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Acadêmico: José Renato Nalini Tende à obtenção de um raro consenso a consciência de que o maior perigo que ameaça a humanidade é a mudança climática.
É urgente ser original Tende à obtenção de um raro consenso a consciência de que o maior perigo que ameaça a humanidade é a mudança climática. Também é certo que a ciência comprove ser isto o resultado de uma insensatez coletiva. Os homens se utilizam da natureza como se fora um supermercado gratuito, do qual tudo se extrai, nada se repõe. Por isso, cada vez mais próximo o caos total. Sabe-se que não é com simpatia pelas práticas ecológicas que se resolverá o problema, a cada instante mais grave. E não se pode confiar em governo, cujos intuitos às vezes distam bastante dos interesses coletivos. O remédio é cada pessoa consciente atuar de maneira a brecar a insanidade que continua a produzir lixo com uma voracidade cancerígena. Todos sabem que a economia circular é uma receita mitigadora da crise. Países civilizados já praticam a logística reverso há décadas. Só países atrasados é que ainda possuem lixões, descarte de carcaças de veículos, de geladeiras e de outros eletrodomésticos. A regra racional é muito simples: quem produz algo, tem de se responsabilizar pela vida útil desse produto e se encarregar de seu reaproveitamento ao final dela. É urgente que a criatividade propicie às indústrias modelos novos de embalagem, com design que ajude a reciclagem ou que a tornem desnecessária, se ela for biodegradável. Além de pensar na reciclagem, é preciso evitar que o resíduo seja gerado. Cada produto tem de nascer já com vistas à segunda via, na facilidade de sua manutenção e de recolhimento. Essa a essência da circularidade. E no âmbito dos municípios, as Prefeituras têm a obrigação de fomentar práticas que reduzam o absurdo gasto com a coleta de resíduos sólidos, eufemismo com o qual se denomina hoje o lixo. O munícipe, já sobrecarregado com elevada carga tributária, tem de assistir ao desembolso de milhões com a recolha de lixo que, em algumas nações, é vendido, pois desperdiçamos coisas de valor. Prefeitos com iniciativa, mesmo em pequenas comunidades, criam "moedas verdes", para que as crianças troquem embalagens por um pequeno impresso que dá direito à obtenção de frutas, sanduíches ou revistas e livros no comércio local. Isso dá certo e mantém a cidade mais limpa, gastando menos com a coleta e, principalmente, criando uma geração mais consciente de suas responsabilidades cidadãs. Outro projeto interessante é o "Recicla Cidade", que mobiliza a população para a destinação correta dos resíduos recicláveis. A iniciativa foi da Tetra Pak e o desenvolvimento coube à ONG Espaço Urbano. É um projeto que mostra à cidade, principalmente aos estudantes, o conceito de economia circular. É algo muito simples: a população é incentivada a levar embalagens longa vida aos pontos de coleta. Os que colaboram são premiados com créditos que permitem a troca por alimentos, ingressos para atividades culturais e esportivas ou até para serviços como manicure e corte de cabelo. Todos ganham com isso: os que recolhem os descartes, as cooperativas de reciclagem, o poder público e as empresas. Doze cidades paulistas que participam do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê começaram com o projeto, que depois se expandiu para o ABC e para o Guarujá. Hoje são dezenove cidades. Por que Jundiaí não lidera algo assim? Isso acrescentaria pontos à busca de figurar em rankings de maior qualidade de vida. Um município que tem a Serra do Japi tem de dar exemplo para todos os demais. Se isso não for introjetado na consciência dos que fazem a política local, estaremos desperdiçando rara e extraordinária oportunidade de contribuir para ao menos mitigar as desventuras que advirão dos continuados e crescentes maus tratos infligidos à natureza. Publicado no Jornal de Jundiaí, em 11 05 2023 voltar |
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