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CORAGEM DE DIZER NÃO!
Acadêmico: José Renato Nalini
Não à exploração petrolífera na Amazônia Legal! Sim à preservação e utilização econômica da floresta, da qual depende a sobrevivência da humanidade.

Coragem de dizer NÃO!

O mundo tem pressa de se livrar dos combustíveis fósseis, que o envenenaram e custaram tantas vidas. Nenhuma delas suscetível de ressurreição, a não ser para o final dos tempos. E isso, para quem for um dos eleitos e não para os mornos, que serão cuspidos e arremessados às profundezas satânicas.

Parece incrível que ainda se oscile na questão da exploração de petróleo na foz do Amazonas. A presença de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente seria o aval da retomada brasileira rumo à tão prometida e promissora fase do Brasil descarbonizado. Ela já teve de sair uma vez por causa de ruptura de promessas assumidas. Que não se repita a catástrofe, agora que se digladiam as forças do obscurantismo e a da consciência ecológica.

Já estamos pagando um preço incalculável pela destruição da Amazônia e dos demais biomas. Aquilo que a natureza nos ofereceu pronto e acabado depois de milênios de trabalhos ecossistêmicos, ainda impossíveis de substituição, a motosserra, os correntões puxados por dois tratores, o fogo criminoso, a cupidez de um agronegócio insensível exterminaram de maneira inclemente e eficiente.

Quando a esperança volta ao cenário, será extremamente lastimável a cessão da lucidez e da racionalidade à mesquinharia de um lucro ecocida. Petróleo tem de ser banido. Já prestou os serviços que poderia prestar. Agora é o momento de lucidez, de coerência e de se prestigiar a ciência. E é o que a economia espera.

O discurso de Klaus Schwarz, o criador do Fórum Econômico Mundial deveria ecoar na mente dos políticos que insistem na busca de substância condenada por seus maléficos efeitos. A energia eólica, a energia solar, o hidrogênio verde, é isso que deveria motivar os brasileiros quando faltam menos de sete anos para chegar a 2030, com os seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS, tão distantes ainda de nossa realidade.

Temos uma dívida imensa em relação à natureza, que não foi apenas esquecida, mas foi dizimada, flagelada, martirizada pela insanidade que acomete a política profissional em determinadas eras.

A receita pronta para a redenção econômica brasileira está disponível e nunca foi tão acessível. A exuberante e milionária biodiversidade que poderá alavancar nossa balança comercial, a partir de pesquisas e aproveitamento de valiosos insumos ainda não conhecidos e muito menos explorados.

Enquanto a ciência mundial destaca a supervalia do que ainda nos resta de cobertura vegetal, com a última grande floresta tropical do planeta, o Brasil prefere ignorar esse patrimônio ainda inóspito, que vira carvão, depois pastos estéreis para um sub-aproveitamento pecuário.

O momento excepcional para atrair os trilhões disponíveis no mundo inteiro, para estimular a transição energética e manter a floresta em pé, não parece ter sido assimilado pelo governo brasileiro. Não está levando a sério a regularização fundiária, cuja ausência escancara um território para fecunda inversão de capital e trabalho, hoje entregue à sofisticada e cada vez mais organizada criminalidade apátrida.

O Brasil não se serve daquilo que está disponível, à espera de pesquisa e aproveitamento, mas pretende explorar petróleo em área sensível e cuja poluição condenará a humanidade a um desaparecimento ainda mais rápido do que aquele que a insensatez nos prenuncia.

O atraso mental é uma doença paralisante, que cega e ensurdece o governo, incapaz de concretizar um discurso edificante, mas que se mostra frágil, tosco e contraditório, quando reconhece que é preciso prosseguir na malfadada hipótese de exploração de petróleo na foz do maior rio da Terra.

Em lugar de ceder a interesses paroquiais, da baixa política do "dá-cá, toma lá", dos compromissos nem sempre transparentes, da ilusão de royalties insignificantes diante do potencial da floresta em pé, o governo deveria ter a coragem de dizer "não" a essa aventura temerária, comprovadamente hostil à ecologia e exterminadora do nosso já comprometido amanhã.

Não à exploração petrolífera na Amazônia Legal! Sim à preservação e utilização econômica da floresta, da qual depende a sobrevivência da humanidade.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão
Em 23 05 2023





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