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Acadêmico: Gabriel Chalita As flores têm pétalas e têm espinhos. As dores não têm o poder de desautorizar os perfumes.
O meu casamento foi sábado, dia 13 de maio. Os dias que antecederam foram dias de revisitar os sentimentos que me fizeram compreender o bonito do viver junto. Fazia sol, quando o relógio marcava três horas. Eu entrei na Igreja e fui sentindo os sorrisos. Não sou de reparar nos detalhes das arrumações. Vi que havia beleza. Nas flores. Nas pessoas. No dia. Olhei para o meu pai, tão meu pai, tão meu referencial de vida. Olhei para o meu irmão, já casado, quase pai. Entrei com minha mãe. O filho caçula indo para o altar. O caminhar até o altar é um ritual de reminiscências e de esperança. É um compreender os passos que foram dados antes, e os passos que serão dados depois. Por isso, o noivo entra sem a noiva e a espera. Por isso, a noiva entra sem o noivo e o encontra. Por isso, saem juntos, caminhantes acompanhados. A música disse com mais força que atrás da porta estava ela. Então, se abriu na Igreja, nela, em mim, um novo tempo. Vanessa veio caminhando com seu pai. Uns dizem que a origem do nome Vanessa vem do latim, de Vênus, a deusa que representa a beleza e o amor. Vênus é, para os romanos, o que Afrodite é para os gregos. Para os gregos, Vanessa é uma brilhante estrela. Outros explicam o nome da mulher que eu amo como a que voa, borboleta. Não sou especializado em histórias de nomes, quero ser aprendiz da escritura, apenas, de uma linda história de amor. Vanessa e eu nos conhecemos em uma faculdade de direito. Advogamos o direito de nos autorizar um início vagaroso. Sem os solavancos dos sentimentos, tão comuns em histórias jovens. Jovens, nos permitimos a amizade. Depois, o trabalho conjunto. Depois, os olhares com outros significados. Fomos nos significando um ao outro. Ela, um dia, me contou de um sonho, não o sonho Shakespeariano de uma noite de verão, mas de muitas noites e de muitos dias de qualquer estação. As músicas do nosso casamento foram escolhidas por ela, pelo meu amor. Vanessa é uma mulher de fé. Seu voo não foi de borboleta, foi de uma brilhante estrela decidida a visitar Fátima, em Portugal, e a dizer do nosso compromisso. O nosso casamento foi sábado, dia 13 de maio. No início, eu disse 'meu'. Mas é nosso. O dia em que Nossa Senhora escolheu três pastores para revelar bondades ao mundo. Somos advogados, nós dois. Somos crentes na justiça, apesar das injustiças. Somos defensores dos que precisam de defesa. Somos cultivadores da escuta e da atenção. É do que precisaremos para não nos desviarmos do amor. O meu nome, Rodrigo, também tem alguns significados. Mas confesso que, hoje, o meu desejo é falar mais dela, da mulher que floresce tantos sentimentos lindos em mim. O sol do dia do nosso casamento aqueceu mais do que os nossos corpos. Eu acredito no sagrado milagre da permanência. Saímos da Igreja e entramos para o tempo dos plantares. As flores têm pétalas e têm espinhos. As dores não têm o poder de desautorizar os perfumes. Basta regar cotidianamente. Basta compreender o silêncio e o pensamento que precedem as palavras. Basta amar. Vanessa é a deusa da beleza e do amor. É o que traduz, em mim, seu nome, nossa história. Publicado no site do jornal O Dia, 21 de maio de 2023. voltar |
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