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AMAZÔNIA VAI SALVAR O BRASIL
Acadêmico: José Renato Nalini
A derradeira floresta tropical do planeta vale mais de 317 bilhões de dólares, ou sejam, um trilhão e meio de reais por ano.

Amazônia vai salvar o Brasil


Se houver juízo do governo, produto às vezes escasso, a Amazônia poderá ser a redenção da economia brasileira. É o que diz o Banco Mundial que propõe a produtividade urbana daquela região, como eficaz estratégia para desacelerar o desmate e promover o desenvolvimento regional e nacional.

Não é chute ou achismo. O Banco Mundial elaborou um memorando econômico denominado "Equilíbrio delicado para a Amazônia Brasileira", no qual se enfatiza o valor da floresta amazônica mantida preservada. Se ela permanecer em pé, valerá mais de sete vezes o valor que se obteria com sua exploração.

A derradeira floresta tropical do planeta vale mais de 317 bilhões de dólares, ou sejam, um trilhão e meio de reais por ano. Isso é muito mais do que a exploração agropecuária. São ao menos sete vezes mais. Quem o afirma é o economista Jon Strand, que integra a equipe responsável pelo relatório no Banco Mundial. O uso da área para agricultura e mineração geraria, no máximo 98 bilhões de dólares. Isso é calculado a partir dos serviços ecossistêmicos prestados pela floresta. Não costumamos avaliar o que significa a geração de chuvas, essenciais para a agricultura de todo o Brasil, a proteção contra a erosão do solo e os incêndios, o armazenamento do carbono - que pode ser vendido e é objeto de muita procura - e a milionária preservação da biodiversidade.

O remédio é investir em infraestrutura urbana para reduzir as disparidades no padrão de vida dos moradores da região. É preciso aumentar a competitividade das cidades como polos econômicos regionais. Um novo foco precisa ser objeto de atenção do Estado e da iniciativa privada: não mais ter em vista apenas as comodities tradicionais. Há mais de vinte potenciais polos econômicos na Amazônia Legal, definidos por critérios que levam em conta a população, distância e atratividade de pelo menos cinco cidades.

Considerem-se as nove capitais da Amazônia Legal, mas é preciso também incluir Teresina, capital do Piauí, próxima à fronteira com Tocantins e outras dez cidades de maior porte econômico na região e que não podem ficar alijadas desse grande projeto: Belém, Imperatriz, Palmas, São Luís e Teresina são as cidades com os melhores recursos espaciais. Estão próximas aos mercados e têm densidade populacional elevada.

Já as cidades de Boa Vista, Macapá, Manaus e Rio Branco, embora com densidade populacional relativa, requerem políticas distintas. É urgente fazer com que a Academia, as Universidades e as empresas pensem na radicação dos graduados e pós-graduados nessas áreas, para intensificar sua economia.

Há um tesouro imenso na exuberante biodiversidade amazônica, ainda meramente potencial. Não se desenvolve, naquela imensa região, ocupada apenas num percentual mínimo de 0,03, pesquisa que vise o aproveitamento de recursos que servirão para fomentar atividades de indústrias como a alimentícia, a cosmética e a farmacêutica. Sem falar no turismo, ali o ecoturismo, que a humanidade já observa com interesse mas que se tornará a cada dia mais importante, à medida que as mudanças climáticas evidenciarem o crime que estamos perpetrando contra a natureza.

Uma política estatal ainda negligenciada é a regularização fundiária. A União sequer tem dados exatos sobre o montante de terras que ela possui. Isso incentiva a atuação esperta de criminosos organizados em sociedades sofisticadas, que se apossam da terra que é do povo brasileiro e dela usufrua para finalidades debilitantes do ecossistema.

O Brasil se caracteriza por manter discursos edificantes em inúmeras áreas, que continuam submersas num anacronismo que estiola qualquer possibilidade de verdadeiro desenvolvimento. É mais do que urgente conscientizar a juventude amazônica sobre o patrimônio que ela tem à disposição e que tem sido alvo de predadores, sob a conivência de um Estado inerte e retórico.

O incentivo é de ser canalizado para os pequenos produtores, com estímulo ao empreendedorismo ecológico, com crédito rural que os subsidie a explorar uma produção agrícola de baixo carbono. O sistema tributário é também superado e cruel. O ITR ajuda o desmatamento e precisa ser atrelado à produtividade e ao CAR - Cadastro Ambiental Rural. Com a cessação do hipócrita sistema da autodeclaração, que estimula práticas verdadeiramente ruinosas para o Brasil, além de representarem a legitimação da delinquência.

Ainda é tempo de salvar o Brasil, projeto que está condicionado à salvação da Amazônia. Esta é solução, pronta para deslanchar o verdadeiro progresso de nossa Pátria e não o problema insolúvel que apenas serve aos desígnios dos maus. Sejam brasileiros, sejam estrangeiros, sejam apátridas, categoria que tem bastante desenvoltura nesta nossa terra onde ainda há espaços aparentemente sem Estado e sem lei.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão
Em 30 06 2023



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