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UM FAZENDEIRO JUNDIAIENSE
Acadêmico: José Renato Nalini
Foi um dos fundadores do jornal "A Província de São Paulo", cujo nome passou a ser "O Estado de São Paulo".

Um fazendeiro jundiaiense

Consultar livros antigos, que já ninguém lê, oferece boas surpresas. Foi assim que encontrei "As contas de um fazendeiro", trabalho escrito por Carlota Pereira de Queiroz, sobre seu avô, Manoel Elpídio Pereira de Queiroz, que nasceu em Jundiaí, em 1826 e faleceu em 1915. Ao escrever o seu necrológico, Leopoldo Amaral, jornalista campineiro, afirmou: "O venerando paulista é um desses raros homens que morrem deixando o nome como um exemplo de honradez e de devotado amor ao trabalho".

Sua vida, narra a neta, foi a vida do próprio São Paulo do século XIX, a época dos primeiros fazendeiros de café, dos povoadores do sertão, dos propagandistas republicanos, dos abolicionistas, verdadeiros precursores, que, em pleno regime monárquico, já sonhavam com uma democracia".

Foi um dos fundadores do jornal "A Província de São Paulo", cujo nome passou a ser "O Estado de São Paulo". Foi, a um tempo, senhor de escravos, tropeiro, latifundiário, Tenente-Coronel da Guarda Nacional e convencional de Itu, propagandista da República.

Descendia de troncos ilustres. O português Luiz José Pereira de Queiroz, natural de Braga, já residia em Jundiaí, na condição de grande proprietário e se casou, em 19.10.1797, com Anna Joaquina da Silva Prado, filha do Capitão-mor Martinho da Silva Prado e Maria Leme Ferreira. Anna Joaquina já era paulista de 300 anos, pois descendia dos Moraes de Antas, nobres portugueses que desde o século XVI viviam em São Paulo.

Anna Joaquina já se casara duas vezes. Na primeira, em 228.1775, com o Capitão-mor José de Moraes Leme. Por morte deste, em 6.9.1782, com o Sargento-mor Antônio de Queiroz Telles. Do primeiro casamento teve um filho apenas: Joaquim José de Moraes, que se casou com Escolástica Jacinta Rodrigues Jordão, irmã do Brigadeiro Jordão, de que vieram três netas: Ana Leduina de Moraes Jordão, Escolástica Saturnina de Moraes Jordão e Maria Januária de Moraes. Duas delas se casaram com dois tios, filhos do segundo e do terceiro casamentos de Ana Joaquina e que foram, respectivamente: a primeira com o Sargento-mor Antonio de Queiroz Telles, posteriormente Barão de Jundiaí, filho único também do seu segundo casamento. A outra se casou com o Capitão José Pereira de Queiroz, igualmente filho único do casamento com o português Luiz José Pereira de Queiroz, realizado em 1797. A terceira, Maria Januária, casou-se com o seu sobrinho Joaquim Benedicto de Queiroz Telles, posteriormente Barão do Japi, filho de sua irmã Ana Leduína e de Antonio Queiroz Telles.

Dessa união do Capitão José Pereira de Queiroz com sua sobrinha Escolástica Saturnina de Moraes Jordão, nasceram treze filhos: seis varões e sete mulheres. O segundo deles, por ter nascido em 2 de setembro, dia de São Elpídio, passou a se chamar Manoel Elpídio.

A família se casava entre si, como se vê. Também para não dividir a fortuna com estranhos. As Fazendas Rio da Prata e Pau a Pique eram enormes. Confrontavam com Indaiatuba, Itatiba e Campinas. A Queiroz Telles se orgulhava muito de Jundiaí, situada à margem esquerda do rio do mesmo nome, que nasce em Atibaia e vai se lançar no Tietê, junto do Salto de Itu. Região abundante em bagres, que os índios chamavam "jundiás". A origem foi a capela de Nossa Senhora do Desterro, edificada em 1615 pelos primeiros habitantes da região, daí resultando a elevação do povoado a vila, em 14 de dezembro de 1655 e, por lei provincial de 28 de março de 1865, à categoria de cidade. Inúmeros os municípios que faziam parte de Jundiaí, inclusive Campinas. Somente em 1794 se desmembrou de Jundiaí. Mas o fazendeiro jundiaiense Manoel Elpídio Pereira de Queiroz ainda merece mais atenção. Voltarei a ele.

Publicado no Jornal de Jundiaí, em 16 07 2023



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