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Acadêmico: José Renato Nalini Pelo que realizou em Jundiaí no século XIX, o Vigário J.J. Rodrigues, que se chamava como seu pai, foi uma figura reverenciada por todos.
Vigário J.J. Rodrigues Uma das vias públicas mais tradicionais e antigas de Jundiaí é a Vigário J.J. Rodrigues. Aposto que pouca gente sabe quem foi. Deveria ser obrigatório, em todas as escolas do município, de quando em vez, indagar aos alunos se sabem quem foi que emprestou o nome para a rua onde moram. Isso ensina pertencimento. Faz com que as pessoas tenham orgulho de sua cidade. Da releitura de "A Academia de São Paulo – Tradições e Reminiscências", de José Luís de Almeida Nogueira, extraio alguma coisa que faz recordar o Vigário. É que seu pai, João José Rodrigues, nascido na capital a 21 de agosto de 1820, filho do tenente Jesuíno José Rodrigues e sua mulher, Beralda Francisca Rodrigues, foi aluno da São Francisco, na turma 1841 a 1845. Casou-se com sua prima em 1844, enquanto estudante do 4º ano do Curso de Bacharelado. Ela era irmã do grande orador parlamentar Gabriel José Rodrigues dos Santos. O casal teve três filhos: o primeiro deles, exatamente o Padre João José Rodrigues, falecido em 1887, como vigário de Jundiaí. Consta da crônica à época ter ido um excelente sacerdote, zeloso da alma de seu rebanho, do qual também cuidava para que tivessem uma vida terrena o quão mais tranquila e harmônica fosse possível. Pelo que realizou em Jundiaí no século XIX, o Vigário J.J. Rodrigues, que se chamava como seu pai, foi uma figura reverenciada por todos. Seu túmulo, no Cemitério Nossa Senhora do Desterro, era lugar de peregrinação. Seu nome foi atribuído a uma importante via pública, a ligar o centro da cidade à Vila Arens. Os outros irmãos do Padre J.J. eram Maria Joana Rodrigues de Alkmin e Dr. Antonio Cândido Rodrigues, engenheiro, ex-deputado federal, ex-secretário da Agricultura do Estado de São Paulo e senador estadual. O pai do Vigário foi um aluno exemplar das Arcadas. Assíduo e inteligente cultor do direito. Considerado um dos melhores de sua turma. Formado em 1845, em 1847 foi nomeado juiz municipal em Taubaté e posteriormente removido para Porto Feliz e, sucessivamente, para Itajubá, Cristina e Baependi. Promovido a Juiz de Direito, destinaram-lhe uma comarca longínqua. Desgostoso, exonerou-se da Magistratura e passou a advogar, principalmente em cidades do sul de Minas, província em que era considerado notável jurisconsulto. Em 1877 soube-se atacado de grave enfermidade. Aproveitou para regularizar seus negócios e tinha a certeza de que seus dias estavam contados e que logo acertaria as contas com a Providência. Vendeu tudo o que possuía em Minas, fez publicar nos jornais da terra que nada devia a ninguém. Escreveu um bonito e tocante testamento, deixou instruções em um livro sobre o que se deveria fazer quando de sua partida para o etéreo. Minutou, inclusive, o requerimento que sua viúva deveria endereçar à Caixa de Amortização, com solicitação da transferência para o nome dela das apólices da dívida pública. Eram poucas, cerca de vinte, que adquiriu entre 1872 e 1877. Minutou, ainda, o termo de desistência que seus filhos, todos maiores, dentre os quais o nosso Vigário J.J. Rodrigues, deveriam fazer da legítima paterna, em benefício da mãe viúva. Encaixotou toda a sua preciosa biblioteca e a despachou para São Paulo, para onde pensava em morrer. Mas antes, quis passar em casa de seu genro, o dr. João Capistrano Ribeiro de Alkmin, que morava em Caxambu, a fim de se despedir da única tão amada filha, dos netos e do genro. E ali morreu, antes de chegar à sua cidade natal. Deixou duas obras clássicas: "Miscelânea Jurídica" e "Consultas Jurídicas". Esse o pai do nosso Vigário João José Rodrigues, hoje praticamente esquecido. Publicado no Jornal de Jundiaí, em 04 06 2023 voltar |
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