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Acadêmico: José Renato Nalini Essa a vinculação entre Portugal e Brasil. Quando se tem notícia de algum estranhamento, de alguma resistência a brasileiros que procuram se radicar na Pátria-Mãe, a lucidez residual que ainda existe no Brasil deve se articular e coordenar imediata repulsa.
Tudo nos une ...e nada nos separa! Essa a vinculação entre Portugal e Brasil. Quando se tem notícia de algum estranhamento, de alguma resistência a brasileiros que procuram se radicar na Pátria-Mãe, a lucidez residual que ainda existe no Brasil deve se articular e coordenar imediata repulsa. É lembrar que somos umbilicalmente unidos: história, idioma, cultura, religião, tradições, hábitos e costumes. Neste 2022 que vai terminando, deveríamos ter cultivado mais a aproximação entre Portugal e Brasil. mas isso se redesenha no horizonte próximo como realidade promissora. Voltaremos a nos considerar uma única e grande Pátria. Fraternidade é o sentimento que aproxima Portugal e Brasil. A independência do Brasil não afetou os laços íntimos, verdadeiramente familiares, entre as duas nações. Portugal nutria consciência plena da grandeza territorial e da potencialidade criadora do Brasil. Seus mais ilustres quadros não consideraram rebeldia a voz emancipadora que conquistara a liberdade política. Imperava a sensação que une pais e filhos. O pai tem de aceitar a maioridade cívica do filho. Por sinal que a quebra de laços era apenas em relação à Coroa. Nunca foi fraturada em relação ao povo, do qual o Brasil partilhava a língua, o sentimento e quatro séculos de história comum. O liberalismo luso assistiu ao fato como legítimo e por ele quase ansiava, na certeza de que o destino do Brasil haveria de manter-se ligado às suas raízes ancestrais. Daí o vaticínio profético do sempre lembrado e nunca assaz louvado Patriarca da Independência, o santista José Bonifácio de Andrada e Silva, secretário da Academia Real das Ciências, quando se despediu de seus confrades em 24 de junho de 1819, para retornar - de vez - à terra de origem. Convém reproduzir sua mensagem, para ciência da juventude que nem sempre reverencia José Bonifácio: "É esta, ilustres Acadêmicos, a derradeira vez, sim, a derradeira vez (com bem pesar o digo) que tenho a honra de ser o Historiador de vossas tarefas literárias e patrióticas; pois é forçoso deixar o antigo, que me adotou por filho, para ir habitar o novo Portugal, onde nasci. Assim o requer a gratidão e o ordena a vassalagem; assim o manda a honra, o instiga a saúde, e a razão o exige. Depois que deixei na adolescência os pátrios lares da montanhosa, mas apenas Província de São Paulo, e me acolhi à Lusitânia, que meiga me recebeu em seus hospedeiros braços, trinta e seis anos são passados... Consola-me igualmente a lembrança de que da vossa parte pagareis a obrigação em que está todo o Portugal, para com a sua filha emancipada, que precisa de por casa, repartindo com ela das vossas luzes, conselhos e ilustrações. E que país esse, Senhores, para uma nova civilização e para um novo assento das ciências! Que terra para um grande e vasto Império! Banhadas suas costas em triângulo pelas ondas do Atlântico; com um sem número de rios caudais, e de ribeiras empoladas, que o retalham em todos os sentidos, não há parte alguma do sertão que não participe mais ou menos do proveito que o mar lhe pode dar para o trato mercantil e para o estabelecimento de grandes pescarias. A grande cordilheira que o corta de Norte a Sul, o divide por ambas as vastas fraldas e pendores em dois mundos diferentes, capazes de criar todas as produções da terra inteira. Seu assento central quase no meio do globo, defronte e à porta com a África, que deve senhorear, com a Ásia à direita, e com a Europa à esquerda, qual outra região se lhe pode igualar? Riquíssimo nos três reinos da natureza, com o andar dos tempos nenhum outro país poderá correr parelhas com a nova Lusitânia... a fundação da Monarquia Brasílica fará uma época na História futura do Universo". Essa belíssima oração do Patriarca permite compreender a compreensão dos portugueses clarividentes, quanto à inexorável independência do Brasil. Como acontece com todo Estado colonizador, hoje Portugal paga um tributo ao receber milhares de brasileiros que pretendem usufruir da engenhosa estratégia da União Europeia. Portugal é a porta da Europa e os brasileiros sabem disso. Uma política inteligente nas Relações Exteriores procuraria evidenciar as vantagens existentes nessa migração e reforçaria, ainda mais, os laços entre as duas Nações, em lugar de infantilidades diplomáticas que envergonham o Itamaraty e a tradição de Rio Branco. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão Em 18 11 2022 voltar |
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