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Acadêmico: José Renato Nalini Rio Branco era amante de espaços arquitetônicos requintados. O Itamarati passou a ser uma das mais belas dependências diplomáticas de todo o planeta.
O estilo do Barão Muito já se escreveu sobre o Barão do Rio Branco, personalidade brasileira de poliédrica dimensão. Morava muito bem na Alemanha, quando Rodrigues Alves o requisitou para assumir o Ministério das Relações Exteriores. José Maria da Silva Paranhos foi jornalista, deputado e diplomata. Mas a História o conhece como “o Barão”. Foi Ministro de 1902 a 1912, quando faleceu. Já escrevera suas “Memórias”, defendendo os direitos do Brasil nos litígios das Missões e Amapá. As soluções a que chegou no arbitramento da questão das Missões, com acréscimo de 30.611 quilômetros quadrados ao território brasileiro – laudo do Presidente Cleveland, de 5.2.1895 – e no caso do Amapá – mais 200 mil quilômetros quadrados – laudo do Conselho Federal Suíço, de 1.12.1900, garantiram-lhe fama imorredoura. Posteriormente, já Ministro, conseguiu incorporar ao Brasil, por força do Tratado de Petrópolis, de 21.11.1903, o território do Acre: quase mais 200 mil quilômetros quadrados. O Brasil o recompensou com uma dotação de trezentos contos de reis e mais vinte e quatro contos anuais, que passariam, vitaliciamente, a seus filhos. Foi o Decreto Legislativo 734, de 31.12.1900. Ato que teve origem na indicação de Serzedelo Correa à Câmara dos Deputados, na sessão de 3.12.1900, logo após à leitura da comunicação do Governo sobre a feliz solução do caso do Território do Amapá. Proposta que também foi subscrita pelos deputados Paula Ramos, Nilo Peçanha, Irineu Machado, Carlos de Novaes, Eduardo Ramos e José Boiteux. Depois disso, o deputado José Avelino apresentou, subscrito por ele e grande número de deputados, projeto fixando a dotação em mil contos de réis. Tal projeto ainda proclamava que a Nação reconhecia como “benemérito” o Dr. José Maria da Silva Paranhos do Rio Branco e o incorporava na carreira diplomática no posto de Ministro Plenipotenciário. Os recursos da dotação foram recebidos em apólices do Tesouro nacional e Rio Branco as vendia de acordo com suas necessidades. Chegando ao Brasil, foi alvo de uma estrondosa recepção. Tirou-se do estaleiro o velho galeão que fora construído para o serviço pessoal de Dom João VI e que servira depois para o desembarque das princesas que aqui chegaram para se tornar imperatrizes. A nobre embarcação foi restaurada pela República e já recebera o General Rocca, Presidente da Argentina, o primeiro Chefe de Estado a visitar o Brasil. Rio Branco estabeleceu-se em Petrópolis, de onde despachava. Um de seus costumes era comer abacaxi. Vinha o fruto inteiro, todo descascado e só preservado o cabo. Ele fazia a apologia do abacaxi. Dizia: - “Aqui não se sabe comer esta fruta, a mais deliciosa do mundo. Parti-la em fatias, delgadas como pão de sanduíche, é estragá-la; o bom é meter os dentes a fundo na polpa cheia de suco; só assim se aproveita todo o sabor”. Segurava a fruta e partia dela uma larga fatia, de alto a baixo. E conseguia, de uma feita, saborear sozinho um abacaxi inteiro. Rio Branco adquiriu prédios e terrenos com os quais ampliou a área do Palácio Itamarati. Gostava do trabalho de seu amigo Thomaz Bezzi, engenheiro italiano que construiu o Monumento do Ipiranga e o Museu Paulista. O Palácio Itamarati fora adquirido da família do Visconde de Itamarati quando da implantação da República, para residência do Chefe do Governo Provisório. Deodoro ali residiu. Na casa contígua moraram Floriano e Prudente de Moraes, até à aquisição do Palácio do Catete, construído pelo Barão de Nova Friburgo no século XVIII. O Catete foi inaugurado como residência presidencial sob o governo de Manoel Victorino que, Vice-Presidente, substituía Prudente de Moraes, licenciado e convalescente em Teresópolis. Rio Branco era amante de espaços arquitetônicos requintados. O Itamarati passou a ser uma das mais belas dependências diplomáticas de todo o planeta. Embora centralizador, reconhecia o trabalho de seu diretor-geral, o Visconde de Cabo Frio. Até mandou confeccionar o busto do Visconde, obra de Charpentier, primoroso, mas que desagradou o homenageado, por causa do equívoco no grau das ordens e comendas por ele recebidas, hierarquia não observada pelo escultor em Paris. O Barão ainda adornou o Itamarati com os bustos dos grandes Ministros que por ali passaram: José Bonifácio, Visconde de Uruguai, Marquês de São Vicente, Marquês de Abrantes, Marquês de Paraná, Visconde de Rio Branco, Barão de Cotegipe, Quintino Bocaiuva e Carlos de Carvalho. Mas também não se esqueceu de Alexandre de Gusmão, o grande brasileiro que ainda na Colônia, inspirou as previdentes expressões do Tratado de Madri de 1750. É considerado, por isso, o precursor de Monroe. Publicado no Estadão/Blog do Fausto Macedo, em 03 04 2024 voltar |
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