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Acadêmico: José Renato Nalini Falta pouco para a canonização de Isabel Cristina, mais uma santa brasileira, modelo de conduta saudável, para a juventude que opta pelo caminho reto
Mais uma santa brasileira Um dos aspectos mais sedutores da Igreja Católica é a existência de santos, pessoas que se notabilizaram por virtudes e que servem de exemplo para a posteridade. A hagiologia é um acervo magnífico de existências notáveis, que podem ser imitadas ainda hoje e com uma profusão de sendas possíveis. Afinal, todos os humanos são singulares e irrepetíveis. E o próprio Evangelho atribui ao Cristo haver afirmado: "Em casa de meu Pai há muitas moradas...". Isso permite se encontrem infinitas formas de se santificar. Ainda hoje, há vocações que trocam a superficialidade e o vazio do mundo pela santificação. O importante é mostrar para a juventude, parte considerável dela sem rumo, que ser santo não é ser triste, acabrunhado, sempre de joelhos. A santidade é uma conquista ao alcance de pessoas modernas, alegres, efusivas e hábeis em convivência gregária. O Brasil já possui um santo, Frei Antônio de Sant'Ana Galvão e uma santa, Irmã Dulce, canonizada em 2019 pelo Papa Francisco e conhecida como Santa Dulce dos pobres. Agora poderá ter uma outra santa nascida no Brasil. É Isabel Cristina Mrad Campos, estudante mineira que aos vinte anos foi morta por um homem contratado para instalar um armário em seu apartamento. Ele tentou violentá-la e, encontrando resistência, esfaqueou-a seguidas vezes. Sua morte lembra a de Santa Maria Goretti, a menina italiana assassinada nas mesmas circunstâncias em 1902 e hoje em muitos altares. Pois Isabel Cristina foi beatificada em dezembro na cidade de Barbacena, onde nasceu. Oficiou como representante do Papa o Cardeal Raymundo Damasceno Assis e participaram da cerimônia cerca de dez mil fiéis. No dia 11 de dezembro de 2022, o Papa Francisco falou da beatificação durante o Angelus: "Ontem, em Barbacena, foi beatificada Isabel Cristina Mrad Campos. Esta jovem mulher foi morta em 1982 aos vinte anos de idade, em ódio à fé, por ter defendido sua dignidade como mulher e o valor da castidade. Que seu exemplo heroico inspire especialmente os jovens a darem testemunho generoso de sua fé e de sua adesão ao Evangelho. Um aplauso à nova Beata". O reconhecimento do Pontífice às qualidades da jovem mineira também fez com que fosse autorizada a constatação de martírio, que dispensa o reconhecimento de um milagre para a continuidade do processo de canonização. E como foi a vida de Isabel Cristina até sua bárbara morte? Era uma jovem normal. Nasceu em 29 de julho de 1962, em Barbacena e o casal, José Mendes Campos e Helena Mrad Campos teve um casal de filhos. Sua mãe faleceu em 2019, antes de ver a filha cultuada nos altares. Seu pai ainda é vivo, assim como seu irmão. Batizada na matriz de Nossa Senhora da Piedade, crismada na Basílica de São José, fez a Primeira Comunhão na Capela de Nossa Senhora das Graças. Teve infância e juventude normais. Apreciava música e moda, seguia as tendências sem exageros. Não faltava à missa e participava das atividades da Paróquia. Suas amigas a chamavam de "Risadinha", pois estava sempre com um sorriso nos lábios. Sua predileção de hobby era cuidar de crianças, especialmente as mais necessitadas. Como seu pai era Presidente do Conselho Central de Vicentinos de Barbacena, ela o acompanhava e praticava a caridade nos moldes inaugurados pelo francês São Vicente de Paula. Chegou a namorar, mas o relacionamento durou pouco. Ao término do segundo grau no Colégio Imaculada Conceição, quis cursar medicina e se mudou para Juiz de Fora, em março de 1982. Passou a estudar bastante e como os pais compraram um apartamento, foi morar com o irmão. Fazia o cursinho para o vestibular de medicina à noite, estudava durante o dia, motivo pelo qual estava em casa no dia 1º de setembro de 1982, data em que foi martirizada. O irmão chegou do trabalho e a encontrou morta. Toda Minas se emocionou com as circunstâncias de sua morte. Houve missa de corpo presente em Barbacena, celebrada na Igreja de Santo Antônio. No jazigo de mármore branco, está uma frase extraída de uma carta encaminhada aos pais, pouco antes de sua morte: "Espero que nos continuemos a nos amar mais e mais, a cada dia que passar. Assim construiremos o nosso pequenino mundo cheio de amor, paz e amizade". Usava o anel terço com que rezava sempre e hoje, seus restos mortais estão em uma capela que se construiu ao lado do Santuário de Nossa Senhora da Piedade. Falta pouco para a canonização de Isabel Cristina, mais uma santa brasileira, modelo de conduta saudável, para a juventude que opta pelo caminho reto e não pelos desvios e atoleiros sempre mais atraentes, mas enganadores. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão Em 29 06 2023 voltar |
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