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UM DIA TODOS SEREMOS
Acadêmico: José Renato Nalini
Hoje é dia de lembrar dos nossos queridos mortos, junto aos quais estaremos, só que não sabemos o dia.

Um dia todos seremos

Um dia todos estaremos mortos. Nem sempre pensamos nisso. Talvez a maioria seja aquela que tenta se enganar a si mesmo. Age como se tivesse pela frente todo o tempo do mundo. Como se tempo fosse algo infinito e inesgotável. Não é.

Por sinal, o tempo é um insumo do qual não se tem refil. Cada minuto que passa é minuto que não volta mais. Por isso é que se deve ser zeloso daquele que resta. Não se sabe se é muito ou se é pouco. O melhor é que não se saiba mesmo o instante em que se vai morrer. Se todos soubéramos, nossa vida seria diferente.

Mas se não sabemos o "quando", nem o "como", nós sabemos o "que". A morte é certa. A única certeza com que podemos realmente contar. Apostemos sem medo de errar: morreremos um dia.

Apropriemo-nos dessa convicção. E procuremos valorizar o que nos resta. Brigamos com alguém com quem não poderíamos brigar? Estamos sem falar com pessoa da família ou desse grupo que é a família que nós escolhemos, os amigos? Vale a pena manter essa distância?

A nossa intenção é, futuramente, fazer felizes os meus descendentes, deixando a eles algum recurso material? Por que não já? Estamos prestes a enfrentar uma Reforma Tributária que vai taxar fortunas. Os governos, desavergonhadamente, assumem seus déficits orçamentários e, pior ainda, não farão aquilo que devem: economizar, cortar despesas, acabar com Fundões, emendas parlamentares e compra de votos para obter a governança.

O principal é pensar como é que a morte vai nos encontrar. Não fisicamente, porque – em regra – corpo não interessará mais. Voltará ao pó. Mas aquilo que o cristão chama de "alma". Como vai essa alminha orgulhosa, pretensiosa, egoísta, consumista e mais perversa do que generosa?

Falo por mim, sem me excluir. Estou muito longe daquele ideal de cristão. A quem foi legado um só mandamento: "amai a Deus, sobre todas as coisas, com todas as suas forças, e ao próximo como a si mesmo". Que absurdo, Senhor! Querer que eu ame o próximo como a mim mesmo! É possível isso?

Desisto antes mesmo de tentar. Entrego-me à rotina insana, faço tudo o que é desnecessário, artificial e estéril para a minha salvação. Omito-me ou, desgraçadamente, mergulho no pecado, embora com remota intenção de um dia me arrepender.

Talvez não haja esse dia. É melhor se arrepender já. Deixar de lado o que até agora me comandou. Voltar à "Imitação de Cristo", onde encontro: "Vaidade é, pois, buscar riquezas perecedoras e confiar nelas. Vaidade é também ambicionar honras e desejar posição elevada. Vaidade, seguir os apetites da carne e desejar aquilo pelo que, depois, serás gravemente castigado. Vaidade, desejar longa vida e, entretanto, descuidar-se de que seja boa. Vaidade, só atender à vida presente, sem providenciar para a futura. Vaidade, amar o que passa tão rapidamente, e não buscar, pressuroso, a felicidade que sempre dura".

Isso nos diz respeito? Então, por que não nos emendamos? Por que nossas promessas duram pouco, nosso remorso é nuvem passageira?

Hoje, dia de lembrar dos nossos queridos mortos, junto aos quais estaremos, só que não sabemos o dia, é preciso também lembrar que pode estar moribunda uma alma pecadora, que é a nossa. Retrocedamos dessa marcha insana e retornemos à única senda que vale a pena.

Publicado no Jornal de Jundiai, em 02 11 2023



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