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Acadêmico: José Renato Nalini O Brasil precisa de mais empenho, de mais trabalho e de menos política partidária.
O Brasil precisa acordar O mundo está apavorado com as mudanças climáticas. Durante o fenômeno "El Niña", que resfria a temperatura, tivemos os anos mais quentes desde que se iniciou a métrica, promete-se para 2024 um ano excepcionalmente atípico. É que ocorrerá "El Niño", que provoca acentuada elevação de temperatura. Isso equivale a maiores e mais intensos estresses climáticos. Secas prolongadas, chuvas torrenciais. Saúde afetada, produtividade em todos os setores, mais enfartes, mais doenças cardiovasculares, mais suicídios. O Brasil tem potencialidades que não explora. Perde muito tempo na politicalha miúda, nos diz-que-diz, nas fofocas palacianas. Acompanha certas figuras da República numa louvação ou defenestração constante. O que é sério não merece análise, nem se desperta na sociedade, o interesse por questões que afetarão a vida de todos. Aquele vão, ilusório e mentiroso discurso ambientalista cede espaço a interesses imediatistas e financeiros a curto prazo. A ignorância predominante não permite enxergar o que existe de lucro, a longo prazo, se a floresta se mantiver em pé. Tudo tem de ser dizimado para ceder espaço a uma pecuária anacrônica. Depois dela, a desertificação. Enquanto isso, a ciência já demonstrou que se a derradeira cobertura vegetal dos trópicos for poupada, ela renderá para os brasileiros sete vezes mais do que o que se obteria com o seu corte. O desgoverno não se entende. São trinta e sete ministérios, repartidos para uma colisão que não chegou a existir. Luta contínua pelos cargos de segundo, terceiro, ou quarto escalão. Haja orçamento para sustentar a super-estrutura supérflua de um Estado perdulário e ineficiente! Por isso, cabe à sociedade civil tomar as rédeas de uma nau em plena tempestade e, aparentemente, sem rumo. Há cabeças pensantes em setores que suportam todas as vicissitudes de um Estado que sufraga a liberdade de iniciativa apenas no discurso. Mas que cria todos os empecilhos para que nada funcione e os contribuintes têm de se submeter a sofisticados esquemas fiscais que transferem a quem paga as obrigações acessórias e uma burocracia invencível. Quem sobreviveu a tais intempéries conseguirá também fornecer ao Brasil, que não é do governo, mas é do povo - o único titular da soberania - as condições para assumir o espaço que merece no concerto das nações. A Universidade tem condições de oferecer os quadros necessários à economia digital. Também é fundamental para mostrar opções quanto à transição energética, pois o mundo não suporta mais a venenosa emissão de gases causadores do efeito-estufa e, se quiser garantir vida, simplesmente vida, às futuras gerações, precisa apelar para outras fontes. O Brasil tem uma tradição verde que foi sedimentada no século passado, mercê de uma consciência ecológica robusta, construída por bons brasileiros, que reconheceram nossa incúria ao destruir praticamente toda a Mata Atlântica e a replicar essa conduta imbecil quanto à Amazônia. Obtivemos o reconhecimento do mundo civilizado, que nos chamava poderosa e promissora potência ambiental. Em poucos anos essa reputação foi jogada à ignomínia, quando nos foi conferido o título de "Pária Ambiental". E essa mesquinha, egoísta e burra política ainda está muito firme no Parlamento e em setores do "ogronegócio". Pois os agricultores civilizados sabem que, sem água em abundância, sem a preservação da biodiversidade, não há agricultura que subsista. Diante da paralisação do Estado, imerso em obscurantismo ultrapassado, é a sociedade que tem a obrigação de fornecer diretrizes para o futuro. Investir no reflorestamento, exigir desmatamento ilegal e mesmo o legal, para a recomposição das chagas abertas nos ecossistemas. Investir em hidrogênio verde, cuidar da redução da produção de resíduos sólidos, aproveitamento do valioso descarte diário de bens que poderiam ser reciclados e render, promover a substituição do veneno fóssil por mais hidrovias, mais ferrovias, troca dos ônibus a diesel por veículos elétricos. Investigação da fabulosa e exuberante biodiversidade amazônica para o desenvolvimento da indústria de alimentos, cosmética, farmacêutica. Levar a sério o turismo, desde que haja educação e segurança. O Brasil precisa de mais empenho, de mais trabalho e de menos política partidária. Há trinta e cinco milhões de semelhantes passando fome. E muitos outros milhões sem perspectiva de vida digna. É com eles que a sociedade lúcida e consciente tem de se preocupar. Não com esse universo tão deteriorado que é a política profissional tupiniquim. Acorda, Brasil! Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão Em 23 06 2023 voltar |
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