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VOCÊ QUER SER UM VLOGGER?
Acadêmico: José Renato Nalini
Em recente pesquisa, a profissão mais mencionada foi a de vlogger, um influenciador que se comunica por meio de vídeo.

Você quer ser um vlogger?

Tempos atrás, quando se entrava numa sala de aulas e se perguntava aos alunos o que eles queriam ser quando crescer, muitos respondiam: jogador de futebol. Essa intenção não desapareceu. Mas vê surgir uma concorrência: a geração digital quer ser influenciadora.

Recentemente, a Fundação Lego perguntou a crianças de oito a doze anos, na Inglaterra e nos Estados Unidos, o que elas gostariam de fazer quando adultas. Nos dois países, a profissão mais mencionada foi a de vlogger, um influenciador que se comunica por meio de vídeo. Enquanto isso, na China, 58 das crianças consultadas responderam que o sonho é ser astronauta. Isso porque a China está avançadíssima em pesquisas de ponta e promete intensificar as viagens interplanetárias ainda neste século.

Quando analisou essa pesquisa, Ronaldo Lemos, autoridade em mundo web, lembrou que para o historiador Jules Michelet, o futuro se realiza primeiramente sob a forma de sonho. Para as crianças que ultrapassarão o século 21, o sonho tem condições reais de se converter em realidade.

Aqui no Brasil, uma pesquisa levada a efeito pela empresa de publicidade INFLR concluiu que 75 dos jovens querem ser influenciadores. Qual o motivo que os levou a essa escolha? A resposta edificante é “poder fazer diferença no mundo”. Mas para os millenials, o que interessa mais é ter dinheiro. Eles assistem ao espetáculo de alguns jovens que, sem demonstrar elevado apreço ao estudo, conseguem motivar milhões de seguidores. Demonstração efetiva de que a superficialidade é mais importante do que a densidade no conhecimento e que o medíocre, o deboche e o mau-gosto preponderam diante de perseverar na trilha convencional: estudar, galgar etapas, adquirir conhecimento e não se preocupar tanto com a acumulação de bens materiais.

A internet, agora ameaçada pela teoria quântica, mudou completamente o mundo. Valores que já vinham declinando, como aquele que se conferiu um dia à missão docente, praticamente foram sepultados. Quem é que se arrisca hoje a ser professor? A colher insatisfação de quem paga e de quem recebe o produto de seu trabalho? A merecer menosprezo e ingratidão não só dos discentes, mas também dos pais dos discentes? Afinal, na escola particular, a relação é de consumo. Quem paga é que seleciona o produto que deve continuar e o que deve ser substituído.

Enquanto isso, as redes sociais direcionam a criança para a profissão de “vlogger”.

Publicado no jornal Região Hoje
Em 26 06 2023



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