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Acadêmico: José Renato Nalini Os Pinheiro Machado deixaram seu nome insculpido na História do Brasil, mas tudo começou em São Paulo.
A saga dos Pinheiro Machado Os Pinheiro Machado são família muito importante na História do Brasil. O mais famoso foi o Senador José Gomes Pinheiro Machado (1851-1915), conhecido como "o Condestável da República", talvez o político mais influente da República Velha. Graças à sua atuação, existe um município chamado Pinheiro Machado no Rio Grande do Sul. Mas a origem da família é paulista. Antônio Gomes Pinheiro Machado é paulista de Sorocaba, onde nasceu a 23 de janeiro de 1820, filho de José Gomes Pinheiro. Foi o mais jovem aluno das Arcadas da turma 1835-1839. Exerceu a advocacia em Itapetininga, mas era afeiçoado à política partidária. Ardoroso liberal, logo se aproximou de Tobias de Aguiar, de Feijó e de outros paulistas. Em 1842, foi para Sorocaba, sede do efêmero Governo de Rafael Tobias de Aguiar e tomou parte ativa no movimento. Com a derrota imposta por Caxias, foi para o Paraná. Voltou a São Paulo, serenada a tempestade e, fixando-se em Itapetininga, casou-se com Maria Manuela Aires, filha do Tenente-Coronel Salvador de Oliveira Aires, chefe político local e parente de Rafael Tobias. Foi nomeado Juiz Municipal e se removeu para Cruz Alta, para lá locomovendo-se por terra e com sua família. Exonerou-se da Magistratura e mergulhou nas agitações políticas. Logo o seu prestígio se propagou por todo o Rio Grande do Sul, principalmente em São Borja, Itaqui, Uruguaiana e Alegrete. Enquanto o Partido Liberal o incensava, os adversários o respeitavam. À distância, chamavam-no "o boi de botas". Foi eleito deputado provincial em 1856 e em 1864, deputado geral. Como disputou com Gaspar Martins, cujo êxito político tinha início, este não se conformou com a derrota e conseguiu a anulação do colégio de Piratini, fazendo com que houvesse empate. A sorte beneficiou Pinheiro Machado. Ao iniciar-se a Guerra do Paraguai, foi para o Rio Grande com o Imperador e, valendo-se de seu especial relacionamento, auxiliou o general Portinho, seu íntimo amigo, a organizar uma forte divisão com mais de quatro mil soldados. Não prestava mero apoio moral. Lutou em Corrientes, sobre as ribanceiras do rio Aguapeí. Invadiu o Paraguai, pelo Alto Paraná. Ia vencendo combates e conquistando ainda maior respeito por parte de todos os gaúchos. Foi em Cruz Alta que, em 1951, nasceu o seu filho, e que, durante a Guerra do Paraguai, ainda menor, seguiu para a frente de batalha sem conhecimento nem consentimento paterno. José contava com quinze anos e era afeito a participação efetiva em tudo o que pudesse afetar o Brasil. O pai foi em busca do filho, com a finalidade de reconduzi-lo aos estudos. Logrou êxito e a cria, combalida, permaneceu durante algum tempo na fazenda do pai, antes de retornar aos estudos jurídicos. O senador e General José Gomes Pinheiro Machado se formou em 1878, na mesma Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, assim como seu pai se formara em 1839 e seus irmãos, Antônio e Ângelo Pinheiro Machado se bacharelaram em 1880 e 1882, respectivamente. José Gomes Pinheiro Machado desde logo abraçou a causa republicana, até por influência de Venâncio Aires, parente de Itapetininga. Após a proclamação da República, foi senador, Vice-Presidente do Senado, elaborador da chamada "política dos governadores". Voltou a lutar em seu Estado, quando se deflagrou mais uma revolução e invocou sua experiência na guerra do Paraguai. Obteve licença especial do Senado para essa aventura. Foi durante a segunda viagem ao Paraguai, em busca do filho, que Antônio Gomes Pinheiro Machado contraiu a moléstia que o vitimou em 1874. Antes disso, enquanto deputado geral, em 1864, tomou parte em importantes debates de caráter político, jurídico e administrativo. Era conhecedor da situação internacional, pela qual sempre se interessou. Demonstrava sólida aptidão intelectual e maestria em vigorosa dialética. Atraíam-no as questões seculares sobre os limites do Brasil com as nações vizinhas. Por isso, era respeitado até por adversários. O Barão de Cotegipe, encarregado de se posicionar sobre o litígio mantido pelo Brasil com a Argentina, relativamente ao território das Missões, a ele recorreu e recebeu, de Pinheiro Machado, o pai, uma consistente monografia que permitiu solucionar a questão na área diplomática. Os Pinheiro Machado deixaram seu nome insculpido na História do Brasil, mas tudo começou em São Paulo. Mais exatamente em Sorocaba, onde nasceu o primeiro da estirpe. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão Em 16 06 2023 voltar |
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