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EXISTEM OPÇÕES
Acadêmico: José Renato Nalini
É urgente alertar as novas gerações de que elas devem procurar outras opções de emprego. Uma delas é atuar na indústria do cinema, do audiovisual e dos games.

Existem opções

A educação convencional, embora destinada a propiciar o alcance de três objetivos para o educando, falha em quase tudo. O constituinte foi sábio ao prever, como finalidades do processo educacional, o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho - artigo 205, caput, do pacto fundante. Pleno desenvolvimento significa atingir a potencialidade possível, hoje superiormente ampliada com o acesso à fonte inesgotável de conhecimento contida nas redes sociais. A burocracia estatal parece desconhecer que nunca houve tamanha disponibilidade de informações. Continua a insistir na capacidade de memorização, adestrando o aluno a decorar. Quando ele pode obter o mesmo dado mediante um clique, só que a resposta será imediata, atualizada, colorida, musical.

Por isso o estudante do Ensino Médio prefere as ruas, os barzinhos ou o "nem-nem-nem" a ouvir aulas insossas, desatualizadas e, muita vez, ministrada por alguém desalentado e que se considera injustiçado pela remuneração indigna do magistério.

O preparo em relação à cidadania esqueceu-se do que é democracia. Não se preocupa com a ética, negligencia as competências socioemocionais e produz juventude democraticamente anêmica. A transformação da política aristotélica em profissão lucrativa - venha o lucro de onde vier - frustra o resíduo de idealismo que a mocidade poderia preservar.

A terceira finalidade da educação fala em "trabalho", não em "emprego". Este desaparece, a não ser na jurássica máquina estatal, de cujas tetas exíguas milhões de brasileiros retiram seu sustento. Para isso, a tentacular burocracia continua a prover cargos, a criar funções, a inflar setores que prestam péssimo serviço. Em regra, administração pública brasileira significa lentidão, ineficiência, complicação e sobre ela paira a inafastável presunção de ilicitude.

Milhões de jovens não sabem o que fazer depois de receber diploma. Pois estes já não servem para muita coisa. Profissões tradicionais já desapareceram e não sabem. Continuam uma sobrevida transitória, porque os tempos implacáveis as aniquilarão.

É urgente alertar as novas gerações de que elas devem procurar outras opções. Uma delas é atuar na indústria do cinema, do audiovisual e dos games. Um bom sinal, coisa de que o Brasil tanto carece nesta fase plúmbea de polarização ideológica, é o de que o setor mostrou a maior recuperação pós-pandemia em 2021. A empregabilidade foi quatro vezes maior do que a média nacional. Cada real investido no audiovisual paulista gerou mais de vinte reais, o que evidencia a importância do audiovisual para a economia brasileira.

O brasileiro sempre foi criativo, engenhoso, bem-humorado. Nessa tendência é que ele deve mergulhar, se quiser sobreviver numa era em que a Quarta Revolução Industrial extinguirá empregos. Tudo o que São Paulo produziu nessa área deve estimular aqueles moços que não se satisfazem com ocupações burocráticas, afazeres desprovidos de qualquer poder de sedução, incentivando-os a criarem games, a desenvolverem aplicativos, a fazerem seus curtas e a ambicionarem produzir filmes.

Quem se detiver na pesquisa do que São Paulo tem feito nessa área, principalmente pela atuação da SP-Cine, que integra a gestão municipal da maior megametrópole da América Latina, se entusiasmará com o nosso poder de imaginação voltado a investimentos rentáveis. Procure ver o que significou "Bob Cuspe", criação do genial Angeli, o resultado de "Marcelo, Marmelo, Martelo", de nossa querida acadêmica bandeirante Ruth Rocha, assistir a "Bom dia, Verônica" e "Sintonia", ao documentário dos Racionais e a um cardápio variado de formidáveis produções audiovisuais.

Tudo aquilo que o governo, com suas estruturas arcaicas e fossilizadas, não consegue fazer, o audiovisual o faz e com sucesso. Um exemplo é o projeto "A virada de chave", que contempla as ODS. Aulas tradicionais nunca atrairiam infância e juventude para um tema de extremo relevo e tão urgente, que dele depende a sobrevivência da aventura humana no planeta.

Jovem: procure saber o que é a SP-Cine, aproxime-se das vinte salas do Circuito SP-Cine que logo mais serão trinta, conheça o projeto "Meu Olhar", "Histórias que viajam", desenvolva o seu talento para fazer games, filmes, dedique-se a essa área. Há muitas opções abertas ao exercício de sua criatividade. Não precisa ficar nos figurinos ultrapassados e desinteressantes, pois o mundo mudou. Os velhos parecem não saber (e isso não é cronologia: a idade de cada um é mental) e vocês podem ser felizes fazendo, prazerosamente, aquilo de que mais gostam. Não pode as asas de sua imaginação! Voe em direção ao seu sonho!

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão
Em 13 02 2023



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