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A SIMBOLOGIA DOS HINOS
Acadêmico: José Renato Nalini
Os hinos têm uma simbologia densa em emotividade e conciliam a música – milagrosa ao transportar a mente ao etéreo – e a poesia.

A simbologia dos hinos

Os hinos têm uma simbologia densa em emotividade e conciliam a música – milagrosa ao transportar a mente ao etéreo – e a poesia. Musicar um poema é convocar a alma humana a se superar no enlevo e no estímulo aos melhores sentimentos que possam advir desse mergulho.

Crianças do século passado iniciavam suas aulas com o canto do Hino Nacional. Isso é o que faz com que nos arrepiemos aos primeiros acordes do “Ouviram do Ipiranga”. Mas temos o hino da Independência, composto por D. Pedro I e que foi o primeiro oficial em nossa história, o da Bandeira, o do Expedicionário e o Hino à Mocidade Acadêmica, música de Carlos Gomes na poesia de Bittencourt Sampaio.

O Hino à Mocidade Acadêmica, também conhecido como Hino das Arcadas, ou Hino da São Francisco ou, simplesmente, Hino Acadêmico, nem sempre é mencionado na análise do hinário brasileiro. Por desconhecer sua origem, existem equívocos, até endossados por Ítala Gomes Vaz de Carvalho, filha do Maestro.

Quando se comemorou, em 1959, o centenário desse glorioso Hino Acadêmico, Almeida Nogueira procurou esclarecer melhor o controvertido episódio da composição, diante da importância que tem para a biografia de Carlos Gomes e para a História da Música Brasileira. Disso resultou o artigo “Um Centenário e Algumas Correções”, publicado no Suplemento Literário de “O Estado de São Paulo” de 8.8.1959. O mesmo historiador dos primeiros tempos da Velha e Sempre Nova Academia do Largo de São Francisco desenvolveu um trabalho mais extenso e completo, sob o título “História do Hino Acadêmico”, incluído no volume LIV, fascículo II, páginas 257-282 da “Revista da Faculdade de Direito de São Paulo”, ano de 1959, no qual compilou ampla bibliografia.

Na mesma “Revista da Faculdade de Direito de São Paulo”, só que do ano de 1937, volume 33, fascículo I, consta uma análise dos versos de Bittencourt Sampaio e breve histórico das tentativas que se fizeram para modificá-los, com o intuito de transformar o Hino Acadêmico em Hino da Universidade de São Paulo. Essa notícia, com sólida argumentação, foi elaborada e publicada pelo Professor Francisco Morato. Mas a Universidade de São Paulo teve seu hino oficial composto pelo Maestro Júlio Medaglia, com letra do inesquecível “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, Paulo Bomfim, divulgado em 2009, ano em que a Universidade completava seus 75 anos.

Como registro e homenagem a um poeta esquecido, Francisco Leite de Bittencourt Sampaio, e ao Maestro Carlos Gomes, glória sempre lembrada, segue o texto do Hino à Mocidade Acadêmica:

Sois da pátria esperança fagueira,
Branca nuvem de um róseo porvir;
Do futuro levais a bandeira
Hasteada na frente a sorrir.
Mocidade, eia avante! Eia avante!
Que o Brasil sobre vós ergue a fé;
Esse imenso colosso gigante
Trabalhai por erguê-lo de pé!
O Brasil quer a luz da verdade,
E uma coroa de louros também:
Só as leis, que nos deem liberdade
Ao gigante das selvas convém.
Vossa estrela reluz radiante
Oh! Erguei-a vós todos, com fé.
Esse imenso colosso gigante
Trabalhai por erguê-lo de pé!
É nas letras que a pátria querida
Há de um dia, fulgente, se erguer.
Velha Europa, curvada e abatida,
Lá de longe que inveja há de ter!
Nós iremos marchando adiante,
Acenando o futuro com fé.
Esse imenso colosso gigante
Trabalhai por erguê-lo de pé!
Orgulhoso o bretão lá dos mares
Respeitar-nos então há de vir.
São direitos sagrados os lares,
Nunca mais ousarão nos ferir.
Auriverde pendão fulgurante
Hasteai-o, mancebos, com fé.
Esse imenso colosso gigante
Trabalhai por erguê-lo de pé!
São imensos os rios que temos,
Nossos campos quão vastos que são!
As montanhas tão altas que vemos
De um futuro bem alto serão.
O futuro não vai mui distante,
Já podeis acená-lo com fé.
Esse imenso colosso gigante
Trabalhai por erguê-lo de pé!
Nossos pais nos legaram guerreiros,
Honra e glória, virtude e saber;
Nós, os filhos de pais brasileiros,
Pela pátria devemos morrer.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão
Em 07 10 2023



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