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Acadêmico: José Renato Nalini O ChatGPT não é um simples robô de bate-papo. Sua habilidade é produzir texto, imagem, som, valendo-se de informações fornecidas pelo usuário.
Ainda não usou o ChatGPT? Então cuidado: ele é que vai usar você. Em poucos meses, o sistema ChatGPT, que usa inteligência artificial para compor textos, imagens e vídeos, todos inéditos, superou a marca dos cem milhões de usuários. Os resultados são fantásticos. O ChatGPT é como o Judiciário: só age quando provocado. Mas enquanto decisões da Justiça podem ser imprevisíveis, a depender de inúmeras condicionantes, as respostas do ChatGPT atendem, fielmente, à solicitação do usuário. E o satisfazem superiormente àquela que poderia ter sido formulada por um humano. Por isso o desafio é fazer boas perguntas. Depende destas o teor da informação que o sistema retrucará. Por isso fala-se em uma nova profissão, que Bruno Romani chamou de "DJ de IA". Ou seja: o DJ não cria música. O que ele sabe fazer é manipular as canções já compostas, dar-lhes ritmos, combinações, de tal forma que um bom DJ faz de uma festa um sucesso ou um fiasco. Assim também o ChatGPT. Se houver uma solicitação simplória, a resposta será também simplória. Mas se houver uma indagação inteligente, o sistema poderá surpreender. Têm sido realizados testes no mundo inteiro e a máquina se mostrou mais criativa, mais engenhosa, mais original do que o humano. Quem vai usar precisa conhecer perfeitamente sua área. Só assim o sistema trará profundidade e personalidade à sua resposta. Inúmeras as utilidades do ChatGPT. Ele pode criar orçamentos e então será solicitado a pensar e a escrever como um contador. Ele pode escrever contos, então deverá "personalizar" um contista. Ou então um poeta, um romancista, um redator de peças jurídicas. Ele pode fazer tudo. E com eficiência incomparavelmente maior ao similar humano. Muitos educadores ficaram apavorados, porque agora já não é possível detectar o plágio nos trabalhos escolares, em qualquer nível de aprendizado. Por isso, os mais inteligentes facultam o uso do ChatGPT em suas aulas e não avaliam o resultado. Avaliam as questões formuladas, para apurar se o educando realmente tem noção daquilo que precisa aprender. Os que se adiantam para explorar tendências e novas possibilidades de ganho, criam verdadeiro "mercadão de prompts". Sites e plataformas que vendem pacotes de comandos. Já estão disponíveis cursos que ensinam a construir os melhores comandos. A constatação de quem teve condições de analisar a produção dos ChatGTP é unânime: os textos são corretos, não existem aqueles equívocos ou erros vernáculos tão comuns às gerações iletradas que a ineficiente educação tupiniquim tem produzido, não se consegue distinguir, de imediato, o que foi feito por humano ou pela máquina. Uma verdadeira revolução. Que mudará o ensino e o aprendizado. Pânico no setor de elaboração de dissertações e teses. Basta municiar o ChatGTP dos dados necessários e o trabalho que ele produzirá superará o maior esforço do pós-graduando nos vários anos de pesquisa e elaboração do texto. Tudo isso teve início outro dia: foi em 30 de novembro que a OpenAi, uma startup americana fundada em 2015, tornou público o ChatGPT, ferramenta poderosa que deixou para trás tudo o que se pensava ser possível no relacionamento homem/máquina. O ChatGPT não é um simples robô de bate-papo, também chamado 'chatbot'. Sua habilidade é produzir texto, imagem, som, valendo-se de informações fornecidas pelo usuário. Desde discursos de casamento, de paraninfo, de formando, orações fúnebres, tudo está no seu cardápio. Ele compõe músicas. Basta fornecer uma ou duas palavras e o resultado será surpreendente. Faz e-mails corporativos, textos jornalístico, listas de organização, código de computação. Faria, com reconhecido sucesso, uma prova de ingresso à Magistratura ou para obter outorga de delegações, um exame de OAB, qualquer prova seletiva. Ele poderia, por exemplo, redigir todo um jornal, com a dispensa dos funcionários que são encarregados de preencher os vários espaços das mídias físicas ou virtuais ainda existentes. Enquanto, até novembro último, os sistemas apenas otimizavam a rotulação de dados, a partir de então a Inteligência Artificial é capaz de gerar conteúdo inédito. Isso amplia, desmesuradamente, as potencialidades criativas da máquina. Todas as profissões que trabalham com textos serão afetadas. Educação, publicidade, jornalismo, direito são os alvos mais óbvios. As Inteligências Artificiais gerativas já estão alterando as forças geopolíticas globais. Quem viver verá. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão Em 08 02 2023 voltar |
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