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Acadêmico: José Renato Nalini As saudades permanecem, mas são saudáveis, quando envoltas nessa expectativa presente no mistério da morte.
Saudáveis saudades Há um lado da existência que produz desconforto. É o capítulo das perdas. Das ausências sentidas. Do desaparecimento físico de seres amados. Entretanto, mercê da sábia Providência, vamos continuando nossa trajetória. Acostumamo-nos com a falta, por mais incrível possa parecer. Quem vive muito vai colecionando ausências. Os acréscimos são por demais assíduos. Tem-se a sensação de que o território afetivo, de tantos desfalques, desaparecerá. De quando em vez, bate uma enorme saudade. E a presença forte de seres que fazem parte de nossa história refulge na memória. Lembro-me, no Ginásio Divino Salvador, de termos perdido um colega: Norberto Pastre Júnior. Com o passar dos anos, foram-se embora Élcio Borgonovi, Elídio Bulisani, João Griesius Filho, José Anselmo Contesini. Bem antes disso, morreu Roberto Seabra Inglês de Souza, um dos quatro filhos de D.Zoraide e do agrônomo Júlio Seabra Inglês de Souza, estudioso da viticultura jundiaiense. Dos quatro, restam dois. Marcelo também faleceu recentemente. Depois partiu Antonio Carlos Oliveira Mello, o "Melinho" dos Napões. Em seguida o Delega, Antonio Edmundo Fraga de Novaes, irmão do Giba, o Gilberto que resolveu entrar na eternidade justamente na festa de casamento de meu primogênito, João Baptista. O querido Maninho, Eduardo de Souza Filho, mais a Mariângela, sua irmã e a mãe, Vica. D.Vitória Furlan de Souza, o "anjo branco" do tão saudoso hospital do SESI. Quanta gente mais foi partindo! Minha prima Bidu, Lucia Helena Copelli Franzini, depois Oliveira Ribeiro, que se casou com o Alvinho. Sarita Rodrigues Oliveira Nunes Leal, a bela Sarita, irmã do Herculano. Ambos premortos, enquanto a mãe, D. Margaridinha, conseguiu ultrapassar o centenário. A queridíssima Lolô, Heloísa Del Nero Bisquolo, seu irmão Henriquinho. E mais: Flavinho Della Serra, Ricardo Feres Abumrad, Sérgio Luis Sampaio Teixeira, Wagner Morais Oliveira. Quanta falta fazem. Assim como Mário Augusto de Oliveira Bocchino, Cesarina Bigotti, Eliana Castiglioni, Vera Lúcia D'Egmont. Todas essas mortes representam amputação em nosso ego amorável. Assim como Cláudia Maria de Lucca Parise, tão querida. E o que dizer de Pituca, Elisabete Bárbaro Coutinho e seu irmão Picoco, o Luis Francisco Ferreira Bárbaro? Ambos filhos daquele casal maravilhoso, Léta e Oswaldo, em cuja casa se podia chegar a qualquer hora e se era bem recebido. Enterrar pessoas mais jovens do que nós é sempre assustador. Aos poucos, vão desaparecendo aquelas figuras com as quais convivemos e com as quais vivenciamos experiências inesquecíveis. Lembro-me de Chuca Storani, minha companheira de tantas viagens por São Paulo e pelo interior, a dirigir seus Fairlanes, junto com Ana Estela e o caçula Reinaldo Azambuja Storani. Os três já nos deixaram! Laura Beatriz Caiuby Bocchino, minha aluna da Faculdade de Educação Física e aquela aluninha tão bonita que deixou a vida no dia de seu aniversário, depois de deixar terna autobiografia. Como não lamentar a morte de Edgard Santos, amigo tão especial, Dinho Simões, Sônia Maria Araújo Cintra, a Soninha que cantou a Serra do Japi e tantos outros belos produtos de sua mente privilegiada. Brevíssimo passeio pelos jardins da memória permite recuperar tais presenças, hoje só ali abrigadas e que trazem tristeza, mas também esperança. Será que vamos nos reencontrar? Quero acreditar que sim. Há muito ainda a ser dito. As saudades permanecem, mas são saudáveis, quando envoltas nessa expectativa presente no mistério da morte. Publicado no Jornal de Jundiaí, em 01 06 2023 voltar |
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