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CENTENÁRIO DE MORTE DE OSCAR FREIRE
Acadêmico: José Renato Nalini
Oscar Freire foi um dos brasileiros merecedores de eternal reverência. faleceu em São Paulo, aos 11 de janeiro de 1923. Celebrou-se, portanto, sem que houvesse lembrança, o centenário de sua morte.

Centenário de morte de Oscar Freire

Nascido em Salvador aos 3 de outubro de 1882, Oscar Freire de Carvalho, mais conhecido como Oscar Freire, faleceu em São Paulo, aos 11 de janeiro de 1923.

Celebrou-se, portanto, sem que houvesse lembrança, o centenário de seu passamento. E ele era um dos brasileiros merecedores de eternal reverência.

Ao discursar junto ao túmulo do Conselheiro Virgílio Clímaco Damásio, em 21 de novembro de 1913, quando o corpo daquele pioneiro da Medicina Legal científica baiana era entregue à guarda silenciosa e fria da terra, Oscar Freire proclamou:

“Eu esperava ter a alegria imensa de saudar-lhe a velhice feliz, e, num hinário entusiástico, relembrar-lhe a vida fecunda, coroando a glória de seu nome com o merecido aplauso que lhe devia a minha geração. Sonhava para ele, para reviver a flama de sua crença, um dia triunfal em que lhe fosse permitido, volvendo os olhos ao passado, pressentir, nos estos da nossa admiração, uma parcela dessa justiça histórica que se não engana, e experimentar essa confortadora paz do espírito que só a certeza da justiça derrama em nossos corações. E eu queria, então, para mim, a honra insigne, que prezaria sobre todas, de, num panegírico vibrante, ardente, cheio de filial carinho, que a veemência do meu afeto e da minha admiração me saberiam inspirar, na música dos hinos, no hino dos aplausos, num ambiente risonho de flores e de palmas, insculpir o seu nome na base de uma obra imarcescível. Não pôde ser...”

O Professor Flamínio Favero se serviu desse texto para escrever “Oscar Freire, meu mestre”, no livro “Lições e Conferências do Professor Oscar Freire”, coletânea coligida por Edgard de Cerqueira Falcão e Arnaldo Amado Ferreira. Lamenta que Oscar Freire tenha falecido aos quarenta anos, idade que Pitkin afirmou ser aquela em que a vida começa.

Se não excedeu em idade, excedeu-se em brilho e trabalho. Matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia aos catorze anos. Aos vinte era médico. Antes dos vinte e cinco, era professor de higiene e medicina legal. Assumiu a cátedra de Medicina Legal aos trinta e dois. Três anos depois era convidado a instalar o ensino dessa disciplina em São Paulo, onde permaneceu durante apenas cinco anos, vindo a falecer.

Flamínio Fávero foi seu discípulo e assistente. Conta que Oscar Freire o honrou com amizade paternal.

Indaga em seu artigo: “Quem foi Oscar Freire?”. E responde: “Antes de mais, um lutador. “Se é verdade que ‘a vida é luta renhida’ e ‘viver é lutar’, ele viveu pujantemente, porque lutou com ardor. Na trajetória de seus passos, enfrentou as tempestades que lhe queriam apagar o fogo sagrado a crepitar no seio”.

Erudito e em permanente leitura e aprendizado, preferia falar a escrever. “Era um orador que empolgava, pela forma, pela cultura e pelas ideias. Por isso, seus melhores trabalhos se perderam. Vejam-se as lições de Deontologia Médica, proferidas sob os auspícios do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz e 1921 e 1922. A propósito, assim se expressou de uma feita o nosso inolvidável Dr. Olímpio Portugal, com seu estilo brilhante e terso: ‘aqueles que tiveram a rara fortuna de lhe ouvir o memorável curso de Deontologia Médica, professado em nossa Faculdade e pela primeira vez no Brasil, puderam avaliar a enciclopédia que ele coordenou com segurança e clarificava com a cinzelatura apolínea de seu verbo. O professor Oscar Freire exercitou, naquela empresa, inigualável espírito de indagação e de síntese, produzindo obra madura de critério individual e crítica histórica, que seria um Código de consultas e monumento de sabedoria se lograsse a fortuna de ficar escrito”.

Oscar Freire foi um semeador. Sua jornada foi um continuado e interminável semear. Instalou, em 18 de abril de 1918, a cadeira de Medicina Legal. Planejou e construiu o seu Instituto. Fundou a Sociedade de Medicina Legal e Criminologia. Deu nova feição às perícias forenses. Provocou debates, estimulou pesquisas, despertou vocações, descobriu capacidades, defendeu a necessidade da organização do trabalho intelectual. Foi um bandeirante intelectual. Hoje esquecido, como os demais paulistas que entregaram às gerações que os sucederam, um território uno e continental.

Honra e glória a cada um deles.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão
Em 06 09 2023



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