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Acadêmico: José Renato Nalini O que uma cidade tem a ver com a mudança climática? Tudo. Por óbvio, ela não pode refrear "El Niño", nem acabar, no dia para a noite, com as facções criminosas que exterminam a Amazônia e outros biomas.
O que uma cidade tem a ver com a mudança climática? Tudo. Por óbvio, ela não pode refrear "El Niño", nem acabar, no dia para a noite, com as facções criminosas que exterminam a Amazônia e outros biomas. Porém, ela não pode ignorar que são as atividades humanas que provocam o aquecimento global acima dos níveis pré-industriais. 2023 foi o ano mais quente dos cento e vinte e cinco anteriores, nos quais essa aferição se fez. As causas, todos também conhecemos. A queima de combustíveis fósseis para a geração de energia, para as atividades industriais e para os transportes. A urbanização sem planejamento, que provoca desmatamento e ocupa áreas que deveriam se preservadas, porque abrigam mananciais. O descarte irregular de resíduos e a agropecuária. O que representa a mudança do clima? A redução da segurança alimentar e a vulnerabilidade da segurança hídrica. A ciência comprovou que a produção do agronegócio perdeu muito em 2023, o que obrigou a fazer revisão de projeções e não existe qualquer certeza de que o apelo dos cientistas vá repercutir em todos os municípios. No Brasil, há quase seis mil dessas unidades que não estão isentas de responsabilidade quanto à urgente e possível mitigação dos efeitos da mutação, pois não há território terrestre que não vá sofrer impactos nefastos dessa deterioração do ambiente. No âmbito global, as mudanças implicam em elevação do nível do mar, acidificação dos oceanos, perda e extinção de espécies terrestres e marinhas, prejuízo na produção de alimentos, ondas de calor como as já enfrentadas há pouco, déficit no abastecimento de água, aumento de problemas de saúde e, por consequência, agravamento dos riscos para o crescimento econômico. Embora exista quem sustente que o ponto de inflexão já foi ultrapassado - ou seja - não dá mais para fugir ao apocalipse ecológico, os mais otimistas pensam que é possível investir em ações de mitigação e em adaptação. Mitigar significa reduzir as fontes ou ampliar os sumidouros de gases de efeito estufa. A ninguém é vedado aumentar a cobertura vegetal. Repor as árvores ceifadas, arrancadas ou mortas. Plantar árvores onde elas não existiam. Ocupar qualquer espaço de terra para torná-lo coberto de verde. Já a adaptação é um conjunto de iniciativas e estratégias nos sistemas naturais ou antropizados, que permitem a adaptação a um novo ambiente, em resposta à mudança do clima. O Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, infelizmente tão precocemente falecido, pensou nisso e criou a Secretaria Municipal Executiva de Mudança do Clima. Seu sucessor, Ricardo Nunes, prosseguiu no projeto e ela hoje existe e funciona. Sua missão é inserir a variável climática, a mudança do clima e a melhoria da gestão dos recursos ambientais nos processos decisórios do governo municipal. Pretende aumentar a resiliência do município e a segurança da população face aos fenômenos extremos, decorrentes daquilo que os "racionais" fizeram com o Planeta Terra. Incumbe a essa Secretaria coordenar o Plano Preventivo de Chuvas de Verão, a Operação Integrada em Defesa das Águas, o Plano de Ação Climática do Município - Panclima SP e atuar junto a todos os órgãos de governo e também junto à sociedade civil, com vistas a que São Paulo possa administrar os riscos e minorar os males que serão infligidos a todas as criaturas vivas. Mas, principalmente, aos mais carentes. O modelo paulistano tem sido implementado em inúmeros outros municípios do Brasil. Há uma equipe muito unida, empenhada em tudo fazer e em conscientizar a população a respeito dessa ameaça. Publicado no Jornal de Jundiaí, em 10/03/2024 voltar |
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