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Acadêmico: José Renato Nalini A arte da oratória foi perdendo prestígio. Quem não lê e não pensa, não consegue também se exprimir com eficiência.
O último triunfo A arte da oratória foi perdendo prestígio. Quem não lê e não pensa, não consegue também se exprimir com eficiência. A retórica foi relegada a um escaninho perdido num compartimento fechado. Há economia nas palavras pronunciadas. Reina a onomatopeia e a sigla. Interjeições são mais eloquentes do que discursos. Nem sempre foi assim. Nos primeiros tempos de São Francisco, primava-se pela notoriedade do falar. Um dos alunos festejados neste engenho era Luiz José de Carvalho Mello e Matos, fluminense nascido a 23 de janeiro de 1839 e que integrou a turma de 1856-1860. Conhecido simplesmente por Mello Mattos, era o orador oficial do corpo acadêmico nas grandes solenidades. Os colegas costumavam conservar de cor trechos de suas belíssimas orações. Foi ele quem discursou na homenagem fúnebre a Gabriel Rodrigues dos Santos, cuja morte abalou profundamente a população paulistana. Disse então, com voz comovida: “Dentro daquele féretro repousa uma face pálida; tem a fronte alta, a boca parece sorrir, a mão descansa na atitude do pensamento. Naquele fronte Deus tinha acesa uma luz sagrada, naquelas mãos depusera por vezes um grande poder. Junto daquele cadáver há muita gente que chora, mas todos o abençoam. Não havia naquela multidão uma cabeça que não se inclinasse diante dos restos do grande paulista. Era o seu último triunfo”. Na “república” de Mello Mattos, à rua da Glória, tinha sede a Colônia Fluminense na Pauliceia. Ali se estudava e também se discutia e palestrava. Compunham-se poemas, traçavam-se artigos de crítica literária, escreviam-se artigos de Direito para várias Revistas. Após a formatura, Mello Mattos foi nomeado secretário da Província do Rio Grande do Sul. Foi ainda Promotor Público na Corte e deputado à Assembleia Provincial do Rio de Janeiro. Casou-se com Mariana de Sousa Melo, neta do Marquês de São João Marcos e faleceu no Rio de Janeiro em 15 de julho de 1881. O dom da oratória sempre o acompanhou. Deveria servir de inspiração para aqueles que gostariam de dominar esse talento de persuadir mediante adequado uso da palavra. Publicado no jornal Diário do Litoral Em 04 10 2023 voltar |
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