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Acadêmico: Gabriel Chalita Que o dia da consciência negra nos relembre a liberdade. O direito à liberdade.
Sobre o dia da Consciência Negra Não posso sentir o que sentem os que, ainda hoje , sentem as dores do racismo. Minha dor é dor da humana tristeza de ainda não nos reconhecermos como irmãos. Não tive os meus ancestrais vindos acorrentados em porões de navios negreiros. Mas oro, com Castro Alves, a incompreensão de 'tamanho horror perante os céus'. Por quê, Senhor? Por que tanta noite confusa? Por que filhos seus arrastados da própria terra, obrigados ao adeus, às despedidas do amor? O portal do não-retorno, em África, chorava as irracionalidades. O baobá gigante, incrédulo, avistava pela última vez os seus em voltas de dor. Eu não tive portas fechadas pela minha cor. Então, não posso dizer que sei o que passam os que passam humilhação por não terem a cor que, injustamente, decidiram alguns ser a que abre as portas. Leio, indignado, as estatísticas dos que mais são vítimas de todas as violências, dos que mais precisam provar honestidades, dos que precisam justificar o não erro. O erro é a injustiça. O erro é a incompreensão diante da dor do outro. O erro é o racismo que desestrutura as relações humanas. Tanto tempo depois dos açoites, dos pátios cobertos de sangue, dos trabalhos inumanos, e a miséria humana prossegue. Não, não podemos acreditar que as legislações resolveram o que a ausência de sentimentos provocou. As legislações deram passos essenciais. Mas há muito o que caminhar. O que é crime na constituição e nas leis é, disfarçadamente, praticado nos tantos nãos que recebem cidadãos como nós. Estúpido fracionamento dos humanos em superiores e inferiores. Em suspeitos e insuspeitos. Em convidados para a casa principal e alijados para o canto do servir. O servir é nobre, quando servimos todos. Quando servimos à causa de Luther King, o sonho de que as crianças aprendam, desde cedo, as irmandades e que brinquem juntas, no campo da vida, a felicidade. Sou professador de tempos melhores. Não posso aceitar como fato o fato de vivermos, ainda, os tempos dos preconceitos. Sou crente dos plantios de novos tempos. Em que a paz seja o sol que aquece a terra e a sombra de tranquilidade a que todos, sem distinção, têm direito. Direito a não ser importunado, direito a ocupar os espaços das aprendizagens, dos trabalhos, do lazer. Direito a olhar para si mesmo e reconhecer a linda imagem da singularidade. Não há dois seres humanos iguais nos bilhões que compõem o universo. O universo que tem os mares, as terras, os céus para todos. Que o dia da consciência negra nos relembre a liberdade. O direito à liberdade. O direito à liberdade tão irmão do direito à igualdade. Direitos que contam com o direito à educação correta para caminharem o caminho que falta - e como falta - para vivermos como irmãos. Publicado no site do jornal O Dia, em 19 11 2023 voltar |
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