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Acadêmico: José Renato Nalini Por enquanto, fugir da Terra é um sonho que pode ser acalentado por aqueles que têm dinheiro demais e não imaginam outra estratégia de gastá-lo
Os muito ricos querem fugir Depois de ganharem tanto dinheiro, mas tanto mesmo, que não sabem o que fazer com ele, os muito ricos querem fugir deste planeta enfermo. Elon Musk, da Tesla e X, ex-Twitter, Jeff Bezos, da Amazon, Peter Thiel, um dos primeiros acionistas do Facebook e cofundador da plataforma de pagamentos PayPal, ou pretendem fugir para Marte ou construir bunkers na Nova Zelândia, para escapar à catástrofe. E ela virá. Eles sabem das coisas. A humanidade machucou mais a Terra do que a chuva de meteoros que extinguiu os dinossauros. Utiliza-se dos recursos naturais, oferecidos gratuitamente aos homens, porém finitos, como se eles não acabassem nunca. Tudo extraem do ambiente, nada repõem. Ao contrário, emitem gases venenosos, causadores do efeito-estufa. O resultado é a ocorrência cada vez mais frequente e mais grave de fenômenos naturais como inundações, tempestades, ciclones, temperaturas desumanas, incêndios, deslizamentos, terremotos e maremotos. Essa tendência dos ricos quererem fugir do problema que ajudaram a criar foi objeto do livro de Douglas Rushkoff, professor de estudos midiáticos e economia digital na City University de Nova Iorque. O livro se chama “Sobrevivência dos Mais ricos: fantasias de fuga dos bilionários da tecnologia”, foi lançado nos Estados Unidos no ano passado e ainda não traduzido para o Brasil. A sua utopia é convencer os bilionários a não abandonarem a terra, mas investirem nela para que a humanidade tenha futuro. É muito difícil que consiga algum resultado. O empenho dos ricos é se tornarem ainda mais ricos. Esquecem-se de que vão deixar esta esfera mais dia menos dia. Por enquanto, não se descobriu a fórmula de se evitar a morte. A mais democrática das ocorrências. Chega para todos, inapelavelmente. Por enquanto, fugir da Terra é um sonho que pode ser acalentado por aqueles que têm dinheiro demais e não imaginam outra estratégia de gastá-lo, a não ser projetando viagens extraordinárias para Marte ou talvez outros planetas em que a vida humana seja viável. Melhor seria se aplicassem essas fortunas em projetos de recuperação da cobertura vegetal, despoluição dos mares, distribuição de renda para os famintos, com eliminação do armamento e de tudo o que é bélico. Sonho impossível? A alternativa ao sonho é o pesadelo que se aproxima de forma célere. Já dá para sentir sua chegada nas catástrofes que se repetem em todos os locais deste maltratado planeta. Publicado no jornal Diário do Litoral, em 17 11 2023 voltar |
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