidades. A delicadeza daqueles instantes nunca partiram. Mãe, uma palavra, um poema, uma oração. Se compreendêssemos o poder da delicadeza, nasceríamos muitas vezes para redizer o amor. Não há presente maior para uma mãe do que um filho redizendo o amor, do que um filho reencontrando o cordão que harmoniza o viver a vida. É no coração, metáfora do sentir, que a saudade e o futuro compõem o tempo presente. No meu presente está ela, minha mãe, sorrindo um sorriso que nunca deixou de sorrir em mim. Feliz dia das mães. Publicado no jornal O Dia, em 12 05 2024 voltar |
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