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BELLINO E A ESCOLA DA VIDA
Acadêmico: José Renato Nalini
Conhecer a proposta e os métodos da "Escola da Vida", de Ricardo Bellino e Antonio Carbonari, é interessante para todos os humanos.

Bellino e a Escola da Vida

Há quinze anos, o empresário Ricardo Bellino criou um projeto que denominou "Escola da Vida". É uma experiência de motivar empreendedores a não desistir de aprender. Aprender a empreender é um necessário mantra para o Brasil, que praticamente perdeu a oportunidade de uma industrialização competente e que só exporta comodities. Mas mais importante do que aprender a empreender, é aprender a aprender.

O aprendizado é um dogma que impõe vontade, empenho e entusiasmo a qualquer pessoa. O ingrediente mágico é a curiosidade. Mente curiosa não se satisfaz com pouco. Investiga, pesquisa, procura. E é isso o que a Escola da Vida recomenda. A escola convencional é insuficiente. Há algum tempo, foi considerada necessária, porém insuficiente. Hoje se fala já em insuficiente e desnecessária.

Como educador, preocupo-me com o verdadeiro estelionato que tantas faculdades - sim, o erro persiste na educação universitária - pratica em relação a jovens que permanecem anos a estudar para obter um diploma de grau superior e depois não há para eles mercado de trabalho. Por isso, a juventude precisa ser alertada para uma realidade crua: se quiser, procure como autodidata os seus caminhos. Faça aquilo que o seu coração mandar, mas não descuide de aprender - e aprender bem! - aquilo que será necessário para uma atividade que, antes de tudo, o faça feliz.

O capital, que não aceita desaforos, já percebeu essa verdade. Antigamente, a contratação de um profissional se fazia mediante análise de seu currículo. Hoje, isso nem sempre interessa. A percepção vai focar as chamadas habilidades socioemocionais, as competências de que a educação formal não cuida. Diplomas já não significam tudo. Razão pela qual "os primeiros da classe" nem sempre serão os "primeiros na vida".

A celebração dos quinze anos da Escola da Vida traz relatos de empreendedores que deram certo. Além desses depoimentos, Ricardo Bellino incluiu um capítulo novo, sobre felicidade, que ele chamou de "capítulo zero". E acrescenta: "Porque o sucesso não faz sentido (e nem será sustentável) sem que haja um bom investimento naquilo que traz bem-estar e um senso de alegria à sua vida".

Vale a pena deter-se nesse foco. No capítulo zero lê-se: "Felicidade é assunto sério. A felicidade não é o resultado lógico de um conjunto de circunstâncias, mas de um conjunto de atitudes. Como condição interna, só a própria pessoa tem capacidade de gerar essas atitudes. As pessoas felizes são mais construtivas, criativas, inovadoras, adoecem menos, relacionam-se melhor, são mais produtivas. Já as pessoas infelizes contagiam negativamente o ambiente".

Muito interessante elencar os fatores que podem conduzir alguém à sensação e, mais do que isso, à convicção de ser feliz. Sem exclusão de outros, eles podem ser descritos como a busca do autoconhecimento ou relação intrapessoal, as conexões qualitativas, lidar com as emoções, sejam elas positivas ou negativas, manter uma comunicação empática, desenvolver e cultivar a compaixão e o cuidado com a era das narrativas, colocar e prática a resiliência, aprender a respirar, fazer exercícios físicos regulamente, ter um propósito, dar um sentido à sua vida. Além disso, treinar para ser benevolente, altruísta e generoso. Pois o maior beneficiado será sempre você mesmo.

O empreendedor é incansável no aprendizado de coisas novas e deve estar aberto a mudanças, pois nossa era é aquela em que o inesperado nos surpreende. Os sábios e os simples gostam de repetir: "o homem põe, Deus dispõe". E há um risco: não se pode confundir felicidade com positividade tóxica. É aquela felicidade de rede social. Superficialidade, mediocridade, hipocrisia e falsidade. Fuja disso!

Procurar viver bem numa nação em que existe enorme desigualdade, com a distribuição de renda situada entre as mais iníquas do planeta, com trinta e três milhões de famintos e cento e vinte milhões de seres humanos padecendo de insegurança alimentar, mais a carência na saúde, educação, moradia, saneamento básico, tutela ambiental e outros quesitos, não é tarefa singela. Mas a ciência diz que felicidade não é dom, nem loteria genética, mas habilidade que pode ser aprendida e precisa de treino contínuo.

É o que a "Escola da Vida" de Ricardo Bellino e Antonio Carbonari procuram. Conhecer sua proposta e seus métodos é interessante para todos os humanos.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão
Em 12 04 2023



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