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O CONDE DE PARNAÍBA
Acadêmico: José Renato Nalini
Não se escreve muito sobre o filho do Coronel Antônio de Queiroz Teles, o Barão de Jundiaí.

O Conde de Parnaíba

Sempre se escreveu sobre o Barão de Jundiaí, cujo Solar recebeu o Imperador Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina quando de sua visita a São Paulo. Mas não se escreve tanto sobre seu filho Antônio de Queiroz Teles Júnior, nascido em Jundiaí a 16 de agosto de 1831, filho do Coronel Antônio de Queiroz Teles, este o Barão de Jundiaí.

Foi um aplicado aluno da São Francisco. Ainda no quinto ano, casou-se em Itu, a 13 de junho de 1854, com Rita M'Boy Tibiriçá Piratininga, filha de rico fazendeiro de lá João Tibiriçá Piratininga. Na verdade, o nome de família era Almeida Prado. Por excentricidade brasilianista, mudaram-na para Tibiriçá Piratininga.

Foi deputado à Assembleia Provincial de São Paulo entre 1856 e 1861. Caiu no ostracismo por ser conservador. Tentaram fazê-lo voltar à deputação em 1868. O Senador Fonseca pedia votos aos amigos, pois era seu cunhado. Mas ele perdeu. Desistiu da política.

Empenhou-se na construção de uma estrada de erro de Campinas a Mogi-Mirim, a Mogiana. Foi seu presidente desde 1873 até 1886. Nesta data, teve de se resignar e deixar a Companhia, pois o Ministério Cotegipe o escolheu para ser Presidente de São Paulo. Ao tempo em que tais unidades eram Províncias, ainda não Estados, o governador se chamava Presidente.

Eram dias difíceis, às vésperas da abolição e da queda da monarquia. Hoje, sabe-se que duas revoluções estavam em gestação: a social e econômica, assim que promulgada a Lei de 13 de maio de 1888. Outra, que já vinha crescendo em vários círculos, cujo ápice foi 15 de novembro de 1889. Um parêntese para lembrar que Pedro II foi um estadista de tamanha envergadura e estirpe, que permitira a criação e funcionamento de um Partido Republicano desde 1871.

Eram graves os prenúncios da gestão Queiroz Teles. Encontrava dificuldades no seu próprio partido. O Conselheiro Antônio Prado, que então chefiava os conservadores, havia se declarado abolicionista, em discurso memorável, pronunciado no Senado do Império. Antônio de Queiroz Teles Júnior já fora Barão, depois Visconde e, finalmente, Conde de Parnaíba. Não foi fácil conciliar a sua lealdade para com o Imperador e a solidariedade com o seu partido, cujo comandante já se bandeara para as hostes republicanas.

Ele tentou, suportou reveses, "engoliu sapos". Até que a carga foi superior à sua capacidade de tolerância. Renunciou ao governo da província.

Sem prejuízo, foi quem conferiu escala ao movimento imigrantista. Jundiaí foi pioneira na criação de um Núcleo Colonial Residencial Italiano que levou o nome do pai do Conde, o Barão de Jundiaí. Companheiros achavam temerária essa atuação, mas ela se mostrou justificável e exitosa, tanto que nossa cidade progrediu consideravelmente, a partir da chegada dos peninsulares.

Sua atuação nessa área e os demais problemas de São Paulo o obrigavam a viajar constantemente para a capital do Império, o Rio de Janeiro. Numa dessas viagens, trouxe incubado o gérmen fatal da febre amarela, que grassava naquela cidade. Sete dias depois de sua chegada, exatamente a 6 de maio de 1888, falecia em Campinas. O corpo veio transportado para Jundiaí e sepultado no cemitério local, num espaço que abriga toda a nobiliarquia jundiaiense e cujos túmulos artísticos, talhados em mármore, estão desaparecendo. Todo aquele patrimônio arquitetônico e histórico encontra-se em estado de lastimável abandono.

Publicado no Jornal de Jundiaí, em 13 07 2023



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