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Acadêmico: Gabriel Chalita Não há amizade onde não há amor, onde não há ética, onde não há respeito.
Dia do amigo Um amigo me escreveu, celebrando comigo o dia do amigo. 20 de julho. Eu respondi prontamente. E, prontamente, fui pesquisar. Um argentino, Enrique Ernesto Febbaro, criou a ideia. E pensou, exatamente, no dia 20 de julho, porque, no dia 20 de julho de 1969, o homem chegou à lua. Pensei, o que tem a conquista da lua com a conquista da amizade? Prossegui pensando sobre vitórias da ciência e vitórias dos afetos. E não me dei por satisfeito. Comecei as conjecturas. A lua ilumina as diferenças, a lua não discrimina o por onde brilha, a lua poetiza em qualquer língua, em qualquer estação, a beleza da sua presença. A lua, mesmo em fases diferentes, está. Como o amigo. Pensei no amigo que me enviou o escrito da amizade. Era simples. Era uma lembrança do quanto somos um para o outro. Pensei nos amigos que se foram, que se foram desse espaço chamado Terra, banhado pela lua. E permanecem em mim. E pensei nos outros de que nos despedimos por já não mais estarmos em sintonia. Não há amizade onde não há amor, onde não há ética, onde não há respeito. Disse adeus a alguns que proferiram sentenças preconceituosas contra outros, humanos como nós. Argumentei. Minhas palavras foram emudecidas por ódios que desconhecia. Experimentei traições também. Inverdades. São partes da parte imperfeita que somos. Alguns se arrependeram e prosseguimos. Como eu que também já errei e prossigo errando e não encontro razão para não me desculpar e agradecer o perdão. Amigos são mãos que se dão para caminhar. E que se fazem fortes para ajudar a levantar. E que se fazem suaves para silenciar os barulhos que nos roubam a paz. Amigos nos devolvem a paz. Amigos nos emprestam sorrisos e não nos cobram pagamentos. A não ser o que nasce gratuito do sentimento do estar. Amigos demitem os sentimentos da inveja e desmascaram os que vêm para atrapalhar. Amigos habitam o território sagrado dos nossos segredos e silenciam até o momento de melhor falar. Os interesseiros desconhecem a beleza desses encontros. E se desencontram nas adulações desvestidas de verdade. E se horrorizam com o sucesso dos que dizem amigos. Não vibrar com a conquista do outro é uma das provas mais rasteiras da inexistência da amizade. E o homem chegou à lua. Foi tão longe. E o homem ainda sofre para chegar em quem está perto e valorizar os laços que nos poetizam tanto ou mais que um luar. Um luar sem alguém para compartilhar não tem o mesmo sabor. É bíblica a comparação da amizade com um tesouro precioso, é aristotélica a afirmação de que a amizade é uma alma habitando dois corpos, é da experiência da vida a sensação de que, acompanhados, a viagem que percorremos, desde os inícios, nos oferece cenários mais bonitos. Fechei o dia abrindo em mim um dicionário que reservo na alma para vasculhar sempre e busquei, antes de adormecer, duas palavras, amor e gratidão. Sou grato aos amigos que tenho e sou ciente de que a amizade é um amor feito leveza, não pela ausência de compromissos, mas pela compreensão de que nas diferenças, nas imperfeições, prosseguimos compartilhando o pão e rindo o vinho. O vinho no sentido evangélico, a alegria. Quando Maria diz a Jesus, "”Filho, eles não têm mais vinho", ela disse, "Filho, é de alegria que eles sentem falta". Alegria, amigos meus, é o que nos proporcionamos. Em qualquer estação, em qualquer fase, nas descobertas que nos levam à lua ou nos cantos em que cantamos juntos um amor que permanece Publicado no jornal O Dia Em 23 07 2023 voltar |
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