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Acadêmico: José Renato Nalini Uma verdadeira instituição em Jundiaí foi a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, inaugurada em 1872.
Como nasceu a Cia. Paulista? Uma verdadeira instituição em Jundiaí foi a Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Ela foi inaugurada em 1872. Da missão de construir uma estrada de ferro de Jundiaí a Campinas foi encarregado o Tenente-Coronel Manoel Elpídio Pereira de Queiroz. Em janeiro de 1863 recebeu uma carta de José Vergueiro, na qual este dizia que pessoa alguma poderia exercer o comando da empreitada mais dignamente do que Manoel Elpídio. Considerado um "amante do desenvolvimento da província", não se desvencilharia da incumbência. Ainda em 1863, o jundiaiense recebeu outra carta de José Vergueiro, renovando o pedido e confirmando que responderia por qualquer despesa. A essa altura, já estava construída a Estrada de Ferro de Santos a Jundiaí, mas os ingleses estavam receosos de prosseguir até Rio Claro, passando por Campinas. Dessa hesitação nasceu o empenho dos paulistas, numa reunião presidida por Saldanha Marinho, de tomarem a si a concessão e de construírem o prolongamento que foi a gloriosa Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Quando da inauguração do trecho Jundiaí-Campinas, em 11 de agosto de 1872, Saldanha Marinho foi recebido com festas e reverências e foi hóspede da Viscondessa de Campinas. Os paulistas assumiram a construção da estada de ferro e lançaram ações que foram logo adquiridas. O Barão de Itapetininga comprou mil ações. O lote logo foi arrematado pela nobreza rural da época, desejosos de que a ferrovia também alcançasse o interior do Estado. O primeiro Presidente da Companhia Paulista foi Dr. Clemente Falcão Filho. Quem conheceu os trens da ferrovia se lembra da pontualidade com que eles corriam. Fui praticante de escriturário da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, admitido por concurso realizado em 1964. Quando fui estudar Direito na Universidade Católica de Campinas - ainda não era Pontifícia, o que aconteceu por obra e graça de Dom Agnelo Rossi - eu ia todos os dias às aulas matutinas, tomando o trem que saía da estação às 6,39. Pontualmente. Aliás, dizia-se em Jundiaí que as pessoas acertavam o relógio com o apito do trem. Uma das aspirações do jundiaiense de classe média, desde a segunda metade do século XIX até mais da metade do século XX, era ser funcionário da ferrovia. O pessoal do escritório trabalhava de terno e gravata. Havia uma carreira e o percurso ascensional, da referência XIII à XXVIII, era gradual e baseada em mérito. Os trens eram limpos e havia uma certa nobreza dentro dele. O vagão restaurante, o Pullmann, tinha porcelana inglesa e talheres de prata. Infeliz a ideia, dessas que habitam a mente paupérrima de certos políticos, de estatizar a Companhia Paulista. Foi o seu decreto de morte. Com a política, vieram as nomeações baseadas em compadrio. Um desses arrivistas se chamava Alfredo Spalloni de Oliveira. Foi logo nomeado para a referência XXVIII. Começaram as reclamações trabalhistas. A FEPASA se tornou uma indústria de reclamações laborais. Acabaram os trens, instaurou-se o império do automóvel, poluidor e egoísta. A malha ferroviária brasileira poderia ter sido ampliada e, com isso, não haveria tanta poluição, o combustível fóssil teria tido substanciosa redução de uso. O povo estaria bem servido em mobilidade. Mas como andamos de marcha-a-ré, a novidade agora é voltar com o carro para todos. Que falta de visão! Nunca mais uma Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Publicado no Jornal de Jundiaí, em 23 07 2023 voltar |
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